Capítulo 2 - Beco Diagonal

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- E agora?! Estamos ferrados, massacrados, desolados! - PJ caminhava de um lado para o outro, sua preocupação evidente em cada passo frenético. Suas mãos estavam arranhadas, e a expressão de desespero no rosto quase parecia palpável. O estresse estava tão intenso que parecia que ele poderia explodir a qualquer momento.

- Ah, relaxa, irmão, vai ficar tudo bem - Bobby respondeu com uma calma indolente, deitado relaxadamente em um banco de madeira desgastada. Seus pés estavam apoiados sobre a mesa, a postura descontraída contrastando com a tensão de PJ.

- Porra, Bobby, isso só aconteceu por sua culpa - eu disse, cruzando os braços com irritação. O olhar de frustração que eu lancei a Bobby era uma mistura de raiva e desamparo. - Vamos perder a cerimônia de início do bimestre.

- Não vai ser tão ruim assim - Bobby respondeu, com um sorriso despreocupado. - Pelo menos não teremos que aguentar o diretor Mufasa falando por horas.

- Mas ele é super legal, é justo e um ótimo diretor - PJ defendeu, olhando para Bobby com uma expressão de genuíno respeito. Seus olhos estavam brilhando com a admiração que tinha pelo diretor, o que acentuava ainda mais a minha sensação de deslocamento.

Eu me sentia fora de lugar na conversa. Era minha primeira vez em Hogwarts, um lugar de mistério e magia que eu só conhecia através das histórias. Diferente de PJ e Bobby, que eram mestiços e frequentavam a escola desde a infância, eu estava completamente imerso em um novo e desconhecido mundo. Suas discussões sobre cerimônias e diretores eram um enigma para mim.

- Chega, chega! - eu exclamei, levantando-me de repente e interrompendo a discussão. O som da minha voz ecoou pelo espaço pequeno e abafado. - Não tem outro jeito de chegar a Hogwarts?

- Hmmm, deixa eu pensar... - PJ coçou o queixo, seu olhar se perdendo em um espaço imaginário enquanto tentava lembrar-se de uma solução.

- Oh, PJ, seu pai não faz parte do Ministério da Magia? Não dá para ele arranjar uma ajuda para a gente? - Bobby sugeriu, distraído enquanto observava um pássaro que voava preguiçosamente pelo céu cinzento.

- Meu pai? Ah, não, ele não vai ajudar. Não pode saber que eu falhei em pegar o expresso para Hogwarts... Ele vai me esfolar vivo - PJ passou a mão no rosto, o desespero aumentando a cada palavra. Seu rosto estava pálido, e a angústia era visível.

- Mas é nossa única escolha. Fala com ele - eu insisti, observando a hesitação de PJ. Seu olhar era uma mistura de relutância e medo.

[...]

- Alô, papai? - PJ disse, a voz trêmula e hesitante, segurando o telefone como se fosse um objeto perigoso. O som da sua voz parecia perdido em meio à expectativa ansiosa.

- [O que você quer, PJ? Estou ocupado. Não deveria estar no trem para Hogwarts?] - A voz do pai, rouca e impositiva, atravessava a linha com um tom de desaprovação que parecia preencher o ambiente.

- Ah... Sobre isso... Be... bem... - PJ encolheu-se, sua voz quase inaudível, como se tentasse se esconder da reprovação que sabia que estava por vir.

- [PJ, se eu souber que você se atrasou no primeiro dia! - A voz do pai tornou-se ameaçadora, carregada de uma raiva contida.]

- Que isso, paizinho... Eu... Eu tô no trem - PJ forçou um sorriso nervoso, seus olhos cheios de uma mistura de culpa e medo.

- [Acho bom mesmo. Bons estudos. Só me ligue nos feriados.]

- Tá bom, papai... - PJ disse com um fio de voz e desligou o telefone. - É, gente, não vai dar.

- Ah! - Esfreguei meu rosto com frustração, meu corpo arqueado de desânimo. - Estamos ferrados. Vocês não têm vassoura? Nenhum de vocês sabe voar? - Olhei para os dois, que trocaram olhares incertos e deram de ombros. A sensação de desesperança era quase palpável.

MAY THE BEST WIN - Maxley 🏳️‍🌈🪄✨Onde histórias criam vida. Descubra agora