— João, você por aqui? — Ana perguntou impressionada com a volta do rapaz.
— Quem diria, hein? Achei que você iria abandonar a gente — Willian completou enquanto tomava um gole de café.
— Me desculpem, eu tinha passado bem mal por causa daquela bebedeira e não consegui vir.
— Então já sabemos quem é o culpado disso, não é mesmo, Ana? — Willian a encarou.
— E-ei, não venha pôr a culpa em mim! Enfim, João, a Sarah nos avisou de que você não viria para cá hoje, o que te fez mudar de ideia?
— Nada de mais, eu decidi sair de casa para tomar um ar e, quando percebi, já estava aqui.
— Pelo jeito você ama mesmo esse trabalho, e olha que nem começamos.
— Sim, haha!
Ana percebeu a sacola na mão de João e perguntou curiosa:
— O que tem dentro dessa sacola aí? Não me diga que é para gente!
— Tenha respeito, Ana, nem sabemos o que pode ter ou se é nosso!
— Não tem problema, eu trouxe para vocês mesmo! — O jovem tirou uma caixa de biscoitos da sacola. — Acabei comprando no caminho para...
— BISCOITOS DE CHOCOLATE!!!!!! — Ana pegou rapidamente a caixa da mão de João que ficou assustado. Sem esperar, ela abriu e pegou um biscoito de dentro, comendo logo depois.
— Meu deus, você não tem jeito mesmo...
— Cala a boca, ele disse que era para nós! — Ana falou em meio as mastigações, cuspindo alguns farelos no homem de óculos que ficava se limpando.
— A Ana é bem enérgica, haha! Aqui está a sua caixa, Willian.
— Obrigado, mas eu não gosto muito de doces.
— Willian?! — Ana perguntou lentamente enquanto se virava encarando o homem que logo deu um suspiro.
— Ok, pode ficar com a minha caixa.
— Eba! Eu te amo, Willian! – A loira pulou nele o abraçando fortemente, deixando o homem um pouco constrangido.
— Bem, vou entregar o resto das caixas para os outros, até!
— Na verdade, nenhum deles está aqui. — Willian respondeu.
— O quê?
— O Caio e o Gabriel foram resolver algumas questões administrativas, enquanto a Sarah foi buscar o resto dos equipamentos que ela deixou na... Onde que era mesmo?
— Era "Áudio" alguma coisa... você conhece, João?
— Ah, é a Áudiouro, né? Conheço esse lugar.
— Sim, esse. Parando para pensar agora, esse nome é um pouco estranho...
— Willian! — Ana deu um leve soco no ombro do homem. — Tenha respeito no ambiente de trabalho.
— Ei o que eu disse de errado?! Aliás, o Caio não está aqui, não preciso de sermões!
— Ora, e você acha que eu não tenho poder para te dar ordens?
— Tenho certeza que não, ha!
— Seu maldito!
Enquanto Ana e Willian discutiam, João decidiu deixar a emissora. Colocou a sacola no balcão e saiu de lá a caminho da Áudiouro.
Andou por alguns minutos até que, no meio do caminho, percebeu duas pernas pálidas e finas caminhando em sua direção, e junto com elas, um amontoado de caixa em cima de dois braços.
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O Rádio do Diabo
Mistério / SuspenseNo final dos anos 50, a era da informação e do entretenimento estavam chegando no seu auge até então, e no Brasil não era diferente. Em São Paulo, diversas emissoras de rádio foram criadas e ganharam fama ao redor do país e do continente. Com isso...