Capítulo 5 - Bradley sendo Bradley

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- A gente dormiu?! - Ele olhou para mim surpreso, parecendo assustado com a ideia de ter dormido comigo. Até parece que eu, Bradley Uppercrust Terceiro, dormiria com um grifano como esse. Puff, que piada.

Não é de hoje que a Sonserina e a Grifinória são rivais. Diferente das outras casas, essas duas não se bicam de jeito nenhum e sempre estão em competições, a maioria causada por mim, é claro. E eu, como um ótimo sonserino, não vou deixar de caçoar de um grifinório carne fresca como ele.

- Você acha que eu dormiria com você? Ah, por favor, nem se eu fosse gay, meu caro calouro. - Cruzei os braços e virei o rosto de forma esnobe, do meu jeitinho de ser.

- Ufa, que bom. Olha, é que... Eu não sou gay, tá? Eu fico com mulheres e... E só. - Ele diz, parecendo inseguro.

- Sua orientação não me interessa em nada, novato. Apenas achei você jogado no chão e trouxe para cá para não dormir com os ratos. - Se bem que... a Grifinória está mais para ratos ultimamente, e todos sabem o que cobras fazem com ratos. - Me aproximei do garoto com um sorriso de lado.

- Ah... Por que tem essa rivalidade entre as casas? - Ele me pergunta, coçando a bochecha. - As duas parecem boas para mim. - Ele dá um pequeno sorriso inocente.

- Boas? Ah, não me faça rir. - Revirei os olhos com um sorriso cínico. - A Sonserina é a casa conhecida por ter mais bruxos de sangue puro, e estamos massacrando a Grifinória no Quadribol. Então, meu caro, a Sonserina não é "boa", ela é esplêndida, e logo, logo você vai ver isso.

Todos sabem que a Sonserina é lar de vários bruxos poderosos, e tudo isso porque todos são sangue-puros. Às vezes, acontece de algum sonserino estragar a linhagem e decidir casar com algum trouxa. Criaturas nojentas... Quero distância deles, quero que morram, não fazem nada... O que iria fazer de mal eliminá-los? São como baratas...

- O que tem de mais ser um não-sangue-puro? - Ele pergunta, parecendo incomodado.

- O que há de errado? Tudo. - Digo como se fosse óbvio. - Trouxas são como parasitas, crescem a cada momento no mundo mágico, onde deveriam existir apenas bruxos de linhagem pura! - Digo, explicando, e assim que vejo que me exaltei, arrumo meu cabelo e coço a garganta. - Acho que deve concordar comigo, já que é um sangue-puro também. - Olho para ele e digo simplesmente.

- Ah, sim, claro! Eu sou um sangue-puro... também. - Ele começa a gargalhar, parece um pateta, mas ignorei esse acontecimento.

- Se nossa conversa está encerrada, peço que saia daqui agora. - Digo frio e vou até meu armário. - As aulas vão começar logo. É melhor se preparar, novato. Uma pena que não pode ficar na Sonserina, nem todos têm essa sorte. - Ajeito minha capa e tiro um fiapo de pelo que estava no tecido preto.

- É, acho que sim... - Ele se levanta, coçando a nuca. - Valeu por me ajudar.

- Estarei esperando até que estejamos quites. - Digo simplesmente.

O quê? Você achou mesmo que eu não iria cobrar algo? Por favor, eu não ajudo novatos de graça, ainda mais grifinórios, mas tem algo nele que me chama atenção.

Assim que ele sai todo atrapalhado, batendo nas coisas, finalmente solto o ar que nem sabia que estava prendendo. Era estranho ficar na frente dele; ele me interessa. Fiquei um pouco desapontado por ele não ter entrado na Sonserina, mas essas coisas acontecem. O que posso fazer é ignorar esse interesse no calouro e continuar minha vida como se nada tivesse acontecido.

Desde sempre fui considerado o mais popular entre os sonserinos. Meu pai é chefe no Ministério da Magia, um cargo muito bem elogiado, e se tudo der certo, seguirei os passos dele um dia.

Ser popular e um astro no Quadribol me dão algumas vantagens, como, por exemplo, todas as garotas querem sair comigo, até alguns rapazes. Eu não sou de ficar escolhendo por gênero, mas as garotas com quem fiquei são... sem sal, não vejo graça nenhuma nelas, mas ninguém precisa saber disso.

[Flashback]

Estava caminhando até a sala comunal da Sonserina, meus colegas de grupo decidiram ficar mais um pouco na festa, mas eu queria voltar logo, tomar um banho, passar minha máscara facial e ter meu sono de beleza. Não é à toa que sou considerado um dos mais gatos da escola, me orgulho disso.

Assim que estava passando pela sala comunal dos patetas da Grifinória, vejo algo caído no chão. Achei que seria algum tipo de lixo ou sei lá, então me aproximei. Não sou de fazer isso, mas respeito o castelo, ele deve estar sempre limpo e bem cuidado.

Então fui até o entulho e me abaixei para pegá-lo, quando vejo que não era lixo, me assustei.

- Ai, porra! - Dei um salto para trás e percebi que reconheci esse rostinho. É o calouro, o que ele tá fazendo aqui jogado no chão que nem saco de lixo?

Olhei em volta e não consegui ver ninguém da Grifinória. Era só o que me faltava. Não posso deixá-lo aqui, ou posso?

Pensei um pouco e então dei meia-volta. Ah, ele que se lasque...

Mas e se acontecer algo com ele? Ele é novato, pode levar uma suspensão por estar fora do dormitório ao toque de recolher...

E eu lá ligo se grifanos vão se ferrar?!

...Mas ele é novato... Andei de um lado para o outro enquanto pensava, de repente comecei a escutar passos apressados pelos corredores. Por impulso, peguei o calouro, colocando-o em minhas costas e fui rapidamente carregando-o até minha sala comunal.

E agora, se me pegarem com um grifano?! Ah, eu não quero nem imaginar o problema que isso vai dar para minha imagem.

Subi as escadas com ele em minhas costas e abri a porta do dormitório lentamente, olhando em volta para ter certeza de que não tinha ninguém acordado.

A maioria estava dormindo e os que não estavam provavelmente estavam na festa. Tá, é minha festa, mas não quer dizer que tenho que ficar lá até acabar. Se deu meus 15 minutos, já vou embora.

Joguei o calouro na minha cama e o cobri por completo para evitar que alguém o reconhecesse, e agora a questão é: onde caralhos eu vou dormir com esse mendigo na minha cama?!

[Fim do Flashback]

MAY THE BEST WIN - Maxley 🏳️‍🌈🪄✨Onde histórias criam vida. Descubra agora