CAPÍTULO 2 - UM AMIGO

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Depois de um tempo no meu quarto, calcei as botas e sai ligeiramente, ouvi vozes vindo do quarto de Johnny e Cindy, me aproximei um pouco e encostei o ouvido na porta.

– É uma decisão dela, não podemos fazer nada – ele disse.

– Eu sei, mas me apeguei tanto a ela.

A voz de Cindy estava baixa, não consegui ouvir mais ela soluçava e falava ao mesmo tempo. Como ainda estavam acordados, era arriscado sair pela porta. Voltei ao meu quarto. Abri a janela e pulei. Não era a primeira vez que fazia isso, então nem me machuquei. Realmente estava frio. Não vou voltar para buscar casaco, espero que meu vestido baste. Andei com passos rápidos até um beco perto do cais, longe dos guardas noturnos. Ali, abri um portal e fui direto para a Cova.

 Ali, abri um portal e fui direto para a Cova

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Era incrível como aquele lugar nunca mudava. Aposto que meu pai nem tentou cuidar do meu jardim. O meu próprio pedacinho nessa ilha fétida, minha plantação de rosas negras. Achei algumas um dia na floresta e replantei, passei minha adolescência plantando rosas. Não pensei que durariam tanto, mas parece que elas sorriam ao meu toque e cresciam lindamente. Atravessei a ponte observando o lago, notei que não havia lua no céu hoje. Era uma noite escura. As portas do castelo se abriram para mim e entrei. Segui para a sala do trono, meu pai estava lá, na pose de rei Sombrio, bem que adivinhei.

– Pai! – chamei. Ele direcionou os olhos para mim. Não disse nada, então me aproximei.

– Trouxe o livro? – ele perguntou. Com o cotovelo apoiado no braço do trono e a cabeça apoiada no punho.

– Boa noite para você também. E não, não trouxe. Ele se sentou de forma ereta.

– Então o que está fazendo aqui?

– Oxi, para fazer uma visita apenas, caso não tenha notado a Cova também me pertence.

Ele se levantou e desceu os degraus. Observei seu rosto um pouco pálido, os lábios de um vermelho vivo, já não tinha cabelos direito na cabeça. Ele mudou desde a última vez que nos vimos. Mas ele ainda tinha músculos e sua postura de rei.

– O que está acontecendo, Selena?

– Vou para o castelo dos Arqueiros amanhã. Achei que o senhor gostaria de saber que ficarei mais perto do livro agora.

– Não se precipite – aconselhou o homem que queria que eu já tivesse pegado o livro.

Assenti, então ele se aproximou e me abraçou de leve.

– Venha, preciso te dar uma coisa.

Eu o segui até uma sala com prateleiras cheias de caixas. Indo até uma ele retirou algo dobrado grosso de veludo marrom, era uma bolsa. Uma bolsa média, com uma alça, mas que cabia tudo dentro e só eu saberia como tirar, pois as coisas responderiam ao meu toque.

– Quando precisa falar comigo, é só abrir a bolsa e me chamar, um espelho virá até sua mão.

Apertei a bolsa com força contra o peito. As paredes escuras do castelo erguiam-se ao redor, abafando os pensamentos, o piso parecia ser de vidro negro e refletia os vitrais do teto e das janelas e o lustre decorativo. Meu pai voltou a sua sala e eu segui para fora, para o meu jardim, ao chegar, notei que quase todas as rosas negras estavam secas. Agachei-me entre elas e coloquei a mão no solo, ele brilhou, lancei meu poder por ele e as rosas se ergueram novamente.

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