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Os dias da semana foram estranhos para mim, Higuruma continuou a não falar uma só palavra comigo enquanto eu esperava ansiosamente por qualquer fala dele dirigida a mim. No entanto, ao invés de escutar seu "bom dia" ou ser chamada de "Girassol", o mesmo me oferecia o castigo do silêncio e almoçava todos os dias com a Shoko.

É, nessa altura do campeonato que eu assumo que estou com um imenso ciúmes com relação a ele. Não, não é ego frágil e muito menos querendo ter exclusividade... Bem, quero exclusividade. Me olho no espelho e dou duas batidinhas nas bochechas e sinto meu sangue borbulhar.

— Eu estou realmente irritada em estar sendo ignorada...

Respiro fundo e pego minhas coisas para ir trabalhar. Hoje eu chegaria um pouco tarde no escritório já que andei fazendo hora extra. Iniciei minhas atividades, comecei umas aulas de vôlei que até estão me agradando.

Faço sinal para o ônibus enquanto me sinto nervosa, estou bem arrumada hoje, inventei de usar um vestido que dava um ar de primavera, ou seja, delicada e romântica. Apesar de me sentir um pouco ridícula nos primeiros dez segundos que o vesti, agora eu só quero que Ele me note.

— Não é a minha cara querer que um homem repare em mim — Balancei a cabeça negativamente mas sem conseguir esconder o sorriso — Pensando melhor, Hiro não é qualquer um...

Levanto meu olhar para apreciar o céu azulado e com a aparência de que será um dia bastante ensolarado e agradável. Coloco meus fones de ouvido e aperto o "play" na música Young and Beautiful da Lana Del Rey.

O caminho até o trabalho pareceu mais curto do que o normal e quando coloquei meus pés em frente ao local, senti um arrepio percorrer meu corpo. Precisava controlar essa ansiedade, ele é apenas uma versão adulta daquele garoto que eu amei... Se controle.

Fiz o trajeto até o elevador e esperei ele subir já que estava na garagem que fica no subsolo. Quando as portas se abriram, apenas me acomodei próximo as pessoas que já estavam e fui até o meu andar.

Assim que passei pelo corredor que liga os setores, o sorriso que eu tinha em meu rosto aos poucos foi desaparecendo pois lá estavam eles dois conversando de uma forma tão íntima, como se fossem amigos a anos. Por uns segundos me senti como se não soubesse mais andar, pois minhas pernas não me obedeciam, eu estava travada. Ouço Shoko dar uma risada e logo se virar, reparando na minha presença.

— Ah, S/n! Pode me ajudar com as análises desses relatórios? Aliás, você está linda.

Foi nesse momento que Hiromi olhou por cima do ombro e ficou alguns segundos me encarando, engoli um seco pois seu olhar era indecifrável. Antes um cara tão fácil de ser lido, virou outra pessoa completamente diferente.

— Obrigada Ieiri... Claro, ajudo sim. — Minha voz saiu fraca e o sorriso que dei para ela foi um fracasso.

Caminhei em direção a minha mesa apesar de senti-lo me observar ainda, coloquei minhas coisas no armário e respirei fundo. Pronta para pegar o primeiro papel, dou uma leve fungada e sinto uma vontade imensa de chorar. Eu não sei como fui capaz de pensar que me afastando dele estaria me fazendo bem, obviamente eu não me sinto ok com essa situação.

Eu quero que ele seja um intrometido comigo, quero que fique fazendo perguntas sobre mim mesmo sabendo que me deixa irritada... Eu quero aquilo que estávamos tendo de volta. Olho para o lado e ele está focado em seu computador, mordo meus lábios me martirizando. Ao final do expediente eu converso com ele.

E assim, as horas foram se passando, Hiromi almoçou novamente com Shoko e logo depois ficaram na sala de descanso conversando. Minha ansiedade gritava para descobrir o que eles tanto tinham em comum, então me levantei da cadeira em que estava mexendo no celular e decidi ir para o mesmo ambiente que eles. Dando largos passos enquanto focava minha atenção naquela enorme porta de madeira, acabei por esbarrar em alguém.

HEARTBEAT | Hiromi HigurumaOnde histórias criam vida. Descubra agora