Capítulo 12 - Cansaço

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Komorebi.

Os raios de sol que perpassam os topos das arvores e alcançam o chão.

Eu me via cada vez mais apaixonado por esse fenômeno tão simples, mas tão belo. Andar tranquilamente era olhar para o alto, procurando copas nas quais eu pudesse passar em volta e mirar o sol, e seguir seus raios até as folhas cessarem. Voltar para casa, depois da loucura dos Estados Unidos, me trouxe um sentimento muito confortável de lar.

Me sentira sufocado com dias após dias conhecendo pessoas, dando entrevistas como se fosse o fim do mundo. Onde estavam os amanheceres? Os pores do sol? As constelações? A chuva? A lua cheia?

Não houve tempo, eu mal pude sentir o ar dentro dos meus pulmões, e não há paradas.

Horas sozinho em quartos de hotel não são produtivas, o teto não reflete o céu, não me vejo, e ele me impede, como a gravidade me impede. Me faz pensar sobre solidão, sobre outro impedimento.

A solidão é esse nunca curar-se à partir do outro certo? É sobre saber que não há cura, e que não se é cura. Um sofrer dobrado, por ser incapaz duas vezes: para si e para o outro.

Somos solitários e sabemos que o outro também o é. Não é como se pudêssemos fazer uma síntese das solidões, e deixarmos de ser solitários sozinhos, para sermos com companhia.

E soa tão contraditório ser uma dor que é sentida em demasia: ela fere por ser nossa, e fere por não se poder impedir a do outro. Como pode algo sobre singularidade doer não só em si, mas na pluralidade?

Isso me lembra de quando Taehyung me perguntou qual superpoder eu escolheria, se pudesse ter um.

Eu teria o super poder de acabar com esse duo da solidão, e então as pessoas poderiam se curar. E mesmo assim eu seria um super herói fracassado.

Meu coração me apertava ao sinal desses pensamentos. Enquanto eu olhava pela janela do quarto, o pouco do céu que era visível fora o suficiente para me fazer fechar os olhos e aliviar o peso do peito.

Deitei na cama, de barriga para cima, invadido por um sono repentino, resultado de uma cama confortável e desarrumada.

Tudo bem às vezes fingir que não há mais nada para se viver no dia, e dormir não é? Tudo bem não ter escrito nada, nem ter lido nada, nem visto nada, nem comido nada? Tudo bem só querer fugir por algumas horas? Eu... não, Namjoon. Não está tudo bem.

Ignorei meus pensamentos, e fechei os olhos, me permitindo ficar alheio àquelas horas de vida que eu simplesmente não quis viver. Isso é se matar e ainda estar vivo, certo ? Vivendo e morrendo, ao mesmo tempo. 


escrito em 10/06/2017

𝙸𝚗𝚎𝚏𝚊́𝚟𝚎𝚕 ♦  [kim nam joon]Onde histórias criam vida. Descubra agora