Princesa da Luz 👑

CAPÍTULO 30 - UM PROPÓSITO

Minhas amigas já tinham uma ideia do que aconteceu entre mim e o príncipe ao ponto de irmos para a cama. Agora tudo estava prestes a mudar. O príncipe caminhou mais um pouco a frente e sorriu.

— Foi muito difícil decidir diante de jovens tão bonitas e talentosas. O tempo que passamos juntos foi pessoalmente satisfatório, seu que manteremos alianças que beneficiarão todos os Treze Reinos. Me sinto honrado por conhecê-las... — ele pigarreou. Parecia nervoso — Vocês deixarão lembranças difíceis de esquecer. — Senti seus olhos marejarem, ele piscou para aliviar, parecia estar se lembrando de mim. — É por isso que agora escolho...

O silêncio parecia vazio, todos encaravam Lucas. As batidas do coração pareciam tambores ecoando pelo salão. Todos estavam tão concentrados no pedestal que não notamos o sangue que invadia a sala por debaixo da porta até esta ser arremessada numa explosão, seguida de um estrondo vindo do chão, lascas de madeira e pedregulhos voaram em todas as direções. Um me atingiu a cabeça e cai no chão antes de perceber o que acontecia, meu ouvido zumbiu e ao tentar abrir os olhos tudo no salão girava. Estava tudo quieto, coberto de poeira. Alguém me agarrou pelo braço.

— Selena, acorda! Temos que sair daqui! — ouvi a voz de Dy.

Ele me ergueu pelo braço. Minha cabeça doía e meu cabelo estava sujo, a coroa voou para algum lugar.

— Mas que raios est... – Comecei a dizer, mas parei ao ver Margot caída no chão com os olhos vítreos e um pedaço afiado de madeira enfiado abaixo do seio direito, ela ainda respirava, mas perdia muito sangue. Olhei em volta. Outros estavam no chão feridos, criados e guardas. Procurei Bell, Ivy e Gregória, mas elas não estavam aqui.

– O que está acontecendo?

— Um ataque em massa — respondeu ele — Vamos arrumar um esconderijo — ele disse.

— E essas pessoas? — perguntei imediatamente retirando as sandálias, mas não o segui quando vi tanta gente no chão — Continuam vivas. Vamos deixá-las?

Dylan pegou novamente meu braço e me puxou. Então um homem apareceu na nossa frente, tinha pele negra e cabelos loiros. Ele embainhou a espada e Dy fez o mesmo.

— Sele, saia daqui.

— E perder essa luta? — perguntei já com os punhos erguidos e fechados.

Como nos velhos tempos, Dy e eu partimos para cima do grandalhão. A espada de Dy encontrou a dele, aproveitei a distração e chutei o seu braço, mas ele não cedeu. Era forte. A espada de Dy vacilou e caiu, corri para pegá-la e ergui-a. O homem jogou sua espada em mim, girei para o lado e me desviei. Sorri para ele.

— Selena, cuidado! — Dy gritou e me empurrou.

A espada voltou sozinha como um bumerangue. O homem controlava o metal. Cai com o quadril acertando primeiro o chão e vi Dy também cair, mas com uma espada cravada nas costas.

— DYLAN!! — gritei e engatinhei até ele — DY! DY!

A espada estava atravessada e Dy estava desmaiando. Não, não!

— Dy! — chamei-o novamente — Não durma, por favor!

Olhei para o homem que agora vinha até mim, encarei-o. Ele feriu Dylan. Criei raízes negras de espinhos, o homem parou assustado, observando as raízes brotarem do chão. Antes que ele pudesse perguntar algo, elas se lançaram sobre ele e perfuraram todo o seu corpo, inclusive o coração que senti quando parou. Arrastei Dy para um canto e o escondi, senti quando minhas sombras retornaram informando que meu pai já estava a caminho, usei-as para retirar a espada de Dy sem piorar o sangramento e improvisei um curativo para estancar o sangue. Minha mão estava suja com seu sangue. Acariciei seus cabelos numa oração silenciosa. Você não morrerá. Então me levantei e sequei os olhos.

Peguei a espada e saí pelos fundos, tentei não reparar em Margot caída... justamente ela, então me lembrei do que Camila me disse, ela sabia que a qualquer hora a união estaria preparada. Olhei para um dos jardins, uma batalha se travava em baixo. Corri por pequenos corredores, cortando quem estava no caminho até que parei diante dela...

— Josie — falei.

Ela deu um sorriso. Usava um rabo de cavalo trançado e uma túnica dourada.

— Leozinho... — comecei.

— Está seguro conosco e sente falta de você — ela se adiantou.

— Vocês vieram impedir a coroação, mas a princesa nem foi escolhida... e se não fosse ela...

Ela deu um suspiro.

— Não seria você, Selena — ela disse — Ele escolheu o reino.

— Não tem como você saber — falei sentindo o ódio subir a pele.

— Só um "eu te amo" não basta, é preciso atitudes, e reconhecer aquilo que é o certo a se fazer – ela explicou — Preciso ir, tenho uma causa pela qual lutar.

Permaneci com a espada abaixada em sinal de redenção. Será que os rebeldes pensavam também em me fazer rainha? Bem, era uma opção melhor que ter Margot no trono. Me perguntei onde estava a família real.

Continuei caminhando. Não precisei usar a espada, eu não queria matá-los, só se machucassem alguns dos meus amigos. Eu precisava encontrar todos. Por que foram embora e me deixaram lá? E também a Margot. Apenas Dy havia voltado. Ele que agora estava ferido e precisava de ajuda. Eu precisava da ajuda de alguém. Nos arredores avistei Zack e Bell abaixados em um canto, debaixo de uma mesa.

— Pessoal, estão bem? — perguntei assim que cheguei correndo até eles.

— Por enquanto — respondeu Zack com um abajur na mão.

— Onde está Annie?

— Nos fundos dos jardins, planejam sair do castelo e seguir para o palácio das nuvens.

— O quê? Vão deixar os outros aqui? — perguntei.

— Estão protegendo a futura rainha, Despina — Bell disse.

Cerrei os punhos. Camila se esqueceu de Despina, a fria, calculista e silenciosa princesa do gelo. Seira uma opção substituível a Margot?

— E Camila?

— Camila é uma rebelde, Selena! Está lutando contra nós — bradou Zack.

Meus braços estavam invertes ao lado do corpo. Josie estava lutando, agora Camila. A família real estava fugindo. Annie deixou Dylan para trás. Lucas me deixou. Estendi a espada para Zack. Ele me olhou sem entender.

— Não preciso dela. Proteja Bell. — falei e ele pegou a espada.

Eu já sei do que preciso, preciso de uma causa pela qual valesse a pena lutar.