Capítulo 2

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O teste, como sempre, consumiu Tom ao extremo. Eles queriam ter certeza que seu corpo poderia aguentar a pressão de saída da atmosfera. Depois de tantas vezes na centrífuga, Tom tinha suas dúvidas. Ele estava saudável, mas o mais importante era estar sóbrio. Apesar de se esforçar ao máximo, não conseguia se equiparar ao candidato principal, Major Nelson.

Ao terminar seu banho e se trocar, Tom se dirigia a sala recreativa dos oficiais, quando se deparou com o Coronel Chris Heat, seu amigo e o responsável por incluí-lo nesse projeto:

- Você nem parece estar acabado Tom. Esse treinamento todo tá te fazendo muito bem. Quando voltar pra casa a Michelle vai me agradecer de pés juntos!

Tom sorriu, mas pela expressão no rosto do Chris, não foi capaz de esconder a tristeza de estar longe da família.

- Não se preocupa garoto, logo logo você vai pra casa e, quando voltar, será um herói nacional. – Chris colocou sua mão sobre o ombro de Tom e o encaminhou para a única lanchonete em toda a base que não servia bebida alcoólica. Pediram um x-bacon cada e pediram seus sucos eventuais, Chris apoiava de todas as formas a luta de Tom contra o álcool.

- Sabe, você sempre fala que vou voltar pra casa um herói, só que esquece que eu sou só o reserva. Eu só subo se o Nelson não subir e ele tá muito bem Chris. Ele parece até uma máquina! Hoje eu acho que foi a centrífuga que suou com ele e não o inverso.

Chris deu uma gargalhada, fazendo com que a garçonete que paquerava abrisse um sorriso e arrumasse o cabelo da forma como sempre fazia para chamar sua atenção. Foi, por sua vez, recompensada com o olhar que ela sabia pertencer só a ela. Tom não perdia um lance desse jogo que já durava cerca de três meses:

- Se isso der em alguma coisa Chris, você vai ficar me devendo uma.

- Vou é? Já esqueceu quem te apresentou para a Michelle? Acho que estaremos quites. – Mais uma risada, dessa vez contida, tomou conta da mesa. – Falando sério agora, você é um herói Tom. Para o povo será por ser astronauta. Todos sabem que o treinamento para isso, às vezes, é desumano e você o terá superado. Para nós, sua família, eu e minha futura esposa, atendendo a mesa ao lado, será por ter vencido uma doença que podia ter te destruído, mas ao invés, te deixou ainda mais forte.

Tom sorriu, abaixou sua cabeça e deixou três lágrimas rolarem. Era Chris quem o motivava longe de casa, quem nunca o deixava na mão. Apesar da diferença de idade, que podia muito bem fazer Chris ser seu pai, eles se tratavam como irmãos e, sendo Tom filho único, adorava a ideia de ter um irmão mais velho.

Major TomOnde histórias criam vida. Descubra agora