Capítulo XXI: Sarah

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Sexta-feira — 15 de março de 1957

João, Willian, Gabriel e Ana estavam reunidos no primeiro andar da emissora. Até o momento, Sarah não foi encontrada. Um sentimento de angústia crescia mais e mais na moça e no jovem de sobretudo, enquanto os outros membros pensavam em todas as situações possíveis que poderiam ter acontecido com a jovem de cabelo tingido.

— Já faz mais de uma semana e... — disse João preocupado.

— Ela ainda não apareceu — completou a loira segurando as lágrimas.

Willian se aproximou da mulher tristonha buscando aliviá-la.

— Tenha calma, Ana. Passaram-se apenas alguns dias. Sarah pode aparecer ainda.

— Willian... Não sei se posso acreditar nisso ainda...

— Se continuar assim, vai nos colocar para baixo também! — exclamou Gabriel irritado. — Vamos continuar com o que estamos fazendo nos últimos dias, não podemos desistir agora.

— Gabriel está certo, Ana. Independentemente do que aconteceu com ela, se procurarmos mais, teremos mais chance de encontrá-la.

— João...

Inesperadamente, o chefe desceu com mais alguns cartazes feitos.

— Se ficarem jogando conversa fora, não poderão achá-la. Preparei mais alguns cartazes, então vão espalhá-los lá fora. Gabriel, Ana, vamos começar a transmissão.

— Ana, não temos muito o que fazer no momento. Tenha fé — falou o afro acariciando o cabelo louro da mulher.

— Nós... ainda podemos ter fé...? — perguntou derramando lágrimas.

— ...

— Ana, também quero acreditar que encontrarei Sarah bem novamente. Mas para isso, precisamos cumprir o nosso papel... Infelizmente, ela não vai aparecer se ficarmos parados aqui — exclamou João.

— Sim. Vamos aproveitar para fazer a nossa parte, Ana. — disse Gabriel se aproximando de loira.

— Certo...

— Vamos, João.

À noite, todos estavam de volta ao andar debaixo da emissora. Como esperado, a jovem não voltou mesmo após mais cartazes e transmissões.

— Droga, não é possível que ninguém tenha a visto andando por aí — afirmou o rapaz de sobretudo.

Os outros colegas se mantinham calados, como se estivessem com a cabeça em outro lugar.

— Se... soubesse que o carnaval seria o último lugar em que eu a veria, teria aproveitado mais...

— Não acredito que deixei ela sozinha a maior parte do tempo... A culpa é minha... — murmurou Ana tentando evitar as lágrimas de caírem em seu rosto.

— Por favor, Ana, não chore... Nós ainda podemos... — Willian foi interrompido pelo chefe.

— Meu deus do céu, podemos parar com isso logo?!

— O que foi, Caio?

— Que saco, vocês ainda tem esperança de que ela vai voltar?!

— Como assim?! — João perguntou intrigado.

— Me desculpe, João, mas, se formos honestos, sabemos sobre a nossa situação!

— O que está querendo dizer?

— Não fiquem mentindo para si mesmos. Todos nós sabemos o que deve ter acontecido com Sarah.

— ...

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