Capítulo 8

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- Tom, eu to com medo.

O sussurro não poderia se sobrepor ao bater das de uma borboleta, mas foi o suficiente para que o major abrisse seus olhos. O horário era um mistério para ele. Na rua era possível escutar os cães e gatos com perfeição, só que não havia mais nenhum barulho. A Lua cheia estava magnífica no céu estrelado, ainda assim, seu coração estava acelerado.

Sua mão instintivamente procurou a de sua esposa, então virou-se para encará-la:

- O que aconteceu, Michelle? Você ouviu alguma coisa?

- Não, não é isso. Não aconteceu nada em casa. Eu to com medo da sua viagem ao espaço.

As lágrimas agora não eram mais contidas. Elas corriam pela face de Michelle. O choro incontrolável não era alto o suficiente para despertar Rich, mas era claro o suficiente para comprimir o coração de Tom. Suas mãos correram pelo rosto da esposa, limpando a trilha deixada pelo medo, até a base dos olhos. Logo depois, seus lábios se encostaram. O primeiro beijo em meses. O afeto foi retribuído não com a mesma intensidade, mas sim com mais vigor. Sua esposa ainda o amava.

- Tenho medo de que você não volte. Esse sempre foi o meu medo. Eu não quero te perder. Não sei o que fazer se você não estiver aqui todos os dias. Só Deus sabe o que eu tenho passado, a falta que eu tenho sentido, o vazio que me consome. Eu te amo tanto. Não quero te perder.

O coração de Tom bateu mais forte:

- Eu também to com medo. Mas são só seis dias. Sábado eu desço, domingo durante o dia eu faço tudo o que preciso na base e a noite eu tô em casa. Depois disso eu vou poder ficar só em um escritório, atrás de uma mesa. Nem mesmo em jatos eu vou subir. Pra voar só com vocês, em nossas viagens. Sem vocês, nunca mais.

Outro beijo aconteceu, dessa vez muito mais intenso. Esse beijo se transformou em outro e em mais um. O casal então se entregou ao amor, ao desejo, à atração e à saudade. Uma vez mais se amaram. Uma vez mais pertenceram somente um ao outro.

Major TomOnde histórias criam vida. Descubra agora