Capítulo 5

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O navio balançava de um lado para o outro, o mar parecia revolto e agitado, mas tudo indicava que eles não demorariam a chegar em Driftmark.

Os dragões maiores Dreamfyre e Sunfyre sobrevoam acima do navio gerando sombras no convés, Soulfire os seguia enquanto trocava constantemente seu ritmo de vôo.
O rei sugeriu que ele fosse também, mesmo que Visenya ainda não montasse seu dragão, ele poderia se acostumar a voar longas distâncias assim como os outros.

Ela não tirou os olhos dele por um só segundo, com medo que ele ficasse cansado e caísse, mas Soulfire não deu nenhum sinal de que faria isso, ele parecia encantado pela liberdade de voar em um espaço tão amplo e por tanto tempo.

Era um dia nublado e isso parecia combinar com o humor de Visenya.
Ela não costumava ser sempre daquele jeito, mas ultimamente aquilo parecia apenas fazer parte dela.

Ela apesar de familiarizada, ainda estava aprendendo a lidar com a morte.

A morte é constante.

Ela poderia ser vista como uma velha, porém desconhecida amiga que marca uma visita desde o dia de seu nascimento. A morte é a única certeza que devemos ter na vida, pode surgir quando você menos espera, ou em outros casos quando você já está esperando.
Não seria a última vez que ela tiraria alguém de Visenya com uma de suas visitas, mas não deixava de ser dura e implacável.

A garota encarou o profundo oceano em sua frente, parecia barulhento e perturbador, nada como Helaena havia descrito no outro dia.

Visenya pode ver algumas de suas lágrimas se misturando aos respingos do mar, ela ainda estava lidando com tudo aquilo.

Pouco tempo depois de zarparem de King's Landing uma notícia chegou aos ouvidos de Visenya, uma triste notícia.
Sor Harwin Strong e seu pai, lorde Lyonel Strong, foram encontrados mortos em Harrenhal, vítimas de um infame incêndio que se alastrou.

Em um castelo enorme como Harrenhal, o maior nos sete reinos, não entrava na cabeça de Visenya como o incêndio foi chegar justo onde dormiam pai e filho.
Uma parte dela não queria acreditar que era real e a outra tratou de trazer Visenya de volta para a realidade, era apenas tão cruel pensar nas mortes dos Strong, o fogo não era rápido, muito menos indolor.

A garota havia perdido seu mentor e amigo, aquele que a ensinou tanto sem receber nada em troca, alguém que ela não só respeitava, ou admirava. Mas sentia um carinho profundo além de tudo.

Visenya segurou com força o cabo da adaga que havia sido um presente de Sor Harwin, infelizmente eles não poderiam concretizar aquele duelo que ele prometeu antes de partir. Não naquela vida.
As lembranças de manhãs e tardes cheias de arranhões e calos nas mãos ficaram para trás assim como Visenya, ela fez um juramento a si mesma. Jurou que daquele momento em diante ela faria de tudo para honrar as vontades ditas na carta que Harwin a deixou, aquilo seria sua motivação.

A viagem foi tranquila no geral, o mar não era o lugar ideal para um Targaryen. O lugar de um Targaryen era sobrevoando por entre as nuvens, mas assim como qualquer outro eles poderiam se adaptar.

Quando eles chegarem em Driftmark, Visenya pode finalmente ocupar sua cabeça com algo que não fosse vazio e mórbido. Ela tinha uma bela paisagem para se entreter, quase tudo era como os livros descreviam, mas pessoalmente ela poderia listar tantos outros detalhes.

Driftmark é a maior ilha da Baía de Blackwater e fica a oeste de Dragonstone, a ilha já havia sido colonizada pela família Velaryon bem antes que os Targaryen chegassem a Dragonstone. Os navios de Driftmark permitiam que os Velaryon controlassem o meio do mar estreito, antes da Conquista de Aegon.

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