13. Lily

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           Quando eu estava voltando para o quarto do hospital, recebi uma mensagem de Atlas dizendo que iria ajudar Theo com o futuro namorado. Futuro namorado? Será que o Theo vai finalmente pedir o garoto em namoro? Ele já tinha comentado tanto comigo quanto com o Atlas sobre pedir o Dan em namoro, mas todas as vezes que ele tentava se organizar pra tentar fazer o pedido, ele tinha uma crise de ansiedade muito forte ou no dia anterior ou no próprio dia do pedido.
- Eca, eu odeio comida de hospital. - Emmy disse enquanto largava os talheres dentro da marmita. - Tem gosto de pum.
- Pum?! Essa é nova! - falei rindo.
- Você já comeu pum? - Ryle disse rindo também.
- Que? você ficou doido papai? O pum é composto de dióxido de carbono!
        Eu e Ryle nós entreolhamos, confusos. Como a nossa filha sabe sobre Química se ela está na 3° série do fundamental?
          - Como você sabe do que o pum é feito? - Ryle perguntou.
          - Eu li em um livro da biblioteca da escola. - ela deu de ombros.
- Sabe a Tabela Periódica? - meu Deus! Olha as perguntas que o Ryle faz pra nossa filha de 7 anos! (Quase 8, na verdade)
- Quem não sabe a tabela periódica, papai?
          - Como você sabe a Tabela Periódica? - perguntei abismada.
- Em uma música que eu vi no YouTube! - o que? - "There's Hydrogen and Helium, then Lithium, Beryllium...." - ela começou a cantar.
- Cacete! - Ryle disse sussurrando pra mim e totalmente encabulado.
- Meu Deus. - falei chocada
- "... With oxigen so you can breath!" - ela continuou - "And Fluorine for your pretty teeth..."
- Emerson, filha.. - ela parou de cantar. - Como que você sabe disso... tudo?! - perguntei.
- Eu li todos os livros da biblioteca da escola da sessão infantil, então decidi ir ler os das crianças mais velhas... - ela abaixou o olhar. - Desculpa, não era pra eu ter lido já que não são para a minha idade.
           Isso é verdade, Emerson sempre amou ler. Lembro de quando foi o dia das crianças do ano passado e o Atlas disse que iria levar ela onde ela quisesse. Resultado: os dois foram em uma livraria e saíram de lá com 3 sacolas cheias de livros. A Emmy passava o dia todo lendo no quarto, na sala, na cozinha, se balançando no balanço do jardim. E eu até preferia ver ela ficar o dia todo lendo do que ver ela ficar com o celular o dia todo, porque os livros por mais que fossem história de contos de fadas ou algo assim, trariam mais conhecimento a ela do que qualquer tela de aparelho eletrônico.
    - Você só leu os de químicas?
     Ela balançou a cabeça.
- Física também.
- Que assunto de Física você leu?
- Ah papai, é mais fácil você perguntar o que eu não li! - ela disse com um sorriso no rosto.
- Então o que você não leu? - Ryle perguntou.
- Não sei como responder, eu li todos os assuntos! - Emmy riu em seguida. Ryle e eu nos olhamos, estávamos chocados demais com o que acabou de acontecer. Isso é bizarro.
- Bom, parece que temos uma mini gênia! - falei, mas ainda em choque.
- Aceita um desafio? - Ryle falou para ela enquanto tirava o celular do bolso.
- Sim! - Emmy disse empolgada.
- O que vai fazer? - sussurrei.
- Você vai ver. - ele entrou no Google e pesquisou por "Tabela Periódica" - Emerson, qual é o 66° elemento da tabela periódica? - Ryle se virou para mim em seguida. - Fica tranquila, ela vai cantar aquela música inteira pra acertar, você vai ver. - ele sussurrou.
- Diprósio!
Ryle ergueu as sobrancelhas.
- Caramba, acertou. - ela sorriu. Puta que pariu, minha filha é mesmo uma gênia.
- Deixa eu perguntar agora. - falei. Vai ver os dois tinham combinado essa história toda de Química e etc quando eu saí do quarto. - Qual é o elemento 27?
- Cobalto. - ela respondeu sem nem pensar duas vezes.
- Tá certo. - sorri. - Vamos para um mais difícil. 110?
- Darm.. tidio.. darms.. tatidio? Darmstádtio!
- Quase que não saía! - Ryle disse rindo.
- É que é um nome difícil, pegou pesado mamãe!
           - Se não for pra ser assim nem tem graça! - falei.
           Em seguida ouve uma batida na porta.
           - Licença.. - é a Doutora Olívia. - Eu vim ver com a nossa garotinha está.
- Foi você que abriu a minha barriga? - Emmy falou, e isso fez todos nós rirem.
- Sim, foi eu! - a doutora falou enquanto ria.
- O corte foi muito grande? - Emerson perguntou.
- Não, foi pequeno. Nem se preocupe! - Olívia falou na maior calma.
- Ufa, ainda bem. - Emmy disse.
- Você está sentindo dor ou desconforto? - perguntou a médica.
- Só quando eu rio.
- Ah é normal!
- O papai falou a mesma coisa!
- Tá vendo só? Te disse! - Ryle disse.
- Bem.. - Olívia disse. -Preciso conversar com vocês dois sobre o pós-operatório. Pode ser um pouquinho doloroso. Vou passar alguns medicamentos para ela tomar. E o local dos pontos precisa ser lavado com soro fisiológico.
- Certo. - falei.
- Quando eu vou poder brincar de novo? - Emmy perguntou meio tristinha.
- Você pode brincar! Mas só não pode brincadeiras que são de correr ou que façam algum esforço muito grande. - ouvir isso da médica fez a Emerson fica mais triste.
- Ela ama correr pela casa com a prima, vai ser uma tortura pra ela. - Ryle disse.
- Vai mesmo. - Emmy falou e isso fez todos nós darmos uma leve risada.
- Mas não se preocupe. Já já você vai voltar a correr de novo!
- Espero.. - ela cruzou os braços.
- Vou ter que ir. - a médica disse. Ryle, já já vai na minha sala para pegar a receita.
- Tá bem. - ele falou.
- Tchau Emmy!
- Tchau!
Olívia saiu do quarto. E agora só consigo pensar nisso que ela falou, que o pós-operatório pode ser um pouco doloroso. Que merda. Eu estou odiando tanto ver a minha filha sofrendo.

É assim que começa - 7 anos depois Onde histórias criam vida. Descubra agora