028

2.6K 262 144
                                    

Heloísa

Meu celular vibrava incessantemente com ligações de Caio Henrique ou de Giuliano. Conversei com as meninas, e elas disseram que inventaram uma desculpa, afirmando que eu estava mal, e por isso eles não quiseram fazer cena em público. Cheguei ao ponto de desligar meu aparelho só para ter um pouco de paz; tudo o que eu queria estava comigo de qualquer forma. Anoiteceu e dormimos na casa do Joaco mesmo. Pela manhã, ele voltou com minha amiga e então fomos para a casa do colombiano. Domingo!

── Se liga, Heloísa. — Richard falou, encarando seu celular e em seguida me olhando. ── Quais as chances da gente conseguir ir até tua casa e voltar?

── Por quê? — Perguntei.

── Você tem seus desenhos no celular? De roupas, ou alguma peça que você já fabricou para casamento e para mulher. — Falou, encarando o celular. ── Ou consegue fabricar em algumas horas? Ela está grávida, tem que ser algo com espaço para a barriga.

── Ríos, o que você tá tramando? Eu nunca fiz um vestido de noiva.

── Ela é madrinha e é filha da Leila, o vestido que ela ia usar não ficou pronto a tempo e ela tá surtando e chorando com esse problema fútil. A Leila perguntou no grupo se ninguém sabia de alguma loja, e eu falei que você fabrica roupas lindas, até para grávidas, mas eu nunca vi uma roupa sua para grávidas. Ela disse que te paga o que você quiser, mas que precisa para hoje!

Fiquei o encarando, tentando raciocinar, e em seguida concordei com a cabeça. Ainda são onze da manhã; se eu pegar as medidas da menina e começar agora, consigo até umas três da tarde, chutando longe.

── Que horas é o casamento? — Perguntei.

── Ela disse que vai precisar até as quatro, que é o horário que ela vai ir.

── Tá, vou te encaminhar meus modelos de vestidos que combinam com a ocasião e você manda para ela. Se ela quiser, eu faço! — Falei, pegando meu celular e ligando ele pela primeira vez desde o ocorrido na noite passada.

Inúmeras ligações, mensagens e áudios dos dois que eu apenas ignorei. Abri o WhatsApp com Richard e encaminhei alguns desenhos enquanto continuava deitada no sofá com minhas pernas sobre as dele, sentindo suas mãos massagearem a região enquanto eu soltava novamente o aparelho das minhas mãos. Encarei o teto e fiquei pensando longe, comecei a imaginar talvez um futuro ao lado dele e cogitar a ideia de ir junto para outro país quando fosse necessário ele ir. Às vezes, sinto como se tivesse perdido muito da minha vida por ter namorado tão jovem, mas a verdade é que não foi o namoro que me prendeu, mas sim quem eu namorei. Eu tranquilamente conseguiria namorar com o colombiano sem sentir como se a relação fosse um fardo, fora que o mercado de moda na Europa é bom, melhor do que no Brasil!

Só foi algo que me pegou de surpresa.

── Ela quer o segundo, com a fenda na perna, e quer na cor rosa bebê. — Me encarou.

── Eu tenho o tecido em casa, vamos buscar, pede as medidas dela para mim, por favor. — Falei me levantando, e ele então me encarou.

── E o seu pai?

É um empecilho! Mas tudo parece possível ao lado dele, não sei por quê, me sinto mais forte quando estamos juntos. Acho que meu pai não vai querer dar uma de maluco se ele estiver comigo, ou talvez queira!

em teu olhar, richard ríos. Onde histórias criam vida. Descubra agora