𝐌𝐞𝐥𝐥𝐨𝐫𝐢𝐧𝐞... [ 𝑺𝒂𝒏𝒋𝒊 & 𝒔/𝒏 ] 🏴‍☠️

Alívio

Sanji POV'S *

Já havia se passado dois dias desde aquele fatídico dia. O espadachim ainda se encontrava em estado comatoso, o único sinal de vida era o subir e descer hesitante de seu peito enquanto respirava com dificuldade. Zoe não tinha saído nem por um segundo do lado do irmão, só comendo quando eu cozinhava algo e levava a ela.

São por volta de 1:00 da manhã, e observo a esverdeada sentada ao lado da cama em que seu irmão se encontrava. Seu olhar está distante, e há leves olheiras embaixo de suas orbes castanhas; já faz trinta minutos que o silêncio predomina, e o único som são os de nossas respirações, mal podendo ser ouvidas.

Ainda me lembro de cada detalhe: as lágrimas escorrendo de seus olhos, o tremor, a dificuldade para puxar o ar para os pulmões, as unhas encravadas na pele macia, os soluços contra meu peito. Foi a primeira fez que presenciei uma crise de ansiedade, e lembro de como aquele sentimento que vinha de Zoe era palpável;

Solto a fumaça do cigarro pelo nariz e boca num suspiro, me desencostando da parede e indo para mais próximo da menor.

- Hm? - Um leve murmúrio sai de sua garganta, seu olhar voltando para o momento presente.

Não digo nada, apenas me sento ao lado da mesma e a puxo delicadamente para o meu colo, acariciando as madeixas onduladas. Vejo seu rosto tomar uma expressão confusa, mas ela não se afasta, aos poucos se derretendo em meu braço como uma criança ao encostar a cabeça em meu peito.

- Como está se sentindo, Srta. Zoe? - Sussurro, sem interromper a carícia.

- Agora?

- Sim.

- Reconfortada. - Ela suspira, expirando levemente em meu pescoço e causando-me um leve tremor.

- Foi a intenção. - Sussurro contra o cabelo esverdeado, depositando um beijo no alto da cabeça da mesma após dizer isso e inspiro o aroma agradável entranhado nas mechas.

A esverdeada se aconchega em meu colo, fechando os olhos, e coloco uma mecha rebelde atrás da orelha de mesma, minha mão se demorando em sua bochecha ao acariciar a pele macia; aos poucos sinto seu corpo relaxar mais e mais sobre o meu, até está totalmente desligado. É a primeira vez que Zoe dorme nesses dois dias, e enquanto continuo acariciando-a finalmente paro pra pensar em tudo o que houve desde o momento em que nossos olhares se cruzaram pela primeira vez.

Está claro que Roronoa Zoe não é qualquer mulher. Talvez porque as outras mulheres nunca foram nem minimamente receptivas ao meu cortejo, talvez por sua personalidade forte, talvez pela beleza incomparável aos meus olhos, mas essa mulher não mexe comigo da mesma forma que as outras. Ela mexe comigo de forma diferente. De forma mais profunda, acho eu.

Sendo bem franco, eu nunca me apaixonei realmente por alguma mulher. Minhas paixões sempre foram como dentes-de-leão expostos ao vento: voavam para um lugar longe de meu coração, rapidamente esquecidas, superficiais; creio que isso não é e nunca será amor, até porque eu acredito que o amor é algo forte, inquebrável.

Eu não consigo olhar Zoe com aqueles olhos pervertidos, não consigo admira-la principalmente por suas curvas. Eu admito absolutamente tudo nessa mulher.

Ao mesmo tempo, não é algo totalmente consistente, provavelmente porque acabamos de nos conhecer - outra prova de que Zoe é diferente, já que tempo de convivência nunca foi algo que me impediu de "me apaixonar".

Suspiro, dando batidinhas no cigarro com a mão livre para descartar as cinzas enquanto acaricio a menor com a outra mão. E enquanto penso nisso tudo, meus olhos começam a pesar, até que meu corpo se desliga.

Quebra de tempo - 10:24 AM

Acordo com Zoe se aconchegando inconsciente e confortavelmente em meu colo e sentindo a respiração lenta e sonolenta em meu peito, me fazendo estremecer levemente.

- Srta. Zoe? - Sussurro, colocando uma mecha rebelde atrás da orelha da mesma. Ela se remexe suavemente, se recusando a acordar, e solta um suspiro inconsciente enquanto admiro seu rosto adormecido.

- Mas que palhaçada é essa, Zoe?... - Uma voz sonolenta, mal humorada e nada feminina murmura. E um segundo depois tudo aconteceu muito rápido:

Eu me virei em direção à voz, percebendo que o espadachim tinha finalmente acordado. Zoe acordou e se levantou de forma tão automática e rápida que nem parecia que tinha dormido feito pedra por horas. A esverdeada praticamente voou pra cima do ressuscitado. E eu? Simplesmente observei a cena perplexo.

Zoe POV'S *

- EU. VOU. MATAR. VOCÊ! - Eu dizia cada palavra entre cada tapa que eu acertava em Zoro, logo depois de praticamente montar encima dele. -EU. PENSEI. QUE. VOCÊ. FOSSE. MORRER!

- Ai, cala a boca! - Ele segura minhas duas mãos, emburrado. - Eu só tava tirando um cochilo...e parece que nem isso eu posso fazer, que você já se solta né?

- O que você tá querendo insinuar? E COCHILO DE DOIS DIAS NÃO É COCHILO! - Zoro ainda segurava firmemente minhas mãos, evitando qualquer outro tapa.

- Ah, me fale você...ou me fale você aí, cozinheiro. - Ele olha de cara feia para Sanji, que rapidamente fecha a cara de volta.

- Acha mesmo que eu sou descarado a ponto de tentar me aproveitar da fragilidade da Srta. Zoe para meu próprio prazer? - O loiro rebate de imediato, falando sem nenhum resquício de humor.

- Hm, eu não duvido nada vindo de um cara como você,  não pode ver um rabo de saia que já arrasta asa.

- E quem disse que a Srta. Zoe é mais um "rabo de saia"?

A frase de Sanji e meu olhar cortante sobre o esverdeado o faz calar a boca. A essa altura eu já teria saído de cima de Zoro, em pé ao lado da cama.

- É sério? Você acaba de voltar da morte e tá brigando com o Sanji por cuidar de mim? E se eu realmente estivesse tendo algo com ele, você ia fazer o que?

Depois da última frase, os dois viram os olhares para mim: um com raiva, um em choque.

- Foi só uma situação hipotética. - Me corrijo rapidamente, o rubor subindo ao meu rosto por algum motivo que eu não consigo entender. Essa situação hipotética, será que...

Eu queria que ela fosse real?

To Be Continued...