capítulo 1

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— Acho que você veio ao lugar errado  — disse o fantasma dos uchihas enquanto eu me sentava diante dele em seu escritório. — A vaga de garçonete é lá no restaurante Casa da Fazenda, se você quiser deixar seu currículo.

Sentar-se diante de um homem como o Fantasma fazia uma pessoa se sentir a menor criatura do mundo. É claro que o nome dele não era fastama, mas todo mundo na cidade o chamava assim. Ele era um senhor de idade já, com seus 80 anos, e tinha uma presença marcante.

Era impossível morar em Konoha e nunca ter ouvido falar do fantasma. E ele fazia jus ao apelido. Ele era um homem grande, na altura tinha mais de 1,95 metro e pesava uns 115 quilos, fácil. Naquela idade eleandava muito curvado, apesar de se mover mais devagar. Sempre vestia o mesmo tipo de roupa todo santo dia. Uma blusa xadrez com macacão, botas de caubói e boné. O armário dele devia ter um milhão de camisas xadrez e macacões. Ou a esposa dele, Milko, lavava roupa o tempo todo.

Konoha, Japão, era um lugar desconhecido para a maior parte do mundo. Nossas estradas eram de terra, e a maioria de nós vivia sem um tostão. Se você tinha emprego em Konoha, era um sortudo, apesar de provavelmente ganhar uma miséria. Na melhor das hipóteses, seu salário seria a conta para pagar as despesas do mês.

Na pior, você pegaria um empréstimo com o Fantasma, que jamais esperaria receber o dinheiro de volta, apesar
de fazer você se lembrar constantemente de que tinha uma
dívida com ele. O velho Hiruzen da oficina ainda devia cinquenta mil ao Fastama. A dívida existia desde 1987, e eu duvidava de que seria quitada um dia. Mesmo assim, o fantasma fazia questão de trazer o assunto à tona, todo emburrado, em todas as reuniões da cidade.

O uchiha era basicamente o patrocinador de Konoha. A cidade
inteira girava em torno do Rancho de konoha, que era administrado por
ele. Das plantações aos rebanhos de gado, o Fantasma tinha feito algo que ninguém mais ali parecia capaz de fazer - criado algo duradouro.

O Rancho de Konoha estava em pleno funcionamento havia mais de sessenta anos, e a maioria das pessoas que tinha emprego na cidade trabalhava para o fantasma.

Se não fossem funcionárias do
rancho, eram do restaurante Casa da Fazenda.

Eu com certeza não tinha ido ao escritório dele atrás de um emprego como garçonete, mesmo que eu não parecesse levar jeito para trabalhar no rancho.
— Com todo o respeito, seu Fantasma...

— Uchiha — corrigiu ele. — Não me venha com essa lenga-lenga de "seu Fantasma ". Só Uchiha mocinha. Não faça com que eu me sinta mais velho do que já sou, além do mais ainda não temos intimidade o suficiente.

Engoli em seco.

— Tá. Desculpa. Uchiha, com todo o respeito, não estou interessada numa vaga no restaurante. Quero trabalhar no rancho.

Os olhos dele me analisaram de cima a baixo, observando minha aparência. É claro, eu tinha certeza de que a maioria das garotas da minha idade não teria o menor interesse em chafurdar nos chiqueiros ou nos estábulos, mas eu precisava daquele emprego e não iria embora até ser contratada.

— Você é meio diferente do pessoal que trabalha pra mim.

Ele bufou e fez uma careta. Não levei para o lado pessoal, porque o Fantasma vivia bufando e fazendo cara feia. Se ele um dia sorrisse para mim, eu acharia que queria me matar.

— Não sei se você levaria jeito pra trabalhar nos celeiros — explicou ele, revirando sua papelada.

— Com certeza a Milko pode arrumar uma vaga decente no restau...

— Não quero uma vaga no restaurante — insisti mais uma vez. Então fiz uma pausa e engoli em seco, me dando conta de que havia interrompido o fantasma.

Um amor desastroso ( versão Sasusaku)Onde histórias criam vida. Descubra agora