Capítulo XXIV: Amizade

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Terça-feira — 11 de junho de 1957

Após acordar, João saiu de seu quarto e foi até o banheiro para se limpar. Jogou um pouco de água no rosto, saiu e desceu para o segundo andar.

Na cozinha, ainda se via aquela bagunça nojenta no balcão, mas com a adição da sacola de compras do dia anterior. Caminhou até a sacola e retirou todos os itens, colocando-os em algum espaço vazio que havia alí.

Em seguida, pegou dois pães da outra sacola e abriu o pote de manteiga. Após esfregar levemente um pão na manteiga, comeu. Era uma refeição simples, porém superior a todas as outras que tivera antes.

Enquanto se deliciava com a comida, pegou a garrafa de leite e abriu-a, tomando o líquido logo depois.

Ao terminar o café da manhã, seguiu para o celeiro para iniciar suas atividades.

Passou-se um tempo até João quase finalizar as plantações que faltavam. Com a enxada nas mãos, agredia fortemente a terra que em breve receberia várias sementes.

Depois, arremessou a enxada no chão e pegou as sementes que seriam plantadas no local.

De repente, ouviu um prazeroso assobio vindo do portão do sítio:

— Nossa, não sabia que por trás dessa carcaça de ser humano havia um homem tão másculo, haha!

João virou-se para o portão, percebendo a presença da loira da mercearia.

— Bom dia, Alice. — E logo voltou ao trabalho.

— Ei, o garotão vai me ignorar mesmo? Vem para cá, João!

— O que você quer? Estou no meio do trabalho.

— Não se lembra do que falei na mercearia? Viria para te trazer algumas surpresinhas!

— ...

— Escapar do meu pai foi difícil, sabe? Retribua o meu esforço com um pouco de gratidão!

O rapaz caminhou até o portão curioso para saber a tal surpresa de sua amiga de infância, que estava com as mãos nas costas.

— O que é?

— Nem pense em tocar em mim! Só te mostrarei quando abrir o portão.

— ...

— Vamos, abra!

— Continua exigente mesmo após esses anos.

— Quer saber, vou embora e contarei para meus pais que fugi para te ver, assim nunca me permitirão que eu te encontre novamente.

— Dramática, também.

— Hunf.

João pegou o molho de chaves do bolso de sua calça rasgada e abriu o portão.

— Obrigada, João!

— De nada.

— E agora, aqui estão as coisas que te prometi.

Alice estendeu os braços, mostrando uma cesta de piquenique coberta por um pano e uma sacola em cima.

— O que são essas coisas?

— Abra e você descobrirá!

João retirou a sacola de cima da cesta e o pano por cima dela, revelando vários biscoitos de chocolates.

Antes que pudesse dizer algo, o homem pensou:

"Rosa..."

— João, o que aconteceu? Ficou calado de repente.

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