Capítulo 05

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CAROLINA MARIA

''alguns acordes me transportam para um lugar no passado;
aprendi a gostar de museu e agora eu guardo nosso retrato
em algum lugar da memória afetiva você me visita e eu acho chato'' - teia. flora matos, warabeats''
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Ao entrar na faculdade, me perguntei se eu mudaria ou continuaria na mesma essência da adolescência. Quando você se é adolescente, costuma pensar que é maduro o suficiente para lidar com as situações da vida e compreender tudo que acontece ao seu redor. Mas quando enfim a vida adulta chega, a rasteira que a gente leva sobre amadurecimento é impactante.

A faculdade me serviu para mudar o meu psicológico, os meus medos e as batalhas internas. Eu tinha pavor de falar em público, não conseguia completar uma frase sem precisar repetir tudo do início, mas ao decorrer da graduação as coisas foram mudando para a melhor. Óbvio, teve coisas que só de pensar, tenho vontade de me enfiar dentro de um buraco e nunca mais me retirar.

E então, comecei a gostar das festas da faculdade. Gostava da ideia de não poder ter registro em fotos em respeito aos futuros juízes e desembargadores, a atlética de direito imaginava a consequência que poderia ser em alguém filmar e no futuro em uma audiência o cliente dizer ''mas eu vi um vídeo seu dançando boquinha da garrafa''. Claro, também tem as partes obscuras que ninguém conta de como é se envolver com o professor de direito penal.

Contudo, após a faculdade, não me mantive tão sociável e agora estou cá, animada desde da hora que acordei ouvindo uma playlist de pagode e me arriscando em alguns passos. Gosto dessa ideia de conhecer pessoas e de fazer novas amizades no trabalho, mas também gosto da ideia de dançar um pouco.

— Mas mulher, eu já te falei que não precisa — O sotaque nordestino de Nathalia, a dona da festa, soa brincalhão após eu perguntar se precisaria levar alguma coisa para comer ou beber. — Contratei um buffet, a única coisa que eu quero é a tua presença.

— Então tá, vou ir me arrumando e se você precisar de sei lá, copo, me liga — Desligo o telefone e continuo ouvindo minha playlist. Nathália se tornou uma amiga, me manteve acolhida e sempre me apresentava para as pessoas, além de me comprar um brigadeiro da lanchonete da esquina do fórum toda sexta-feira. 

Me preocupo em vestir algo casual e que não seja tão formal já que basicamente todas as minhas roupas se resumem em saias lápis, blusas socias e salto alto. No fundo do guarda roupa, encontro uma saia rosa com algumas flores brancas que dão um detalhe verão e também para combinar com o tipo de festa, na parte de cima escolho uma regatinha preta que aparece um pouco a minha barriga e os últimos detalhes serão em acessórios dourados.

Começo a me preparar fazendo uma massagem e esfoliação na pele, gosto de ter a oportunidade para fazer um banho premium plus. Me deito na cama com o corpo lisinho e pele fresca, gosto da sensação que vem até mim e deixando meu corpo muito mais leve.

Faço uma maquiagem mais leve por conta da temperatura e pela razão que já estou começando achar minha roupa chamativa. Finalizo com o meu calçado e chamo um Uber visto que pretendo consumir bebida alcoólica.

Desço do Uber o agradecendo pelo corrida ou talvez mais pelo fato que ele não me sequestrou. Observo a casa grande diante de mim, revestida em um branco com um marrom e empurro a pequena porta de madeira que separa a casa diante de mim. Me sinto invasiva, mas continuo andando pelo corredor do lado esquerdo e posso ouvir uma batida de alguma música que não consigo reconhecer.

Me deparo com um grupo de pagode cantando alegremente enquanto tem umas pessoas sambando na frente, outras pessoas sentadas nas mesas de madeira que imita as de bar de esquina, garçons passando de um lado para o outro e uma espécie de bar perto da piscina.

MY KIND OF LOVE | capitão nascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora