Cap. 11

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N/A: Olá, os caps. Estão sem revisão ortográfica, lamento, a correção será feita posteriormente. Ouçam a música para melhorar a experiência.

A música: Cry-Cigarettes after sex

⚠️ Aviso de gatilho: tema sensível de ansiedade e abuso.

Eu pecava, porque em vez de procurar em Deus os prazeres, as grandezas e as verdades, procurava-os nas suas criaturas: em mim e nos outros. Por isso precipitava-me na dor, na confusão e no erro.
–Santo Agostinho

Caleb

Ando até o Ralph que está virando um garrafa na boca de um garoto com um monte de gente ao redor. Tem gente em todo canto e pelo espaço pequeno, uma parte das pessoas estava no corredor dos apartamentos.  A caixa de som dele estava com uma música de estourar os ouvidos e falava coisas implícitas sobre sexo.

–Vem cá..-O puxei pela gola da camisa para um canto da cozinha, mandando o casal que estava lá se engolindo irem pra outro canto. -Qual é o seu problema, cara? -Soltei-o fitando com raiva e estresse que fazia as veias do meu rosto saltarem.
–Que foi? Relaxa, bebe uma aí tá todo mundo curtindo.
–Tá, mas não tinha outro lugar? Na minha casa?
–A gente falou disso, pensei que a gente fosse amigos.
–A gente é mas uma coisa não tem…– ele me interrompe parecendo que o álcool já fazia bastante efeito.
–A gente é amigo e pronto! Não vai se repetir, é a última! -ele toma um gole do copo vermelho e vai até a sala.

Passo os dedos entre os fios de cabelos bagunçados e pego um copo virando-o de uma vez. Uma peituda ruiva  me encarando no canto e esqueço por um instante minha frustração anterior, recordando da frustração na minha calça. Ela não parece ser difícil e logo coloco ela contra a parede. Talvez a festa não tenha sido uma ideia ruim.

Akira

Perco Caleb de vista pois ele andou rápido demais entre as pessoas quando entro no apê, então sigo até o meu quarto, saco a chave da bolsa e entro trancando a mesma.

O som está alto demais, olho para meu edredom e me enrolo nele. Ele está lá fora fazendo sabe sei lá o quê e temo abrir a porta. Fico no celular e procuro um romance pra ler -dessa vez vou pular tudo o que nome convém. Porém, a história não me distrai muito. Tento dormir mas isso também não rola. E então o pior acontece.

Vontade de ir ao banheiro. Estou tão apertada! Não outra alternativa. Destrancou a porta e olho o corredor. Queria ter arrancado os olhos a ver o que vi. Caleb beijando uma ruiva e tocando no corpo dela. Senti tanta raiva. Eu deveria imaginar isso dele, não é mesmo?

Mesmo assim, saio do quarto e o tranco, indo para a porta do banheiro e pedindo para que a garota que estava se arrumando sair. Ela sai, todavia, sei que não foi porque eu pedi. Atendo minhas necessidades fisiológicas. Saio do banheiro torcendo para meu percurso ser feito na mesma rápida velocidade em que saí do quarto, porém, ao destravar a porta uma mão abre a porta com tudo e me empurra dentro do quarto. Ao me virar vejo Ralph me fitar com malícia nos olhos.

Meu coração gela, minhas mãos tremem, o oxigênio parece que não alcança meus pulmões conforme sinto a adrenalina nas veias. Todo o meu sistema nervoso grita medo e engulo seco quando ele dá um passo adiante.

–Queria estar a sós com você há muito tempo.
–Que merda é essa, Ralph?
–Isso, me xinga. –ele começou a afrouxar o cinto e senti que meu mundo inteiro ia desabar. Um nó na garganta fazia minha voz sair por um fio. A música impediria que ouvissem qualquer coisa aqui. Eu sabia o final daquela história, eu vivi aquilo e por mais que minha memória tenha apagado em grande parte dos ocorridos, todo meu corpo reage e sinto minha alma ser chicoteada pela dor iminente.

Jesus, por favor, eu confio em vós!

-SOCORRO!!!!! -Gritei torcendo para que a única pessoa que me importo ouvisse. Nem na hora ia acontecer uma troca de música pra outra e minha voz com certeza foi audível.

Ralph avançou com tudo para cima de raivoso e suspirou quando a música voltou. Meus olhos lacrimejaram ao ser imprensada na cama, mas alguém abre a porta com força e ele é puxado de cima de mim abruptamente. Suspiro de alívio e permito as lágrimas escorrerem agradecendo a Deus brevemente. Me sento e olho a porta tentando enxergar uma maneira de passar por ela sem ficar perto dos homens lutando.

Homens lutando. Caleb está batendo no Ralph, um soco atrás do outro. Fico assustada com a brutalidade, mas não reflito sobre o agressor e sim sobre o estrupador naquele quarto. Corro para fora e chamo a polícia.

Foi uma noite difícil. Quando Caleb saiu do quarto jogou a caixa de som com raiva no chão e gritou para que todos fossem embora. Gritou para os amigos do Ralph o levarem embora e o cara foi carregado todo ensanguentado. Estava com raiva e frustrada. Quando o espaço ficou esvaziado, restando apenas a minha presença e a de Caleb, soltei um grito horrorizada. Eu estava aos prantos surtando loucamente…. E num momento de loucura, coisas são ditas sem reflexão e não sei se foi aquilo que realmente quis dizer a Caleb.

Ele me apertou com muita força prendendo meus braços para me impedir de me arranhar e de puxar meus cabelos. Eu me debati por um tempo como um peixe fora d'água, até que parei e o abraço dele
Afrouxou de forma a parar de me machucar. Estava meio roxo onde ele segurou por alguns minutos. Parei de soluçar e minha respiração voltou. Mas ele não disse nada. Nenhuma palavra e meu coração ainda estava angustiado. Senti o som de algo quebrando dentro de mim com o seu silêncio… tão indiferente.

Foi como me senti na hora e foi o que fez eu dizer coisas como:
–É tudo culpa sua!
Ele fez silêncio.
–Sempre disse que me sentia desconfortável perto dele e você ainda o chamava aqui em casa.
Ele fez silêncio.
–Ele não presta e se anda com você é porque vocês são parecidos!
Ele fez silêncio, me soltou do seu abraço e eu o olhei com ira.
–Ele é um pervertido como você! Um viciado e punheteiro de merda! Se você anda com um merda como ele não é muito diferente.
Ele fez silêncio. Minha angústia aumentava proporcionalmente ao seu silêncio.
–Você é um merda! Um viciado desgraçado! Eu te odeio! Eu teria sido estuprada por um amigo seu!!! Seu… miserável!!
Ele fez silêncio. Seus olhos lacrimejaram, mas não me importei nem um pouco. Eu estava quebrada, estilhaçada em pedaços e ele nem ao menos fazia nada.

Eu saí da sala, adentrei meu quarto e fechei a porta com um baque, olhei a janela aberta. Eu juro que não pensei em me matar. Mas não conseguia respirar, então sentei na beirada da janela e fiquei lá. Já havia feito aquilo muitas outras madrugadas.

Estava inicialmente apenas sentada, depois uma perna subiu. Depois uma perna ficou do lado de fora e outra do lado de dentro. Depois a outra perna subiu. Depois a outra perna a ficou do lado de fora..

Fiquei ali por um bom tempo e tentadoramente a ideia de se jogar não era mais tão absurda. Foi fácil esquecer muito pelo o que eu lutei na vida para sobreviver.

Eu acordei quando senti um susto de uma mão me puxando pra dentro. Eu sabia a quem pertencia a mão espalmada na minha barriga que se afastou como seu meu corpo fosse ateado por fogo. Nem eu mesma gosto dele.

–Eu vou embora. –Eu não sabia que 3 palavras poderiam doer tanto como naquele momento. Fechei os olhos sentindo as lágrimas escorrerem. Dessa vez o silêncio foi a minha resposta.
–Eu…Sinto muito. -A voz dele estava embargada e sentia que eu não seria capaz de olhar para traz. A alvorada surgiu no céu e para um amanhecer tão bonito, havia muita tristeza no meu interior para poder apreciar.
–Por favor, não se mate. Vou embora porque me importo com você.
Aquilo não fazia o menor sentido! Vou te deixar no seu pior momento? É sério? Eu quero que você fique. Mas não vou implorar por isso se jeito nenhum.

-Akira Rose Evans, perdão. Não sou alguém bom. Não vamos nos ver mais, eu garanto isso. Lamento, mas acho que nem após a morte vamos nos ver.
Aquilo parecia dramático demais e foi capaz de terminar de destruir o restante do meu coração de forma esmagadora.

Ouvi seus passos se distanciando. Caleb Carter Jones eu nunca vou te esquecer. Agora estou só de novo. Fiquei tão mal acostumada a sua presença que doía-me a alma a solidão.

Continua...

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⏰ Última atualização: Oct 06 ⏰

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Desejo de Eternidade -romance católicoOnde histórias criam vida. Descubra agora