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*Dois dias depois*

Enquanto bebia meu refrigerante pós almoço no trabalho, eu ouvia Itadori e Choso discutindo sobre algum projeto que deveriam entregar o mais rápido possível. Apoio minha mão no rosto e fico encarando os dois, eles são tão diferentes mas ao mesmo tempo são tão unidos...

Sinto meus olhos lacrimejarem de repente com uma forte ansiedade me abraçando de repente. Minha chefe estava em reunião e assim que vejo Higuruma se aproximar com alguns papeis para entregar a Itadori, me levanto abruptamente e caminho até o banheiro. Meu corpo parecia quente e uma tontura vinha acompanhada.

— S/n? — Itadori me chamou, mas eu apenas movi a mão para que ele esperasse.

Sinto um olhar pesado sobre mim mas acabo ignorando por não estar no meu melhor estado. Entro em uma das cabines do banheiro e me encosto na porta, apenas me deixando chorar, apenas me permitindo sentir algo que era desconhecido por mim nesse momento.

As lágrimas não me davam sossego, era o tempo todo escorrendo pelo meu rosto junto com soluços que eu tentava impedir de sair pelos meus lábios. Eu não acredito que estou chorando no banheiro depois de todo esse tempo, que patético da minha parte. Mordo meus lábios com força para que a dor dos meus lábios se sobressaia, mas não adianta, impossível.

Resolvo sair da cabine e ir lavar meu rosto que se encontra inchado e os olhos ardendo. Vendo meu reflexo no espelho me sinto tão feia... tão estranha, hoje é um dia estranho.

— Foco S/n, foco. — Respiro fundo e retomo a minha postura.

Saio do banheiro com a cabeça levantada e em passos firmes, até o final do dia eu terei esquecido desse pequeno episódio. Você esta em fase inicial de uma depressão. As palavras da psicóloga ecoam em minha mente e me atingem de repente, minhas pernas travam no meio do corredor e não consigo mais me mover. É como se meu corpo estivesse me traído e o som das conversas ao meu redor estivessem altas demais para conseguir me concentrar em manter a calma.

Olho para Itadori conversando com os rapazes e logo o mesmo me encarar confuso, Choso e Higuruma voltam seus olhares para mim e apesar de tentar falar algo, minha voz não sai.

"Como você esta?"

"Bem"

"E o seu trabalho?"

"Caminhando... Me sinto cansada"

"Você procura formas de relaxar em casa? tira um tempo para não pensar em trabalho?"

"Porque eu deveria? não vai ser indo a praia ou ao shopping que irei pagar minhas contas"

"Mas não gosta de sair com os seus amigos?"

"Estão ocupados demais viajando, saindo para bares, se divertindo"

"Não acha que seria legal ir com eles?"

"Não sou uma companhia agradável para ele"

Fecho meus olhos tentando ignorar todas essas conversas que já tive com a psicóloga, não é necessário lembrar o quão miserável é a minha vida. O quanto eu tento me encontrar e na verdade me perco mais ainda nesse labirinto de emoções.

A falta de ar esta se fazendo presente, porque eles me olham com pena? parem com isso. Não venham até mim, não me vejam desse jeito, não quero que me toquem. 

Itadori encosta em meu ombro com cuidado, sabendo o quanto eu detesto o toque masculino e como se um choque percorresse pelo meu corpo, eu volto a chorar descontroladamente.

HEARTBEAT | Hiromi HigurumaOnde histórias criam vida. Descubra agora