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_ Ele é todo cheio de mistério. Eu o conheço a meses e não sei quase nada sobre ele. _ reclamei com a Desteny _ mas ele sabe tudo sobre mim _ fechei meu armário.

_ Você ainda não conhece os pais dele?_ ela perguntou fechando o dela após colocar seus livros e cadernos.

_ Não, você acredita? Ele não me diz absolutamente nada sobre ele. Até agora, eu só sei onde ele trabalha.

_ Ele não veio hoje _ Desteny constatou _ em plena segunda feira.

_ Pois é. Também achei estranho. Tudo bem que ele nunca foi de estar sempre na escola, mas ele nunca falta às segundas feiras.

_ E se você for lá onde ele trabalha? Tenho a certeza que vai encontrar ele lá _ ela sugeriu.

Eu pensei seriamente no que ela me falou e decidi que iria sim. Eu iria descobrir mais sobre ele quer ele quisesse quer não.

Quando cheguei em casa, tomei um banho e me troquei; colocando um vestido vermelho de alças finas que se amarravam nos ombros e um par de tênis Vans. Fiz um afro puff no cabelo, peguei minha mochila da Alegria de Divertidamente e saí, rumando até o ponto de ônibus.

Algo dentro de mim me dizia que não era uma boa ideia. Que eu não devia ir lá e atrapalhar ele. Mas outra parte me dizia que eu precisava desvenda-lo.

Quando cheguei na bomba de gasolina, logo o vi. Um chapéu preto, blusa do uniforme também preta e como quase sempre: a cara amarrada.

Sem que ele me visse, corri até a loja de conveniência fingir que fui pra lá comprar alguma coisa. Paguei por um refrigerante e quando estava ainda em pé no caixa, recebi uma mensagem.

_Eu vi você, Valery.

Bufei. Eu deveria saber que não iria conseguir passar despercebida com essa mochila amarela.

Saí da loja com o refrigerante em minhas mãos e o vi conversando com o colega enquanto olhava pra mim pelo canto do olho.

Logo, ele veio até mim e me puxou pra trás da loja, me colocando contra a parede.

Ele me olhou de cima a baixo durante alguns segundos. Pude ver o canto da sua boca rasgar em um sorriso curto.

Ele tirou o refrigerante das minhas mãos e com os olhos ainda fixos nos meus, colocou na lata de lixo próxima a nós.

_ Ei!

_ Refrigerante faz mal ao coração, você devia saber disso. Além disso, sua medicação não combina com a quantidade exorbitante de açúcar e nitrogênio contida em uma garrafa de refrigerante.

_ Ahn tá.

_ O que você veio fazer aqui?

_ Ué, eu tava passando, vi a loja de conveniência e quis comprar algo pra beber. Não tem nada a ver com você. Você acredita que eu nem sabia que você trabalhava aqui?

Ele me encarou calado com a sobracelha arqueada.

_ Você espera mesmo que eu acredite nisso?

_ Tá. Eu vim porque fiquei preocupada. Você não foi pra escola e eu achei estranho. _ cruzei os braços.

_ Não estava com cabeça. Desculpa não ter te avisado _ desviou seu olhar do meu me fazendo abrir um sorriso.

Ele pediu desculpas!

_ Está desculpado.

Ele assentiu.

_ Você está linda. _ele disse baixinho.

_ Obrigada _ dei uma volta _ sou a preta mais linda que você já viu, né?

_ Se você está dizendo _ ele deu com os ombros e eu ri. _ eu vou sair daqui a trinta minutos. Quer esperar?

_ Com certeza. Será um prazer ver você trabalhando e te ajudar.

_ Me ajudar? Nem pensar. Você vai ficar sentada me esperando.

_ Nãooo. Não quero ser uma inútil. _ resmunguei abanando os ombros.

_ Você me ajudará ficando sentada e completamente parada.

Dei com os ombros.

_ Ok.

_ Vem _ ele me puxou de volta pra perto da loja e me colocou sentada numa moto.

_ É sua? _ perguntei

_ Sim. Fica aqui, Valery.

_ Está bem, Vinnie.

Óbvio que eu não fiquei parada.

Eu tinha na minha mochila vários doces e autocolantes. Tive a brilhante ideia de colocar autocolantes felizes em cada docinho e oferecer pra cada pessoa que viesse abastecer o carro no lado do Vinnie e recomendar que fosse até a loja de conveniência.

_ Oiii _ passei na frente do Vinnie e parei no vidro do carro que estava abaixado pois o cliente tinha acabado de pagar.

_ Valery! _ ignorei o resmungo insatisfeito do Vinnie.

_ Como você está? _ perguntei para a senhora no volante.

_ Estressada _ ele foi curta.

_ Bom, eu tenho isso pra você _ entreguei a ela uma barra de chocolates com o autocolante e ela deu um breve sorriso. _ tenha um bom dia e não se esqueça de sorrir. Ah, e se quiser mais desse, a loja de conveniencia tá com preços ótimos.

_ Obrigada, querida. _ ela sorriu com os olhos formando linhas de expressão e estacionou perto da loja, entrando logo depois de desligar o carro já abastecido.

_ O que você pensa que tá fazendo? _ Vinnie perguntou com os olhos arregalados.

_ Xiu, mais um cliente.

E assim foi pelos próximos trinta minutos. Por incrível que pareça, a pequena propaganda que eu fiz atraiu mais pessoas e segundo o próprio Vinnie, eles lucraram mais em trinta minutos do que alguma vez lucraram em duas horas.

_ Viu? Tava menosprezando minhas habilidades de cativação. _ sorri pra ele quando ele subiu na moto.

_ Você tinha razão _ ele murmurou.

_ Ah, desculpa. Não consegui ouvir. _ fingi.

_ Você estava certa _ ele revirou os olhos e me entregou um dos capacetes.

_ Obrigada _ subi na moto e coloquei o capacete.

_Você vai ficar bem? _ ele perguntou e eu assenti. _ Ok.


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Todo O Sangue Que Meu Coração Não Pôde BombearOnde histórias criam vida. Descubra agora