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Mais um dia ficando até tarde na empresa por causa dos relatórios que preciso encaminhar para a minha chefe. Vejo o relógio no canto da tela pela milésima vez na esperança de que ele faça algum milagre e eu termine o que tanto escrevo. Já passam das 21 horas e em alguns minutos receberei o aviso de que preciso deixar o prédio.

Suspiro pesado já desligando o notebook e tendo que levá-lo mais um dia pra minha casa. Minha vida é uma rotina, andando em círculos a todo momento. Sem tempo para amigos, para relacionamentos, para qualquer coisa. Sinto falta de quando conseguia ver meus animes e minha única preocupação era em reclamar sobre a escola.

Passo pelo porteiro me despedindo e corro até o ponto mais próximo para não perder meu último ônibus. Pago a passagem e me sento ao lado de uma senhora que estava dormindo com a cabeça encostada na janela, dou um sorriso de lado pegando meu celular e vendo as mensagens.

"Oi S/n, quanto tempo! Eu estava pensando... Porque não saímos no final de semana? Sei que você gosta de descansar, mas faz um tempo que a gente não se vê, sinto sua falta. Acho que temos assuntos a serem tratados também."

"Amiga, conheci um cara super gato hoje! Preciso fofocar isso com você. Me retorne assim que puder! Bjs"

"Boa tarde filha, como estão as coisas no trabalho? Não esqueça de ligar para nós quando tive tempo, nós te amamos."

Respiro fundo respondendo cada mensagem e apagando a primeira. Eu não queria ver Naoya nem pintado de ouro, essa mensagem toda bonitinha com um "sinto sua falta" no final era apenas uma forma dele me convencer de vê-lo e tentar me levar para cama novamente. 

Nas primeiras duas vezes eu fui idiota em aceitar seu convite, mas hoje em dia eu recuso cada mensagem dele, ainda bem que não aconteceu nada além de uma troca de saliva... Eu acho... Mas ainda sim foi nojento. Foi o pior dia da minha vida e quero esquecer.

Me desvencilho desses pensamentos e logo me levanto do lugar para descer no meu ponto que está cada vez mais próximo. Agradeço ao motorista que já é conhecido e caminho em direção a minha casa.

— Finalmente... — Um suspiro de liberdade faz com que toda a tensão saia dos meus ombros.

Abro a porta de casa com o estômago embrulhado, desejando um lanche reforçado antes de um banho quente e um sono gracioso. Não odeio meu trabalho, mas acho que certas coisas deveriam ser otimizadas ao invés de irmos pelo caminho mais longo, todas as outras áreas da empresa possuem otimizações no processo, então porque não fazermos isso? Enfim, minha chefe é cabeça dura demais para isso.

Preparo um misto quente enquanto pego meu suco da geladeira, me sirvo e puxo uma cadeira para me sentar. Com certeza eu deveria fazer algo com relação a minha vida, todos os dias são como repetições programadas; acordar, me arrumar, tomar café, trabalhar, chegar, comer, tomar banho e dormir... E no dia seguinte lá vamos nós de novo. 

Venho para casa e me deito na cama
Pensando: Foi minha culpa?
Noite confusa, olhando para o relógio
Em breve será meia-noite

HEARTBEAT | Hiromi HigurumaOnde histórias criam vida. Descubra agora