Capítulo 14

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CAROLINA MARIA

— Se eu soubesse que você se afastaria da sua família depois que entrasse na faculdade, jamais teria permitido que entrasse — Papai diz e sua voz que é pesada, tira a minha concentrando da televisão e me assustando um pouco.

— Entendi. Voltamos para os anos 60 — Tento soar um pouco mais engraçada e meu pai que por natureza já tem a expressão autoritária na rosto, acredito que ele realmente esteja falando sério. — Ai pai, você sabe onde eu moro e sempre pode ir me visitar.

— Eu que sou o pai. Certeza que se eu morrer você só vai descobrir depois do enterro — Começo a rir depois da sua fala dramática e me levanto do sofá e caminho até sua poltrona. Jogo meus braços ao redor do seu ombro e o abraço forte. — Você é a minha menina, Cacá. Independente se você tem 26 ou 6, sempre a minha menina.

— Você tem o Júnior. Ele merece muito mais a sua atenção — Pode até parecer que sou ciumenta, mas realmente acho que meu irmão mereça muito mais a sua atenção. Essa idade os meninos costumam a querer experimentar outras coisas; e mesmo que Júnior tenha um pai em casa, isso não o impede de nada. — Pai, os meninos nessa idade já fazem loucuras.

— O Júnior é um menino centrado, não tenho com o que me preocupar — Ergo a sobrancelha para ele. — O que foi, Carolina?

— Não sei, pai. Na idade dele eu não poderia sair sem precisar avisar — Me levanto voltando para o sofá que estava sentada. — Esquece, deve ser coisa de irmã mais velha.

A realidade é que a criação vai sempre diferente. Pais acham que os filhos homens são centrados e não vai cometer nada de errado, enquanto quanto ser menina de quatorze e beijar na boca cedo já é tratada como ''vagabunda''. Me preocupo com o meu irmão; o mundo está oferecendo muitas coisas que a família muitas das vezes não podem impedir e o que mais recebo são jovens entre seus 16-18 anos de idade já portando todos os tipos de drogas.

Me acomodo mais uma vez no sofá e presto atenção no jogo que está passando, um clássico entre Vasco e Flamengo. O Vasco está levando a melhor, o que me deixa feliz e o meu pai com uma carranca por está vendo o time perder. Em algum momento do jogo, já no final, a campainha toca e eu olho para o meu pai que se levanta.

— Temos visita — Diz ele enquanto calça suas havaianas e caminha até a porta desaparecendo.

Ajeito a minha postura em saber que tem outra pessoa na casa além de mim. Minha mãe saiu para para o mercado e Júnior está na escola fazendo alguma atividade extracurricular. Ouço a voz do meu pai e a porta sendo aberta.

Roberto entra atrás do meu pai e parece está tão surpreso quanto eu estou em lhe ver. O nosso último encontro tinha sido quente e no final, tudo se dissipou quando cai na realidade. Observo suas roupas que são as habituais do trabalho, blusa preta com o símbolo do BOPE e a calça da mesma cor. Seus olhos percorrem pela extensão da casa em busca de mais outro ser e meu pai olha de mim para ele de forma engraçada.

— Cacá, eu já tinha marcado com ele antes de você chegar — Diz meu pai, despreocupado. — Vamos tomar um café todos juntos?

— Café?! Está ficando tarde, pai — Contesto e me levanto olhando para o mais velho entre nós. — Até onde eu sei o senhor é cardíaco, não deve tomar café tão tarde.

— Até onde eu sei, meu coração está muito bom. Você aceita um cafezinho, Nascimento?

Roberto diz um sim breve e meu pai passa por mim indo na direção da cozinha. Olho para Roberto que está plantado no mesmo lugar desde que chegou, ele parece reprimir um riso e o encaro.

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⏰ Última atualização: Sep 10 ⏰

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