capítulo 22

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                           Sasuke

As pessoas sempre dizem que você sente falta de casa no segundo em que vai embora, mas eu não acreditava nisso. Eu não sentiria saudade de nada ali — nem um pouco. Eu não sentiria falta de trabalhar nos chiqueiros nem de conviver com gente de mentalidade pequena. Não sentiria falta do esterco nem de carregar feno. Não sentiria falta dos mosquitos assassinos. Não sentiria falta das coisas que formavam Konoha, mas sentiria saudade das pessoas.

De três pessoas, para ser mais exato.

Eu sentiria saudade da minha avó e de sua comida caseira. Sentiria saudade dela fazendo questão de ir à minha casa para dobrar minhas roupas, apesar de eu dizer que podia fazer isso sem a ajuda dela. Sentiria saudade dos seus abraços e do seu carinho. De suas palavras sábias. Do seu otimismo. De suas doses diárias de amor.

E sentiria saudade do fantasma também. Eu provavelmente sentiria falta até das suas broncas por bobagens. Sentiria falta do seu estilo paternal durão. Sentiria falta dos quase sorrisos que ele dava quando você fazia algo que o deixava orgulhoso. Sentiria falta do seu jeito irritado e do seu amor rabugento.

E então havia Sakura. Tudo dela me daria saudade. Até mesmo as coisas que eu ainda não conhecia.

Fiquei sentado ali no barracão observando as estrelas. O celeiro ficava a algumas dezenas de metros de distância, e a festa corria solta lá. Eu tinha dito para a minha avó que a gente não queria uma festa de despedida, então é claro que ela e o fantasma organizaram uma festa de despedida para nós.

— Você vai passar a noite toda aí, pensando, ou vai pra sua festa, comemorar sua liberdade? — perguntou alguém. Ergui o olhar e vi Sakura usando um dos meus casacos de moletom e um short preto. Suas coxas pareciam macias e grossas, e, porra, como eu queria me enfiar no meio delas e ficar ali por um bom tempo. Ela usava seu par favorito de tênis pretos
da sorte. Meus tênis. Não havia como negar que eles ficavam muito melhor nela do que em mim.

— Você sabe que não estou nem aí pra festa — respondi. — Eu preferia passar minha última noite com minhas pessoas preferidas.

— Tipo quem?

Abri um sorriso malicioso. As bochechas de Sakura ficaram vermelhas quando ela sorriu para mim.

Aquelas bochechas que eu tinha tanta vontade de beijar.

— Que tal você vir aqui pra fora e passar um tempo comigo? Estou com vontade de balançar nos pneus.

Obedeci e fui atrás dela quando saí do barracão.

Ela seguiu na direção dos velhos pneus pendurados em dois carvalhos. Bem atrás deles, havia um poço dos desejos que tinha sido aposentado bem antes de eu nascer, mas as pessoas continuavam indo até lá para jogar moedas, torcendo para que seus sonhos se realizassem.

Sakura enfiou a mão no bolso de trás e pegou duas moedas.

— Você acredita em mágica? — perguntou ela.

— Desde que você apareceu, todo dia acredito um pouco mais.

Ela me deu uma moeda.

— Então faz um desejo. Mas tem que ser bom. Já ouvi falar desse poço... Que as pessoas vêm até aqui pedir por dinheiro, filhos e casamento. E tudo se realiza.

Fui jogar a moeda no poço, e Sakura pulou na minha frente.

— Espera, Sasuke! Não é pra jogar assim. Você precisa dar um tempo pro seu desejo ficar bem claro. A gente só tem uma chance de dizer as palavras do jeito certo. Não desperdiça a chance.

Um amor desastroso ( versão Sasusaku)Onde histórias criam vida. Descubra agora