"O mundo é pequeno quando se sabe andar"
Meu avô me disse isso uma vez, quando ele estava doente. Em suas histórias da adolescência, recordava o quanto que trabalhara e andara, alegando que não poderia existir distância que não conseguisse percorrer com as duas pernas, desde que soubesse usá-las.
E andando esses dias, me dei conta de que, talvez, nunca irei concordar com meu avô sobre a dimensão do mundo.
Não é sobre me sentir pequeno em relação ao mundo, ou que minhas pernas não suportariam tantos quilômetros, mas é sobre o tempo de vida que tenho. Depois de andar por 4 quilômetros, tirando fotos e sentindo a paisagem, entendi que há mais no mundo do que jamais vou conseguir supor com minha imaginação.
São detalhes demais, histórias antigas, plantas e insetos novos e perspectivas diferentes em apenas 4 quilômetros. Eu pasmo com a ideia de que o mundo inteiro é muito mais que 4, é insuportavelmente infinito quando penso que não se pode conhecer o mundo todo em uma vida.
Existe muito da natureza que ainda não vi, arco íris duplos, auroras boreais, algas bioluminescentes, cânions, constelações, e é angustiante me dar conta de que minha duração não abranje tudo.
Suspiro, enquanto passo a mão no cabelo, puxando-o para trás. Mas está tudo bem, porque o mundo que conheci dentro de 4 quilômetros valeu a pena.
Aliás, para uma viagem a pé, com a mochila nas costas, senti que carregava mais peso do que realmente levava, e pensei se não suportaria tudo aquilo como suportei. O peso total do que carreguei na viagem foi muito mais do que os 6kg na mochila, mais o meu peso e a gravidade. Tudo o que capturei com os olhos me pesavam, era um mundo que basicamente só eu notara, então ele pesava bastante. Meus pensamentos também pesaram, e meu cansaço, e meu encanto com cada levar do vento.
A viagem em si fez crescer a vontade de viver daquela forma. Apreciar a natureza, afundar em pensamentos, ver vagalumes durante à noite se misturando com as estrelas. Momentos assim me fazem querer entender mais de astronomia. Ser mais íntimo do céu.
—Hyung ? — escuto a voz do Taehyung atrás de mim, e sorrio ao vê-lo se aproximando com um sorriso tímido.
— O que foi, Tae?
— Posso ver as fotos da sua viagem? — Ele fecha os olhos ao sorrir dessa vez, e se senta ao meu lado, de frente para o computador.
— Claro, aqui estão elas.
— Ah — ele prolonga a vogal, em uma expressão feliz que simplesmente me transmite calor interno. Vê-lo com os olhos brilhando enquanto se encanta com as fotos me fez sorrir. Tão inocente. Naquele momento, me senti grato por acompanhar seu crescimento. "Um outro mundo que também não terei tempo suficiente para conhecer."
— Joonie, me conta como foi a viagem de novo ? — ele se virou para mim, com as mãos apoiadas nas coxas, sorridente.
Soltei uma risada, que o contagiou. Estou rodeado de estrelas brilhantes, não é?
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escrito em 23/12/2016
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𝙸𝚗𝚎𝚏𝚊́𝚟𝚎𝚕 ♦ [kim nam joon]
FanfictionCom um coração agitado, repleto de indizíveis sentimentos, Namjoon seguiu por todos os seus dias, buscando pelo conforto de estar na própria pele (sempre com a ajuda de seus amigos). [ᵏᶦᵐ ⁿᵃᵐ ʲᵒᵒⁿ] "eu não sei se eu me perdi ao longo do caminho, ou...