ANTES

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"Na quietude da dor, há um silêncio que grita, ecoando nas profundezas da alma até que as lágrimas se tornem palavras não ditas."

A dor foi a primeira coisa que senti, uma dor profunda e lacerante que parecia me dilacerar por dentro. Ao abrir os olhos lentamente, o mundo ao meu redor se apresentou como um borrão de sombras e luzes dispersas. A água fria do lago onde meu corpo fora parar me envolvia por completo, misturada com lama e sujeira que grudavam na minha pele. Eu estava à margem de um lago, onde a correnteza de um rio onde o meu corpo foi lançado, havia me arrastado. O céu começava a clarear, tingido com os primeiros raios de luz do amanhecer, que mal rompiam a neblina baixa sobre a água.

A umidade penetrante e o frio cortante eram como punhais em minha pele, cada respiração doía, como se o próprio ar fosse pesado demais para meus pulmões enfraquecidos. Lutei para reunir meus pensamentos, tentando recordar o que havia acontecido. A dor física era avassaladora, mas a dor emocional, o peso esmagador das memórias dos rapazes, dos abusos e do cruel abandono, parecia me sufocar ainda mais. O ambiente ao meu redor, quieto e sombrio, apenas reforçava o desespero que tomava conta de mim.

Mas, então, um som inesperado quebrou o silêncio da manhã: o som de passos e uma voz grave e firme. Eu levantei a cabeça com esforço e vi um homem emergindo das sombras da floresta ao redor do lago. Ele parecia um estranho, mas havia algo em seu olhar — uma mistura de determinação e compaixão — que se destacava.

O homem era alto, com um corpo robusto e músculos definidos, sinais claros de uma vida de treinamento e disciplina. Seus olhos tinham a frieza e a precisão de alguém que já havia enfrentado muitos desafios, mas, ao olhar para mim, havia uma suavidade inesperada.

Com cuidado e uma força surpreendente, ele se aproximou e, sem hesitar, me retirou da água. Seu toque era firme, mas gentil, e suas mãos experientes trabalharam rapidamente para me envolver em seu casaco que ele tirou para cobrir minha nudez

Eu estava tão fraca que não consegui falar, apenas observava enquanto ele fazia o possível para me aquecer e me cuidar.

Ele era um ex-militar, um agente secreto que vivia recluso. Encontrar uma pessoa em tal estado de vulnerabilidade era algo que não fazia parte de seus planos, mas a cena diante dele era tão brutal e desesperadora que despertou nele uma urgência inesperada. Ele sabia que precisava agir, que não podia deixar uma vida ser destruída sem fazer nada.

Levando-me para sua cabana isolada na floresta, ele criou um refúgio acolhedor em meio à natureza. A cabana, construída com troncos robustos, tinha um estilo rústico, mas era surpreendentemente bonita e aconchegante. Com dois quartos, uma cozinha simples e uma pequena sala de estar, o espaço exalava uma sensação de calor e conforto.

As paredes de madeira, polidas pelo tempo, brilhavam suavemente à luz do fogo crepitante na lareira. Na sala, um sofá coberto por mantas macias estava posicionado em frente à lareira, criando um ambiente perfeito para se aquecer nas noites frias. As janelas deixavam entrar a luz natural durante o dia, enquanto à noite, as velas espalhadas pelos cômodos davam um toque íntimo e acolhedor.

Na cozinha, utensílios de ferro e madeira pendiam de ganchos, e o aroma de ervas secas preenchia o ar. Os dois quartos, embora simples, eram confortáveis, com camas de madeira adornadas por cobertores de lã grossa e travesseiros de penas.

Enquanto eu descansava em um dos quartos, ele cuidava de mim com dedicação, tratando minhas feridas e garantindo que eu estivesse aquecida. A cabana, com seu estilo rústico e atmosfera aconchegante, tornou-se um abrigo seguro onde eu podia começar a me recuperar, cercada pelo silêncio e pela tranquilidade da floresta ao redor.

A presença dele era um misto de força e calma, e suas ações falavam mais alto que qualquer palavra. Ele não fazia perguntas, não forçava conversas; ele apenas estava ali, cuidando de mim enquanto eu começava a me recompor das profundezas do desespero. A dor física e emocional era imensa, mas havia um fio de esperança começando a se formar.

Diabla: O preço da vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora