em teu olhar, richard ríos.

021

Em teu olhar, vi meu destino
Hoje é como eu quis
Você me fez amar
Me ensinou a ser feliz
Nas horas mais difíceis, me ajudou a superar

Em teu olhar - Daleste

Heloísa

Enquanto estava com o Richard durante o dia, meu pai me ligou e disse que eu preciso ser uma noiva melhor, me obrigando a lembrar o inferno que eu estou vivendo com Caio. Caio Henrique! Talvez para não levantar suspeitas eu só fui até a casa dele como o loiro havia solicitado, eu tenho a chave então só entrei. Meu olhar percorreu pelo local, admirando a decoração extremamente moderna e luxuosa, assim como foi da vontade da minha ex-sogra. Caminhei até a cozinha e vi o loiro sentado na mesa com uma taça de vinho nas mãos, bebericando.

── Finalmente chegou, Lolô. — Falou se levantando e vindo até mim, beijando minha bochecha enquanto eu continuava quieta. Vestia uma calça de alfaiataria e uma camiseta social, provavelmente saiu do trabalho há pouco. Seu cheiro de álcool entrega seu estado. ── Achei que tinha coisas mais importantes para fazer do que estar com seu noivo!

Eu preciso agradar meu pai, mesmo que isso custe minha infelicidade porque eu dependo dele! Fechei os olhos e concordei com a cabeça, viajando mentalmente até a época em que tínhamos quinze anos e estávamos ainda nos apaixonando, a época em que tudo era de verdade, quando eu tinha a plena certeza de que Caio Henrique seria o homem na qual eu viria a casar e ter filhos! Isso me ajudou a fingir melhor.

── Claro que não, Caio! — Abri novamente meus olhos e o encarei. ── Tô ocupada com os estudos, você sabe disso. — Forcei um sorriso e ouvi a risada sarcástica do loiro na minha frente.

── Com os estudos, Heloísa? Com os estudos ou com uma outra pessoa? Um jogador de futebol, talvez? — Perguntou com mágoa balançando o vinho na taça e eu desviei o olhar. ── Minha mãe disse que viu você junto de um tatuado alto. Você anda distante, distraída...

── Tá insinuando o que? — Questionei cruzando meus braços.

── Só estou questionando. Está me traindo? — perguntou, se aproximando com um olhar predatório.

A voz do meu pai dizendo que, se eu não continuasse com Caio Henrique, eu teria que me virar sozinha e morar com minha avó em outro estado, começou a ecoar pela minha mente, deixando-me aflita e me instigando a continuar com essa bola de neve que essa mentira está se tornando. Nossa discussão no dia em que ele viu Richard lá em casa! Eu não posso jogar tudo para o alto faltando menos de três meses para a minha formatura. Uma formatura que meu pai está pagando também, eu dependo dele, eu não posso ir contra ele agora! Depois sim, agora não.

── Não — Respondi em um fio de voz. ── Eu não seria capaz disso, você sabe!

Sua mão segurou meu queixo com força, me forçando a encará-lo enquanto eu sentia novamente o pânico daquela noite me invadir.

── Não brinque comigo, Heloísa. — O loiro sussurrou com seus olhos faiscando de raiva, o que me amendontrava. ── Você sabe o que acontece quando eu me sinto traído.

Ele apertou meu queixo com mais força, e uma lágrima solitária escorreu pelo meu rosto. Minha mente estava a mil, procurando uma saída, mas tudo o que eu conseguia sentir era medo, minhas pernas travaram no chão e eu não conseguia rebater.