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S/n pov;

O final de semana não foi tão ruim quanto pensei, aproveitei para fazer as unhas, hidratar o cabelo e ter um descanso digno. Porém, ao colocar meus pés novamente nesse escritório, sinto como se minha alma estivesse sendo levada, é cansativo só o fato de respirar esse ambiente.

Sexta feira eu tive aquele surto, onde as pessoas me olhavam com certa pena e isso é tão vergonhoso. Eu não queria ter chegado naquele ponto, mas meu corpo não me obedecia, era como tomar um choque que por mais que você tente se afastar, permanece ali sendo eletrocutada.

Não quero admitir em voz alta que eu tenho um problema, não é como se a depressão pudesse me controlar, certo? Eu ainda posso reverter a situação, posso afasta-la, posso lutar contra. É isso o que a minha mente tenta me convencer, de que sou forte o suficiente para enfrentar todos os meus problemas sozinha.

Sento na cadeira com meu café em mãos e ao colocar a xícara na mesa, passo a mão pelo meu rosto tentando ficar cem por cento acordada. A dor do meu corpo precisa ser ignorada, é apenas psicológica, não tem nada para eu me preocupar. E então, abro o notebook para fazer a minha consulta com a psicóloga já que ela só teria tempo hoje para me atender.

*Quebra de tempo*

Após a consulta terminar, fecho um pouco o laptop e tombo a cabeça para trás, precisava relaxar e absorver nossa conversa. Um envelope é jogado em minha mesa e ao me virar, Hiromi está de braços cruzados me observando com atenção, ele não parece querer saber se estou bem, o que é um alívio, parece que estamos nos entendendo.

— O que é isso? — Pego o envelope que parece um pouco amassado e retiro algumas folhas.

Começo a ler o documento em minhas mãos e me assusto ao ver do que se tratava, rapidamente entrego a ele e o mesmo o guarda.

— Porque retirou a denúncia?

— Isso não é da sua conta.

— Bem, ele veio parar nas minhas mãos durante esse final de semana, então acho que é sim.

— Isso já é um assunto encerrado, esqueça.

— Foi com esse tipo de cara que você teve experiências desagradáveis? Que merda ele fez com você?

— Porque quer saber? O que isso irá mudar? Fala sério, você chegou ontem e está metendo o nariz onde não foi chamado.

— Dá pra parar de ser tão mentirosa? — Arregalo meus olhos e o mesmo parece recuar ao notar o que havia dito. Ele acaricia a nuca e suspira pesado, puxando logo em seguida a cadeira ao meu lado e se sentando — Foi mal por perder o controle, mas está na cara que o que aconteceu te deixou traumatizada e eu detesto fingimentos. Itadori teve receio de tocá-la naquele dia, as coisas que você já comentou são o suficiente para entender que tem sim algo de errado eeu sou bem observador.

— Hiromi, eu apenas quero ficar em paz. Não quero mais problemas para mim.

— A queimadura em seu braço foi alguma ameaça?

Fecho os meus olhos enquanto mordo meus lábios disfarçadamente, não adianta, ele não vai esquecer isso por mais que eu peça. Ele aparenta ter um senso de justiça forte e não vai ser um simples "está tudo bem" que irá fazê-lo desencanar desse caso. Me levanto da cadeira e toco em seu pulso, recebendo um olhar questionador, sem dizer nada eu resolvo levá-lo até a sala de reuniões da minha equipe.

Ainda é cedo e por ser uma Segunda feira, os funcionários não fazem tanta questão de chegarem no trabalho antes das 9 horas. Fecho a porta de chave e aponto para que o mesmo se sente em alguma cadeira.

HEARTBEAT | Hiromi HigurumaOnde histórias criam vida. Descubra agora