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20:30 em Londres. Ruas vazias por conta da forte frente fria, casais de conchinha, mães cuidando de seus filhos, lhes entregando canecas de chocolate quente e beijos na testa calorosos. Tudo que Melanie queria no momento, porém o único beijo que estava recebendo era do chão gelado contra sua bochecha.

Novamente ali, no chão. No fundo do poço, sem ninguém e o pior de tudo: Se sentindo péssima consigo mesma.

Ela queria ligar pra alguém, pois não aguentava o silêncio daquele apartamento e o barulho que fazia em sua mente, separados eles eram fáceis de aturar, porém juntos faziam ela querer morrer.

No entanto, um barulho em específico a tirou naquela nuvem por um breve momento. Um som. O som de sua campainha. Melanie levantou o rosto e se levantou com dificuldade e demora, que rendeu tempo para a pessoa em sua porta tocar aquele botão de novo.

A jovem editora olhou pelo olho mágico e teve a mais linda surpresa em ver aquele que ela tanto queria chamar ali, com um buquê de girassóis em sua mão.

Satoru olhava em seu relógio enquanto esperava a porta ser aberta. Parecia impaciente, ou ansioso. Nada negativo, pois ele nunca emanava essa energia, e naquele momento era o que Melanie mais queria, uma energia positiva, um colo, um abraço. Seu melhor amigo.

A porta foi aberta e no mesmo segundo em que Satoru pôs os olhos na pequena mulher, ele logo notou que algo estava errado.

Seu semblante se tornou de extrema preocupação o que fez ele entrar na casa sem ao menos Melanie conseguir convidá-lo.

- Melanie... O que aconteceu com você - Ela não conseguia responder,pois seus soluços não permitiam. - Alguém machucou você? Quem foi? Foi aquele loiro desgraçado?

O esbranquiçado jogava as palavras para fora com muita rapidez, não deixando Mel ter chance de responder a algumas daquelas perguntas, então ele mesmo tirou suas conclusões e em um segundo ele estava abraçando o corpo pequeno e frágil da mulher, no outro ele estava indo com passos pesados e agressivos até a porta de Kento.

- NÃO! - A morena de cabelos cacheados esbravejou - Não foi ele... Foi meu pai. Ele esteve aqui.

Os olhos azuis como o oceano se arregalaram surpresos, mas Gojo não ficou ali parado absorvendo aquela notícia por muito tempo e logo tomou a menor em seus braços em um abraço tão caloroso quanto o primeiro, fechou a porta com seu pé e cuidou dela a noite inteira.

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- Hm... esse sorvete é melhor do que aquele que nós tomamos mês passado.

-Não acho, acho que aquele ainda era melhor.

- Qual é Mel...- Ele sorriu abertamente - Aquele tinha gosto de pé!

- Ei... Eu tenho gostos peculiares, não me critique.

- Deu pra perceber...

Os dois riram enquanto davam mais uma colherada no pote de sorvete que estava no congelador da morena, enquanto assistiam um filme que passava na televisão.

Satoru conseguiu relaxar a mais nova de um jeito tão suave que estava aparentando que ela tinha ingerido algum remédio ou fumado algum baseado, mas não, se ela estava sob efeito de algo era apenas da boa e divertida companhia de seu amigo.

- Como você está, Mel?

Ela respirou fundo e respondeu.

- Agora estou...- mirou seus olhos na caneca para tentar não ficar chorosa novamente. - Não sei o que teria acontecido se você não tivesse aparecido. Muito obrigada.

Os olhos dela agora estava mirados nos dele, e agradeceram a ele mais do que qualquer palavra.

- Fiquei na dúvida se você queria me ver ou não, por isso não apareci antes, mas não teve um só dia que eu não me arrependesse. - Mel não sabia o que responder, então apenas ficou ali olhando para ele com um pequeno sorriso no rosto. - Agora, você pode me contar o que aconteceu?

De novo, os olhos castanhos foram para a caneca.

- Ou não, se não se sentir confortável para dizer, pode...

- Meu pai matou a minha mãe.

Gojo ficou completamente petrificado.

- Não foi a sangue frio... eu acho. - Ela respirou bem fundo. - Meu pai é uma pessoa muito religiosa, ele é tão fanatíco em Deus de uma maneira doentia e eu odiava muito ele bem antes de tudo acontecer, pois eu não poderia fazer absolutamente nada além de ler a bíblia e ir a igreja, mas enquanto eu tinha minha mãe, tudo aquilo ainda era aceitável, pois ela era uma pessoa tão maravilhosa, devota a Deus também, mas não de maneira doentia igual ao Christian, ela entendia o significado do termo "Livre arbítrio" e não me obrigava a seguir todos os seus passos; ela também me apoiava nos meus sonhos. - Ao lembrar do rosto de sua adorada mãe, um sorriso surgiu, assim que uma lágrima de saudade caiu de seus olhos,porém ao se lembrar dos acontecimentos posteriores seu sorriso desapareceu e apenas as lágrimas ficaram. - Ela foi diagnosticada com câncer quando eu tinha dezesseis anos, o estado dela não era tão grave, se tivesse tratado, ela tinha grandes chances de sobreviver, só que meu pai não permitiu, disse que se ela estava passando por tudo aquilo com certeza era um castigo divino e merecido e que ela deveria sofrer as consequências. E-Eu... eu tentei arcar com os procedimentos, só que eles eram caros demais, eram absurdamente caros e mesmo trabalhando em dois/três lugares ao mesmo tempo eu não conseguia pagar por todos, então eu vi minha mãe morrer e tudo isso porque o Christian não queria ajudar.

Ao terminar seu desabafo, Melanie olhou para o rosto de Satoru e para a sua surpresa ele estava com os olhos vermelhos e marejados. Sua primeira reação foi pegar a caneca dela e a dele e colocar na mesinha de centro, para que elas não atrapalhasse no abraço forte que ele daria nela.

-Eu sinto muito, meu amor. Sinto muito por você ter passado por tantas coisas terríveis...

Ela aceitou muito bem aquele abraço acolhedor e se aconchegou firmemente nos braços do mais velho que a acariciava com todo amor que tinha em si.

- Satoru... eu posso te pedir uma coisa?

- Claro Mel, qualquer coisa.

-Por favor, não me deixe sozinha. - Sua voz era chorosa e partia o coração de Satoru em trocentos pedaços.

- Nunca... - A soltou apenas para olhar em seus olhos - Melanie, eu juro por tudo que há de mais sagrado nesse mundo que eu nunca, NUNCA, vou te deixar sozinha.

E ele realmente cumpriria aquela promessa, pois desde o dia em que pôs os olhos em Melanie e naquele sorriso perfeito, ele se apaixonou de uma maneira que seu peito não foi capaz de aguentar. Ele iria ficar com ela sempre, mesmo que não fosse da maneira que ele tanto desejava, ele ficaria e nunca em sua vida deixaria que aquele rosto iluminado igual ao sol se apagasse novamente.

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𝐿𝑜𝑣𝑒 𝑤𝑜𝑟𝑑𝑠 - 𝑁𝑎𝑛𝑎𝑚𝑖 𝐾𝑒𝑛𝑡𝑜 Onde histórias criam vida. Descubra agora