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Isis Vitória.
Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.

Puta que pariu, era sangue demais e eu não sabia o que fazer, Karine não parava de falar e mais um pouquinho o Cicatriz metia uma bala era nela.

O interfone tocou e a Karine correu atender deixando alguém subir me fazendo quase ter um infarto.

Caralho tem um traficante que acabou de ser baleado aqui e a infeliz deixa alguém subir.

Karine: nossas mães vieram tomar café com a gente pra ver a Alana, seu Gilberto falou que elas já tinham passado por ele lá na portaria e ele só interfonou pra avisar mesmo.

Olhei pro Cicatriz e suspirei, pelo menos minha madrinha ia saber o que fazer já que é enfermeira.

Cicatriz: e agora loirinha? quer que eu pule a sacada?

– ta maluco? aqui é o 13° andar filho.

Ele balançou a cabeça como se falasse "deixa pra lá" e eu sorri sem saber o que fazer.

O cara tava agoniado de dor e porra, eu não sei o que fazer com uma pessoa baleada.

A porta se abriu e eu vi as duas entrando animadissimas já chamando a Alana que pulou do sofá correndo pro colo da minha mãe.

Mônica: oi vovó, que saudade da minha menina.

Cicatriz: carai cê é igual tua mãe.

Falou baixinho pra mim e eu sorri balançando a cabeça em concordância.

Yara: quem é esse moço bonito? puta que pariu que que é isso?

Veio pra perto da gente sorrindo mais fechou o sorriso vendo o tiro.

Minha mãe soltou a Alana que correu pro sofá de volta e veio pra perto da gente também analisando o Cicatriz por completo.

Yara: você levou um tiro rapaz? esse Rio de Janeiro vou te contar uma história, cada dia é uma nova.

Mônica: bom dia? Alguém explica o que que ta acontecendo aqui?!

Elas olharam pra mim e pra Karine e depois pro Cicatriz que fechou os olhos fazendo careta de dor.

Karine: em Isis que que ta acontecendo aqui vei? que nem eu to entendendo.

– madrinha ajuda aqui fazendo o favor, isso vai acabar infeccionando e ele vai perder o braço, não tem como levar ele pro hospital.

Eu sabia que no fundo, no fundo, elas iam sacar e entender o motivo.

Yara: pega aquela maletinha que eu dei pra vocês, corre porra.

– anda Karine capeta.

Gritei sentindo o Cicatriz apertar minha mão e apertei a dele de volta sentindo a dor junto com ele.

Sentei no chão ao lado da cadeira e fiquei apertando a mão dele enquanto minha mãe me encarava tentando entender e se eu fosse ela já taria louquinha.

Simplesmente chegar na casa da sua filha e ter um cara tatuado, sem camisa, com um tiro e segurando na mão da tua filha.

Mônica: ta de namoro e não me contou Isis Vitória?

E de tudo o que eu falei ela se importou só com isso.

– namoro não mãe, amizade só.

Cicatriz abriu os olhos e olhou pra mim e depois pra minha mãe que sorriu simpática pra ele.

Mônica: tem cara de ser daqui da pista não, é da Penha? voltou a subir pra lá?

– da Rocinha mãe.

Terra de Ninguém.Onde histórias criam vida. Descubra agora