𝐂𝐚𝐩'21 𝐎 𝐏𝐫𝐢𝐦𝐞𝐢𝐫𝐨 𝐃𝐢𝐚 𝐝𝐞 𝐃𝐞𝐬𝐞𝐬𝐩𝐞𝐫𝐨

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Capítulo 21🎭

𝐀𝐥𝐲𝐬𝐬𝐚 𝐕𝐢𝐫𝐞𝐥𝐥𝐞

Dia 01

Acordei com uma dor intensa na cabeça, os pulsos amarrados firmemente à cadeira onde estava sentada. O ambiente ao meu redor era sombrio e opressivo. Um quarto pequeno, com paredes de concreto frias manchadas de sangue e úmidas. Uma única lâmpada no teto com uma luz fraca e trêmula iluminava o ambiente. O ar cheirava a mofo, e o som distante de água pingando ecoava pelo espaço.

Eu não lembrava de nada do que tinha acontecido. Apenas que tinha sido atacada na parte de trás da cabeça, provavelmente por um de seus capangas. Apenas isso, não sei o que ele fez comigo, onde estavam minhas roupas e a minha esperança. Por quê nosso plano não tinha dado certo?

Antes que eu pudesse reunir meus pensamentos, a porta rangeu ao ser aberta. Daniel entrou, trazendo consigo uma expressão de vitória. Em suas mãos, ele segurava uma lanterna que lançou uma luz intensa sobre mim.

Fechei os olhos por conta da claridade, meu corpo começando á tremer a cada passo dele.

— Bom dia, princesa. — ele disse, com um sorriso frio. — Espero que tenha descansado bem, porque temos muito o que discutir hoje. — seus olhos estavam vermelhos, e a sua coordenação prejudicada, provavelmente por conta de bebida ou drogas.

Ele se afastou por um momento, abrindo dois botões de sua camisa social, arregaçando as mangas. Ele pegou uma pequena mesa com rodas que estava encostada na parede e a trouxe para o centro da sala. Em cima dela, havia vários tipos de instrumentos que me fizeram estremecer. – facas, seringas e outras ferramentas de tortura.

— Vamos começar com algo simples. — disse ele, pegando uma faca pequena e afiada. — Onde está o artefato?

Fechei os olhos e respirei fundo, tentando manter a calma.

— Eu não sei do que você está falando.

Ele suspirou, como se estivesse decepcionado.

— Alyssa, não torne isso mais difícil do que precisa ser. Podemos fazer isso do jeito fácil ou do jeito difícil. — Ele fez uma expressão de nojo exagerada.

— Eu não sei onde está o artefato. — repeti, desta vez com mais firmeza.

Daniel franziu o cenho e se aproximou novamente.

— Tudo bem, então vamos pelo jeito difícil.

Ele pressionou a lâmina contra meu braço, cortando a pele de leve. A dor foi instantânea, mas me recusei a gritar.

— Isso é só o começo. Vai dizer onde está o artefato?

Mordi o lábio para conter um gemido de dor.

— Eu não sei.

Daniel bufou, irritado. Ele pegou uma seringa e a encheu com um líquido transparente.

— Sabe o que é isso? É um soro da verdade. Você vai me contar tudo, quer queira, quer não.

Antes que pudesse injetar o líquido, comecei a me debater na cadeira, tentando me soltar, mas era inútil. Ele se aproximou e prendeu meu braço, forçando a seringa na minha pele. Tentei mordiscar seu braço mas não fui capaz. A sensação foi imediata, um calor se espalhando pelo meu corpo, me deixando tonta e vulnerável.

— Agora, vamos tentar novamente. — disse ele, com um sorriso maligno. — Onde está o artefato?

Minha mente estava nublada, e por um momento, senti a verdade na ponta da língua. Mas reuni todas as forças que tinha para resistir.

— Eu... não... sei.

A frustração de Daniel estava evidente. Ele jogou a seringa vazia de lado e começou a andar pelo quarto, tentando pensar em um novo método.

— Você é mais teimosa do que eu esperava, Alyssa. — Ele se aproximou novamente, desta vez segurando meu rosto com ambas as mãos. — Vamos tentar algo diferente. Talvez um pouco de incentivo físico ajude a clarear sua mente.

— NÃO! — gritei. — Por favor não.

Antes que eu pudesse reagir, ele me deu um tapa forte no rosto, seguido por outro. O gosto de sangue encheu minha boca, e meus ouvidos zumbiam com a dor.

— Onde está o artefato? repetiu ele, a voz fria e implacável.

— Eu... não sei. — consegui murmurar, sentindo as lágrimas começarem a escorrer pelo meu rosto.

Daniel sorriu, satisfeito com meu sofrimento.

— Você vai falar, Todos falam. — Ele se afastou novamente, pegando um dos instrumentos de tortura mais assustadores – uma pinça elétrica.

— Última chance, Alyssa. Onde está o artefato?

Respirei fundo, reunindo todas as minhas forças para resistir.

— Vá para O INFERNO!

Daniel ligou a pinça elétrica, e a dor que se seguiu foi indescritível. Meu corpo se contorceu, e gritos de dor ecoaram pelo quarto. Mas, mesmo assim, me recusei a falar. Após o que pareceu uma eternidade, ele finalmente desligou a pinça e se afastou.

— Você tem coragem, vou lhe dar isso. Mas isso não vai durar para sempre. — Ele saiu do quarto, me deixando sozinha na escuridão novamente.

Minhas forças estavam se esgotando, e eu sabia que esse era apenas o primeiro dia de muitos. Mas, apesar de tudo, eu sabia que não podia ceder. Tinha que resistir, por mim e por todos os que estavam contando comigo.

Minha cabeça doía pelo meu corpo frágil, sangrento. Eu senti pela
Milésima vez nojo de mim mesma. Quando namorei com um babaca na adolescência e ele me assediava sem eu perceber o assédio evidente. Quando fui assediada diversas vezes: na rua, ou na escola. Ou quando passei minha infância e adolescência ouvindo que eu era magra e passei a ter nojo de mim mesma.

Tudo era pior agora. Como Andrey iria me olhar? Eu me sentia, suja, imunda, quebrada, partida, ferida.

Horas se passaram antes que Daniel voltasse. Desta vez, ele trouxe uma pequena garrafa de água e um pedaço de pão.

— Você precisa manter suas forças. Temos um longo caminho pela frente.

Engoli a água desconfiada, sentindo o líquido refrescar minha garganta seca. Depois, ele colocou o pão na minha boca, e mesmo com nojo, mastiguei lentamente, sabendo que precisava de energia para sobreviver.

— Vamos tentar algo novo. — disse ele, pegando uma corda mais grossa. — Talvez um pouco mais de dor ajude. — Ele começou a me bater com a corda, cada golpe mais doloroso que o anterior.

Meu corpo inteiro ardia, mas eu me recusava a gritar. Sabia que ele queria me ver quebrar.

— Alyssa, isso não vai durar para sempre. — ele saiu do quarto, me deixando sozinha mais uma vez.

Minhas forças estavam se esgotando, mas meu espírito permanecia intacto. Eu sabia que esses eram apenas os primeiros passos de um longo e doloroso caminho, mas me recusei a desistir. Na solidão da sala úmida e escura, fechei os olhos e murmurei para mim mesma:

— Eu vou aguentar. Eu tenho que aguentar.

Fim.

𝐀  𝐑𝐔𝐈𝐕𝐀  𝐄  𝐀  𝐒𝐎𝐌𝐁𝐑𝐀  𝐃𝐎  𝐂𝐄𝐌𝐈𝐓𝐄́𝐑𝐈𝐎 [ DARK ROMANCE]Onde histórias criam vida. Descubra agora