capítulo 7

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Sakura

Sasuke saiu com raiva, xingando baixinho ao bater a porta do barracão com força. O lugar todo estremeceu, e engoli o nó que havia se formado em minha garganta.

Caramba. Aquele homem com certeza sabia me deixar nervosa. Fiquei muito confusa com aquela conversa toda. Era
como se ele continuasse sendo grosseiro e mal-humorado, mas
também... legal? Era legal oferecer um lugar para alguém ficar, mas eu não conseguia tirar da cabeça que o convite vinha com certas condições. Eu tinha jurado que jamais aceitaria nada de
homem nenhum. Assim, ele jamais poderia jogar isso na minha cara.

Passei anos vendo Danzo ficar se vangloriando por eu e mamãe morarmos na casa dele. Por comermos a comida que ele colocava na mesa, por dormirmos em uma cama que ele nos
dava. Nada que tínhamos nos pertencia, e eu odiava o fato de que ele usava aquilo contra nós, dando a entender que não éramos nada sem a ajuda dele.

De agora em diante, tudo que eu tivesse seria conquistado por mérito próprio.

Bom, tirando o barracão que invadi. Eu teria que dar um jeito de pagar ao fantasma pelo tempo que estava ficando na Betsy.

Pois é. Isso mesmo. Resolvi chamar o barracão de Betsy. E, puxa vida, se as paredes pudessem falar, elas teriam muitas histórias para contar.

Meu Deus. Eu estava me sentindo tão sozinha que não só fiz amizade com os cavalos como também passei a conversar com objetos.

Eu precisava parar de me isolar tanto... O mais rápido possível.
Eu nem sempre tinha sido assim - sozinha. Quando era pequena, eu tinha uma melhor amiga chamada Hinata - que não era uma égua nem um barracão, e sim uma pessoa de verdade, de carne e osso. Hinata era filha de um dos clientes de Danzo. Às vezes, eles vinham fazer negócios na nossa casa, então os adultos nos mandavam para o quintal, para não atrapalharmos.

De vez em quando, eu e Hinata brincávamos fingindo que éramos bruxas e criávamos poções mágicas que nos levavam para mundos mágicos. Em outros dias, a gente fingia que tinha uma banda só de meninas. Nós escrevíamos as letras das músicas e
cantávamos para os esquilos.

Hinata me fazia tão bem. Ela era minha melhor amiga e a primeira pessoa que me acolheu em Konoha. Quando o pai dela finalmente largou o vício e se mudou, nós duas passamos um
tempo nos correspondendo, mas as cartas foram ficando cada vez mais curtas, até pararem por completo.

Imagino que Hinata tenha encontrado um mundo fora de Honoha, e eu não a culpava por isso. Quando eu conseguisse sair dali, também não pretendia olhar para trás.

Uma exceção à regra.

Era isso o que a amizade com Hinata significava para mim. Eu nunca criei a mesma proximidade com outra pessoa, e ficava de coração partido quando pensava que nossa amizade era algo
raro. Eu tinha certeza de que nunca mais seria tão próxima de ninguém - além de Kiba. Mas, para ser sincera, o que eu e ele tínhamos não era uma amizade. Claro, nós saímos por um
tempo, mas não conversávamos sobre nada. No geral, a gente só se pegava, e eu ficava assistindo enquanto ele se drogava e passava horas jogando videogame. Não se tratava exatamente
de um grande romance.

Então eu acabava conversando com as paredes e torcendo para que a madeira ao redor fosse grossa o suficiente para
guardar todos os meus segredos.

Quando acordei na manhã seguinte, saí do barracão e encontrei uma cesta cheia de coisas. Garrafas de água, escova e pasta de dente, uma caixa de cereal e um jarrinho de leite com
uma tigela e uma colher. Além disso, havia um colchão de ar de casal com um conjunto de roupa de cama e um edredom.

Um amor desastroso ( versão Sasusaku)Onde histórias criam vida. Descubra agora