CONFUSÃO

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Noah despertou com uma dor absurda na cabeça, resultado de uma noite regada a doses generosas de uísque e conversas superficiais. Os flashes da última noite eram como peças soltas de um quebra-cabeça, difíceis de juntar em uma narrativa certa. O despertador piscava, lembrando-o de que estava atrasado para mais um dia na empresa onde trabalhava.

Arrastou-se para fora da cama com um suspiro pesado, ignorando o nó que se formava em seu estômago. Vestiu-se automaticamente, mal lembrando como tinha chegado em casa na noite anterior. O trajeto até o escritório foi um borrão de luzes ofuscantes e rostos desconhecidos, enquanto tentava reunir os fragmentos de sua dignidade para enfrentar mais um dia de relatórios e prazos apertados.

Ao adentrar na sala de trabalho, Noah foi recebido pelo zumbido familiar dos computadores e o cheiro de café fresco misturado com papel impresso. A temperatura artificialmente fresca do ar-condicionado contrastava com o calor sufocante que dominava a cidade lá fora. Sentou-se em sua mesa, tentando concentrar-se nos emails acumulados, mas seu desempenho estava visivelmente abaixo do esperado.

Sina, sua confidente colega de trabalho, como ele dizia naquele momento, notou imediatamente sua condição. Ela conhecia os sinais tão bem quanto conhecia a si mesma. Decidiu, então, animar seu dia trazendo-lhe seu café da manhã favorito do café ao lado.

— Noah, você parece um zumbi hoje — disse Sina, colocando o café e um croissant na mesa dele. — O que aconteceu?

— Longa noite, Sina. Nada que você precise se preocupar — respondeu Noah, tentando sorrir, mas o cansaço e a tristeza eram evidentes em seus olhos.

— Sabe que pode me contar qualquer coisa, certo? — Sina insistiu, sentando-se na beira da mesa dele. — Estamos nisso juntos.

Noah agradeceu com um sorriso fraco, tentando mascarar a tormenta interior que o consumia. No entanto, ao provar a primeira garfada do croissant, o sabor que antes lhe trazia conforto pareceu desvanecer-se em meio ao vazio que sentia.

Nos dias seguintes, Sina começou a sugerir a Noah que ele se juntasse a ela nos encontros com Lucas, seu novo interesse amoroso. Noah não queria, dividido entre o desejo de apoiar sua amiga e o tormento de ver a mulher que secretamente amava ao lado de outro homem. Ele sabia que seu coração ainda pertencia a Sina desde os dias de adolescência, quando suas risadas ecoavam nos corredores da escola.

— Noah, vem com a gente hoje à noite. Vai ser divertido — Sina disse com um sorriso, seus olhos brilhando de expectativa.

— Sina, eu não sei se... — Noah começou, mas foi interrompido pela insistência dela.

— Por favor, Noah. Vai ser bom ter você por perto. Ele quer te conhecer melhor — ela argumentou, segurando a mão dele brevemente.

Contra seus próprios instintos, Noah acabou concordando em acompanhar Sina nos encontros com Lucas. Inicialmente, tentou mostrar-se amigável e acolhedor, mas cada sorriso forçado escondia uma ferida que pulsava cada vez mais forte. À medida que os encontros se tornavam mais frequentes — mais de seis por mês, como uma obrigação que ele não podia recusar — Noah sentia-se cada vez mais deslocado e angustiado.

— Cara, você tá bem? — perguntou Lucas em um dos encontros, notando a expressão abatida de Noah. — Parece que não tá curtindo muito isso aqui.

— Tá tudo bem, só estou cansado — mentiu Noah, forçando um sorriso. — Muito trabalho na empresa.

Após um dos encontros mais difíceis, onde viu Lucas tentar beijar Sina ao se despedirem, Noah perdeu a compostura. Uma onda de ciúmes e frustração o consumiu, fazendo com que agisse impulsivamente: jogou um guardanapo em Lamar enquanto este se afastava, deixando claro seu descontentamento com a situação.

The bride's best friend~ NOARTOnde histórias criam vida. Descubra agora