Sozinhos no mar.

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Ace e Sabo levantaram juntos, sem conseguir lembrar exatamente o que havia acontecido. Sentiam a mesma dor que normalmente sentiam após uma surra do Garp, que na maioria das vezes vinham por causa de Luffy, que saía gritando que eles seriam piratas. Ele não estava errado, mas não havia motivo para gritar na frente do velho.

Os olhos de ambos estavam pesados, mas um cheiro de sal passou por suas narinas, fazendo suas cabeças voltarem a funcionar. Lentamente, sentaram-se e olharam ao redor. E uma cara de espanto foi se formando.

Eles estavam no mar, no meio dele, sem terra à vista ou qualquer pessoa. Será que ainda estavam no East Blue? Demorou menos de um segundo para Ace e Sabo notarem uma coisa: estava silêncio demais, e o barco parecia pequeno para alguém se esconder.

Então, onde estava o velho?

Eles estavam perdidos em um barco apertado — pelo menos na visão de Ace — com uma bandeira branca no topo do mastro. O que aquele vovô de merda fez? Ace se preparou para gritar, mas abaixou a voz ao ver Luffy ainda dormindo no canto do barco.

Sabo começou a explorar o pequeno navio e encontrou apenas suprimentos. Isso o deixou um pouco preocupado, temendo que o barco pudesse afundar pela quantidade de carne armazenada, mas, além disso, não havia sinal de mais ninguém, muito menos de um navegador. Isso era perigoso, especialmente com apenas crianças no barco. Eles não eram normais, mas ainda assim eram crianças.

O barco parecia estar se movendo no automático o que aumento a desconfiança do garoto.

Por ter nascido nobre, Sabo sabia que esse tipo de barco era raro. Um barco totalmente automático era caro, e apenas a realeza tinha permissão para alugá-los do Governo Mundial. Mas, diferente dos outros que conhecia, este parecia mais um veleiro, nada chamativo; na verdade, era totalmente o oposto, estava acabado.

Ace olhava ao redor, pensando se deveria acordar Luffy. Porém, eles estavam no mar, e as chances de o chapéu de palha ficar caindo toda hora eram grandes, então ele preferiu explorar primeiro. "Desculpa, Lu, mas não vou saber explicar a situação e não quero me molhar agora."

Ele começou a verificar quantos suprimentos tinham e ficou surpreso com a quantidade de comida. Isso certamente os manteria sem fome pelo resto da semana.
"Sabo, não tem como alguém se esconder neste barco, especialmente aquele velho gigante" falou ao se aproximar do irmão.

" Como você acha que chegamos aqui?"Ace esperava estar mais desesperado nesse momento, mas eles estavam no mar, onde sempre quiseram estar. Podia não haver uma bandeira pirata no mastro, mas ele sentia uma enorme sensação de liberdade no peito, que afugentava o desespero e o medo. Ele até pensou rapidamente sobre ter sido abandonado, mas em menos de dois segundos excluiu a ideia.

Aquele velho não demonstrava seu amor pelos netos de forma normal, mas não os deixaria sozinhos no mar sem motivo. Tirando os motivos do velho, ele estava tranquilo. Afinal, ele nasceu para o mar.

Diferente de Ace, o sentimento de inquietação estava começando a subir pelo corpo de Sabo. Será que foi mesmo o vovô que os jogou ali? Por quê? Como conseguiu esse navio? Para onde ele vai? As dúvidas começaram a aumentar na cabeça do garoto. Ele tentou ser o irmão calmo, mas Ace tomou esse posto para si, já que parecia não se importar com a situação atual.

Seus olhos se fixaram na área onde deveria estar a âncora — um barco sem âncora poderia ser considerado uma tentativa de assassinato? Sim, não tinha âncora. O que encontrou lá foram mais mantimentos.

Ele começou a se sentir sufocado pelo cheiro de peixe e mais tonto com o barulho das ondas batendo. O que iria acontecer com eles? Ele podia mudar a direção do barco, mas e se o velho estivesse esperando por eles em algum lugar? Talvez fosse apenas um treinamento maluco do vovô.

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