Heitor Borgov
A ideia da festa era durar até pela manhã, mas tudo foi por agua abaixo quando a policia apareceu. O que eu soube por alto é que haviam traficantes na casa, o carro deles estava lotado de drogas e... Acabou que foi gritaria, correria e muita bagunça.
Achei divertido. Não tenho mais idade pra isso, estava ali pra tocar com a banda e não me drogar e curtir feito um adolescente, mas foi divertido ver tudo aquilo.
No meio da algazarra eu estava rindo e guardando minha guitarra calmamente.
Agora olho o relógio, são três da manhã.
O casarão está uma bagunça, tem copos por todo lugar, ao caminhar até a escada quase piso numa camisinha usada.
Balanço a cabeça.
O lugar também fede a uma mistura de vomito e bebida, agora estou sozinho. Os meninos me ajudaram a expulsar quem continuava pela casa e logo foram embora, alegaram não aguentar mais cinco minutos numa cidade que nem tinha poste de luz direito.
Mas foi bom.
Foi muito foda.
Sentir a guitarra novamente, escutar nosso som, parecia que estávamos sozinhos ensaiando, como no inicio de nossa carreira. O combinado foi comunicar a imprensa que a banda entrou de férias, mas o que saiu nas paginas dos fãs foi um suposto rumor de que eu teria sofrido uma overdose e agora estava numa clinica de reabilitação.
O que me fez rir.
Minha ultima overdose foi aos 20 anos.
Tiro minha camisa assim que chego no quarto, preciso de um banho e dormir bem, amanhã preciso criar todo um roteiro de aula pra toda a semana. Eu quero me matar.
Entro no banheiro escuro e abro um zíper da minha calça, mas paro ao escutar um gemido.
Antes de me virar, ligo a luz com uma raiva crescente e puxo a cortina da banheira velha, pronto para expulsar qualquer adolescente babaca. Mas o que encontro é uma garota encolhida, toda molhada.
Ela está mais pálida que a cerâmica da banheira, treme levemente. Está quase desmaiada, seus olhos estão fechados enquanto ela balbucia palavras que não entendo.
Me agacho ao lado dela e a observo por alguns segundos.
Me parece familiar.
Levo dois dedos até o pescoço dela, sua pele está gelada, seus batimentos fracos.
Puta merda...
Aqui tem hospital?
Tem ambulância?
A garota começa a tossir.
Não é a primeira vez que estou nessa situação, mas é a primeira vez que é uma desconhecida.
- O que você tomou? - indago e levo minhas mãos ao rosto dela - Tenta abrir os olhos.
Ela treme.
- Certo... Essa é a hora ruim, tudo vai girar. - me levanto um pouco e coloco as mãos embaixo de suas axilas na intenção de levanta-la - Mas vai ficar bem.
Eu a ergo como uma pena, ela parece estar se acordando, mas não consegue se manter sentada sem suporte, por isso a seguro e tento aquece-la passando as mãos em seus braços.
- E agora as coisas vão ficar mais estranhas ainda. - eu aviso alto e claro o bastante para ela entender - Mas é o que vai te fazer melhorar.
Me certifico de pegar um balde que estava no chão perto de nós e coloco nas pernas dela, desse modo volto a segurar o rosto dela com uma mão.
Quando foco nela, volto com a sensação de familiaridade. Sua maquiagem está toda borrada criando linhas pretas em suas bochechas.
Mas ela continua bonita.
Engulo em seco e volto ao que estava fazendo.
- Você consegue abrir a boca? - pergunto, ainda a segurando.
Ela murmura algo e treme mais ainda, sinto sua pele toda arrepiada. Quando seus lábios estão entrelaçados, é minha vez de força-la a vomitar. Num segundo estou enfiando meus dedos na garganta dela, no outro ela se curva pra frente vomita tudo dentro do balde.
- Agora vai melhorar... - digo com calma, dando batidinhas nas costas dela.
>>>>>>>>>>>><<<<<<<<<>>>>>>>>>>>>>>>
Abro os olhos lentamente, minha cabeça dá piruetas. Quero dormir por cinco mil anos. Um peso é tirado das minhas pernas, aproveito para escorregar meu corpo e deitar, voltando a fechar os olhos.
- Não. - escuto uma voz grave dizer - Vem, não deita.
Sob meus cílios, enxergo o novo professor de filosofia. Que alucinação louca. Isso me faz rir. Ou tentar, já que começo a ter uma crise enorme de tosse que me faz voltar a vomitar. Um balde aparece na minha frente. Minha garganta dói, assim como meu estômago.
Minha visão de repente fica embaçada pelas lágrimas, eu volto a me jogar pra trás, mas algo impede. Fecho meus olhos e me deixo chorar.
Estou miserável.
- Shhh... - quem quer que seja me segura e me aquece - O primeiro porre é sempre difícil.
Primeiro? Eu tentei me matar. Isso me dá mais vontade de chorar ainda. Nem morrer eu consigo.
- Por que... Por que você... Me salvou... - consigo falar em meios aos soluços.
Sinto mãos me cercando, alguém que me deixa quente. Fecho os olhos e uma onda de sono me toma de forma abrupta. Meu corpo parece fora do meu controle, me sinto entorpecida.
- Não! Abra os olhos, olhe pra mim! Foque em meus olhos! - o homem estranho ordena e eu me esforço para obedecê-lo, mas meus olhos não funcionam.
Ainda estou chorando, estou nojenta.
Nesse momento me vem a cabeça o colo quente de minha mãe, nos meus cinco anos. Eu estava chorando, tinha caído de bicicleta. Meu joelho doía e sangrava.
Agora não tenho nem o colo da minha mãe, e nem um ferimento tão facil de curar.
Não tenho ninguém.
- Puta merda. - sinto mãos no meu rosto - É mais grave do que imaginei. O que você tomou, garota?
Volto a escuridão e ao silencio.
Depois retorno a realidade e abro os olhos devagar. As substancias me fazem enxergar meu professor de filosofia, ele segura um celular no ouvido e não para de mover os lábios, eu não consigo ouvir nada...
Minha cabeça parece uma roda gigante... Gira, gira, gira...
Volto a apagar.
Alguém força meus olhos a abrirem. Professor, ele segura minhas pálpebras e eu tento falar, tento o afastar.
Ele xinga toda hora, pragueja toda vez que chuto ele.
Me deixa morrer...
>>>>>>>>>>>>><<<<<<<<<<<<>>>>>>>>><<
Pra ser sincera não sei se alguém está lendo essa historia ou querendo mais dela. Vou continuar escrevendo, se você quer mais, me deixe ficar sabendo... Vou gostar de saber que está gostando.
Você pode apenas curtir.
Ou apenas comentar.
Ou apenas me mandar uma mensagem.Isso vai aquecer meu coração e postarei mais.
Talvez poste esse capitulo e depois de um tempo poste todo resto da historia (estou terminando ainda) ou poste aos poucos. Como preferem?
VOCÊ ESTÁ LENDO
UM ÁVIDO AMOR
רומנטיקהávido que deseja com ardor. "á. de comida" que vive ansiosamente uma expectativa; sôfrego. "á. por uma resposta da amada" PLÁGIO É CRIME, FAÇA A SUA HISTÓRIA. ™️