Capítulo 9

1.4K 137 6
                                    

Visenya gostaria de deixar bem claro que:

Ninguém a obrigaria a ir para nenhum outro lugar sem que ela quisesse outra vez, ninguém voltaria a ditar sua vida ou suas roupas conforme quisessem.
Ela já estava farta daquilo, era sua vez de escolher o que faria, para onde e quando iria, o que vestiria e tudo o que quisesse fazer.

Fazia mais de um mês desde que ocorreram as festividades do dia de seu nome, ela se lembrava muito bem de ter demorado horas para pegar no sono, o que resultou em uma jarra de vinho ingerida, Visenya não era muito de se embebedar, na verdade eram raras as ocasiões em que ela bebia mais do que uma taça de vinho, pois diziam que não era adequado. Mas ela estava de saco cheio de ser contida e ter aprendido a se conter, se retrair e se privar de tudo o que queria.
Aquela foi uma decisão idiota, tomar uma jarra inteira de vinho quando não era acostumada, o que resultou em uma baita dor de cabeça no dia seguinte, mas foi uma decisão idiota que ela tomou.

Em relação as tarefas que ela costumava executar em seu dias no castelo, Visenya passou a encarar todas como um desafio, testando até onde poderia se arriscar, aquilo a fez ansiar por mais, a adrenalina de faltar as aulas com a septã para um vôo em seu dragão, ser vista saindo acompanhada da área de treinamento, ou até suas fugas inesperadas até a cidade.
Por mais que ela fosse constantemente repreendida pelo comportamento inadequado e comentários como, "a cada dia que passa fica tão difícil de controlar quanto o pai". Isso era bom, Daemon Targaryen não era alguém que poderia ser domado e ela o invejava por isso, queria ser como ele nesse ponto.

Tudo parecia bem.
Quase tudo...

Desde a noite no terraço Aemond e Visenya passaram a se encontrar as escondidas, abaixo de alguma escada, atrás de uma armadura ou em um canto escuro e solitário. Eles trocavam beijos e toques prolongados e quando não era possível por estarem em público, seus olhares se cruzavam dizendo aquilo que não podia ser verbalizado.
Quando estavam à vista de todos durante o dia, ambos faziam de conta que nada havia acontecido entre eles, os dois foram inteligentes por agir com casualidade.

A garota estava vivendo sua fantasia de infância e não poderia querer outra coisa, ela demorou tempo demais para aceitar seus sentimentos por Aemond e ainda mais tempo para tentar esconder isso.

A sensação de manter um segredo e algo tão escondido com ele parecia incrível para ela, apenas tornava tudo mais especial e divertido.
Os leves toques em sua mão debaixo da mesa durante o jantar, uma ação tão simples, mas que a deixava extasiada como se milhares de borboletas levantassem vôo durante a primavera, todas em um tom frio de azul que aquecia seu interior.
Aquela era a coisa deles.

Naquele momento ele estava bem ali, diante dela e Visenya já não podia esperar pela próxima vez em que o veria.

Depois de um longo tempo encarando ela, Aemond finalmente disse algo.

— Você poderia aceitar aquilo que propus...— Divagou ele enquanto colocava uma mecha do longo cabelo de Visenya por trás da orelha da mesma.

— Eu já te disse um milhão de vezes que você monta o seu dragão e eu o meu. — Ela bufou fingindo uma falsa irritação. — Aliás, não acho que Vhagar vá apreciar uma segunda montadora, ela parece ser bem ciumenta quando se trata de você. — Pontuou.

Ela também era ciumenta com seu jantar, mas Visenya preferiu não comentar.

— E eu já te pedi um milhão de vezes para me acompanhar em um passeio na Vhagar. — Seu sorriso brincalhão era visível. — Ela não é ciumenta, apenas territorial como a maioria dos dragões e isso incluí o seu.

A garota soltou uma gargalhada, mas logo se lembrou de que ninguém deveria ouvir sua risada tarde da noite.
Ela olhou para os dois lados do corredor notando nada mais além de silêncio e um corredor vazio, então ela relaxou.

𝕯𝖗𝖆𝖌𝖔𝖓 𝕭𝖑𝖔𝖔𝖉 - HOTDOnde histórias criam vida. Descubra agora