Capítulo 19

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A guerra de corvos chegou ao fim.

Sem mais pactos de casamento, ou alianças. Promessas e retornos já não importava.

Uma guerra de fogo e sangue foi iniciada e aquele que sobrevivesse ao seu final seria marcado para sempre, com uma benção ou maldição.

Dizem que cada um vive o luto a sua própria maneira, ele provocava sentimentos complexos e extremamente profundos. A dor, o ódio, a negação e a culpa que ausência de um ente querido podiam causar era avassaladora, a sensação era de um enorme vazio, que nunca poderia ser esquecido ou preenchido.

10 dias se passaram desde a morte de Lucerys, a notícia estremeceu Dragonstone com o luto de uma mãe cansada de perder. A penumbra que tomou conta da ilha a envolvia em uma névoa de tristeza e escuridão, afetando a cada um de uma forma diferente.

Após o conturbado retorno de Dragonstone, Visenya se trancou em seus aposentos por dois dias. Sem conseguir comer mais do que algumas garfadas de comida, ou pregar os olhos por mais de trinta minutos por vez.
Sempre que fechava os olhos sua mente a levava de volta para aquele fatídico momento, ela se encostava em um lugar ou outro de vez em quando sendo levada pelo cansaço, mas acordava no susto, com o coração acelerado e olhos marejados.

Quando Rhaenyra soube da morte de seu filho, ela desabou. Considerou terminar a guerra naquele momento, mas Daemon a convenceu a permanecer de pé e lutar por seus direitos de nascença, com uma promessa.

Olho por olho, filho por filho. Lucerys será vingado.

Seu pai estava mais agitado do que nunca, ele voava de um lado para o outro em Caraxes mantendo os olhos em King's Landing de longe, ele ansiava por vingança, por sangue, pela guerra. Afinal ele foi como um pai para os filhos de Rhaenyra após o casamento, ele participou da crianção daqueles meninos, ele os conhecia.

Depois que finalmente conseguiu sair de seu quarto depois horas de angústia, Visenya fez o seu melhora para demonstrar seus sentimentos e condolências a sua prima, que a abraçou forte. Ela também se dedicou a passar um tempo com Rhaena, Luke era seu noivo e eles conviveram por muito tempo juntos, sua irmã estava inconsolável ansiando por poder fazer mais, por poder ajudar a vinga-lo.

Ao contrário do que a Targaryen pensava ninguém a culpou ou a condenou pelo que aconteceu, mas isso não a fazia se sentir melhor. A culpa lhe corroía a carne até os ossos como parasitas, nada e nem ninguém poderia lhe tirar aquela terrível sensação, o remorso de não ter feito o suficiente.

Nós últimos dias Rhaenyra esteve voando até às redondezas de Storm's End, procurando qualquer sinal do corpo de seu menino, sempre frustrada e derrotada. A realização só a atingiria realmente quando ela encontrasse algo para acreditar, algo para se despedir.
A ausência da rainha foi constantemente questionada em seu conselho de guerra, seus vassalos e apoiadores lamentaram o ocorrido do príncipe, mas a guerra não esperaria. Nenhum era mãe, nenhum deles poderia entender a dor dela, mas eles seriam obrigados a respeitar.

Um corvo foi enviado rumo a Winterfell solicitando o retorno do príncipe de Dragonstone, desde então todos esperavam o retorno de Jace. Visenya sabia muito bem como era receber uma notícia daquelas através de uma carta, a sensação de impotência por estar tão distante...
Ela não sabia o que iria dizer para ele, não haviam palavras suficientes no mundo que fossem fazer alguma diferença em sua dor.
A Targaryen não sabia se se seria capaz de o consolar como ele precisaria, eles estavam tão diferentes ultimamente.
Deuses suas implicâncias e natureza estranha faziam falta, ela tinha que admitir.

Visenya só desejava que Jace voasse em segurança para Dragonstone. Para casa.

Andar por aquele castelo nunca foi tão difícil, a garota pensou que tivesse se livrado dos olhares incovenientes que recebeu por toda uma vida, mas em Dragonstone eles voltaram. Desta vez refletindo algo que ela odiava, pena.
Seu quarto nunca lhe pareceu tão grande, um desperdício para apenas uma pessoa, era muito solitário ali. Ela sempre apreciou sua própria companhia e solitude, mas nos últimos dias a última pessoa que Visenya Targaryen queria ter como companhia, era ela mesma.
A garota vazia as vigílias patrulhando os céus em busca de qualquer sinal de ameaça, enquanto a rainha estivesse fora eles deveriam ter ainda mais cautela. Ela detestava pensar na idéia de Rhaenyra voando sozinha, desolada enquanto procurava... Enquanto procurava o que procurava.
A outra metade de seu tempo foi dedicada a se trancar na sala da biblioteca, ela se sentava ali e lia escritos antigos e detalhes sobre batalhas passadas. Os que sobrevivam as guerras e combates relatavam os grandes feitos de heróis e homens corajosos, líderes que comandavam nas linhas de frente dizimando milhares de inimigos, eles também falavam sobre mártires que sacrificavam por suas causas, pelo que acreditavam.

𝕯𝖗𝖆𝖌𝖔𝖓 𝕭𝖑𝖔𝖔𝖉 - HOTDOnde histórias criam vida. Descubra agora