Fazendo chover

205 24 2
                                    

   Melina estava dormindo, quando chegaram à Londres, seu rosto estava escorado na janela fria do avião, a noite havia acabado de cair e parecia que estava prestes a chover. Ela acordou ao vislumbrar um flash de luz que vinha do London eye. Ela sorriu e se aproximou mais da janela.

- O que foi?- Jack perguntou, sentado ao lado dela.

- Eu sempre sonhei em vir para Londres, só não pensei que seria assim.

- Talvez um dia, a gente possa vir aqui, sozinhos. Sem os cavaleiros.

  Melina encostou a cabeça no ombro de Jack, que repousou sua cabeça sob a dela também.

-É uma boa ideia.- Ela declarou e segurou na mão dele. - Veja, estamos aterrisando, aquilo é o Big Ben?

  Jack riu do entusiasmo dela.

-Venham, vamos preparar o show.- Dylan os chamou.

   Os cavaleiros ficaram em uma espécie de sede do olho  em Londres, enquanto dividiam suas tarefas, cada um deveria ir para um ponto turístico e fazer seu show, no final á 00:00 se juntariam no Tamisa, para fechar com chave de ouro.

Era hora de ir e todos eles estavam prontos, Melina bebeu uma dose de um licor que ela encontrou em uma estante e já estava sentindo como se pudesse pular em um rio de novo, ela estava mais relaxada agora, colocou um casaco vermelho e saiu, logo atrás de Merrit, mas Jack agarrou seu braço. Ela olhou para ele sem entender.

-Eu devia ter dito isso desde o dia no parque.- Jack começou.- Eu te amo, Melina.

Ela continuou com uma expressão de dúvida no rosto. Como ele a segurava pelo braço ela não estava de frente para ele, Melina se virou para Wilder.

-Que declaração fora de hora.

-Com esse estilo de vida, é melhor prevenir.- Ele riu.- Pelo menos eu preciso saber que eu disse isso para você.

O olhar dela finalmente suavizou, um sorriso surgiu em seus lábios e ela puxou Jack para um beijo, dessa vez ela não teve pressa, por mais que soubesse que um show a esperava, ela preferia estar presente de corpo e alma naquele momento.

-Eu também te amo, Jack Wilder.

Ele sorriu e a beijou de novo.

-Mas o que...? Não é hora para isso, anda chapéuzinho vermelho, você tem que ir, estamos trabalhando.- Daniel os separou.

Como os pontos turísticos estavam muito restritos, algum cavaleiro teria que dividir o show e Melina e Daniel foram juntos, a ideia do truque foi dela então o crédito também deveria ser dela, eles passaram despercebidos pela multidão, usando o capuz da capa de chuva.

Pelo ponto no ouvido de cada um dos cavaleiros, eles se comunicavam e dava para ouvir a plateia, Jack e Lula já estavam se apresentando

- Merritt está tudo bem por aí?- Melina perguntou.

-Está, estou indo agora para meu ponto de apresentação.

-Tem certeza?

-Alguém já te disse que você é muito paranoica?

-Não na minha frente, por que? Alguém te disse algo.- Melina riu.

-Beijar faz bem para o humor?- Daniel perguntou, atravessando a rua.

-Hum?

- É a primeira vez que vejo você com uma expressão suave desde Macau.

- Não sei se foi o beijo ou o licor.- Melina admitiu.

Eles pararam, lado a lado, no meio de uma multidão com guarda-chuvas, um holofote surgiu sob eles.

-Parece que nos acharam.- Melina disse, atraindo o olhar do público.

  Todos começaram a gritar e aplaudir, Daniel e Melina sorriram, há muito tempo estavam longe do público caloroso e caramba, a sensação era muito boa. Atlas limpou a garganta.

- Já me disseram que sou muito controlador. Mas descobri que é muito difícil controlar pessoas, então vou controlar o clima. Só Deus faz chover, então vou só fazer a chuva parar no ar.- Ele estendeu a mão.

  Melina deu um passo para trás, dando espaço para Atlas.

  As gotas que caiam congelaram, atraindo a animação do público, muitos filmavam, tocavam as gotas e abriam a boca espantados.

-E fazer a chuva subir?- Daniel levantou a mão.

E as gotas fizeram o mesmo.

-Isso é muito fácil, Daniel.- Melina empurrou ele para o lado.- E seu eu simplesmente... mexer em tudo?- Melina gesticulou com as mãos.

E algumas gotas levantaram, outras giravam, algumas ainda estavam paradas e o público se admirava cada vez mais. Melina desceu as mãos, fazendo a chuva voltar a cair.

-Fizemos isso com máquinas de chuva e um pouco de luz.- Atlas explicou.

- Esperamos que tenham prestado atenção, porque vão precisar de tudo isso para o número final.-Melina declarou.

Os dois se deitaram na calçada, mas só suas capas de chuva restaram.
Enquanto o público estava maravilhado com isso, Chase e Atlas corriam até o encontro dos outros.

- Como foi que acharam a gente de novo?- Atlas perguntou,correndo pela rua.

- Não faz mal, vamos direto para o final.- Dylan acalmou.

-Perai e a Lula?- Melina perguntou.

-Tô aqui.

- O que aconteceu?- Jack perguntou.

-A droga do meu irmão.- Merritt declarou.

  Todos colocaram o capacete e subiram em suas motos.

-Lula e Melina, sabem andar nisso?- Rhodes perguntou.

- Eu sei andar.- Lula disse.

-Pergunta para os homens também ou só para nós? - Melina ajeitou o retrovisor.

Jack saiu na frente, mas logo caiu, os carros dos caras do Walter o cercaram. Melina sentiu um arrepio.

Dylan, Lula e Daniel foram atrás dele. Mas Melina ficou para atrás, ensinando Merritt a pilotar.

-Freio, acelerador.- Ele apontou.- Quer saber? Sobe na minha garupa.

Merritt subiu e Melina acelerou, mas teve que diminuir a velocidade bruscamente, derrapando a moto. Fazendo com que ela e McKinney caíssem também.

- Isso é muito perigoso.- Merritt ainda estava agarrado a ela, de olhos fechados.

- Merritt pode me soltar.

Mais uma vez os cavaleiros foram pegos e jogados em um caminhão e mais uma vez, Chase implicava com eles.

-Eu vejo.- Ele apontou para os cavaleiros.- Medo, medo, raiva, medo, raiva e raiva.

- Já chega.- Arthur Tressler disse.

  Melina estava começando a achar que os mortos e socialmente mortos deviam continuar assim, vivos eles só davam dor de cabeça, exceto por Jack.

-Estão com uma coisa que eu exijo.- Walter disse.- Passe pra cá.

  Ninguém se moveu, todos mantinham uma expressão sonsa no rosto.

De repente o caminhão parou.

-Peguem eles, antes que façam alguma coisa.- Tressler ordenou.- E tire essa luz da minha cara.

Havia muita luz, e grandes coisas cobertas por panos, sendo arrastadas pelo piso.

Melina era quem estava mais perto da porta, então foi levada primeiro, puxaram ela com força para fora do caminhão e colocaram-na sentada em um assento do jatinho de Arthur, os outros também foram levados até lá.

-Mesmo tentando ser imprevisíveis, sempre seguem o mesmo padrão. - Walter provocou.- Isso torna tudo muito fácil.

Meu Ás- O segundo ato Onde histórias criam vida. Descubra agora