Capítulo 13

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ROBERTO NASCIMENTO

Eu nunca me dou por vencido e em cada lugar que me coloco, entrego o meu melhor. Comigo é sempre tudo ou nada, com Carolina já tem sido nada. Me deixa frustrado em saber que estou indo atrás de alguém que visivelmente não me quer e já não sei mais o que fazer. Caraca, iludi tanto a menina para esse ponto? Sempre foi super sincero com ela, a cada momento foi bom e prazeroso. Só que sempre foi isso; prazer.

As mulheres nunca sabem dividir o ''eu quero você e o seu coração'' e ''só quero o seu corpo''. É meio babaca pensar nisso, mas eu só queria o corpo dela. Agora? Eu só busco pela sua atenção.

A água quente bate nas minhas costas e deixo levar todos os meus pensamentos mais impuros para o ralo. Estou agindo como um moleque na puberdade.

Não demora muito para que eu desligue o chuveiro e me enrole na toalha. Caminho até o meu quarto; pego uma roupa casual e decido que hoje vou sair. Não para encontrar ninguém, apenas para espairecer e quem sabe encontrar uma diversão momentânea. Algum tempo atrás Rosane fez um cadastro familiar em um clube, era para ser dias de folgas que passaríamos lá e percebo agora que se fui três vezes, foi muito. Agora para aproveitar cada centavo que continua sendo descontando no meu cartão, nada melhor do que beber uma caipirinha e perder o meu tempo fingindo que estou esperando por alguém.

Pego minha carteira, óculos de sol e as chaves da carro. Entro no meu carro e dou partida para esse tal clube, tenho certeza que só vai ter gente metida a besta, idoso e aqueles velhos rico com meninas mais novas para esbanjar para os amigos. Na entrada, que é bem pitoresca, tem dos pés de coqueiro em cada lado com um portão enorme e um identificador. Coloco o meu rosto ali e rapidamente o portão se abre e uma mulher agradece a minha entrada através de um rádio.

Entrego a minha chaves do meu carro para um manobrista que anota alguma coisa em um tablet e depois tira uma foto minha. Quanto coisa só para guardar um carro, estou me sentindo na prova do DETRAN. A minha roupa que é uma bermuda caqui azul marinho e blusa branca como o meu chinelo, de certa forma me faz parecer digno desse lugar. 

— Bom dia, senhor — Um garoto que deve ter por volta dos seus dezesseis anos me aborda. — Já fez sua reserva para um dos nossos restaurantes?

— Não era para você estar na escola? — O questiono. Mesmo que hoje seja minha folga, mas ainda continua sendo dez e meia da manhã de uma quarta-feira.

— Sou jovem aprendiz, senhor. Estudo só a noite — Diz sincero. A impressão é que ele está olhando para mim, mas na verdade os seus olhos estão acima do meu ombro. — Gostaria de uma indicação de um bom restaurante? Passatempo?

— É, pode ser.

— Olha, o senhor me parece ser o tipo de pessoa que gostaria de comer um bom churrasco? — O menino que no crachá está se identificando como Maicon, pergunta e eu balanço a cabeça positivamente. — Excelente. Te indico o cow in the road, perto de um dos nossos casinos. Tenho certeza que assim que se alimentar, vai querer testar a sorte.

Não respondo e ele me entrega um cartão pedindo para identificar após cada pagamento. Talvez seja algum tipo de cortesia para o menino.  Cow in the road, só pode ser brincadeira.

Atravesso um pátio e dou de cara com uma parte que tem bastante gente, o que me impressiona. Algumas babás correm atrás das crianças enquanto brincam em um parquinho e senhoras sentadas abaixo de um deck com umas xícaras de porcelana. Se for chá, eu me mato. Não tenho problema nenhum em tomar chá, tem até uma caixinha de camomila perdida no armário da cozinha em minha casa, mas em um calor de quase 40°C no Rio de Janeiro? É de perder o juízo.

MY KIND OF LOVE | capitão nascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora