Calmaria repetitiva

69 7 6
                                    

Luffy não sabia o motivo, mas seu corpo travou, e um arrepio percorreu toda sua espinha. Sentiu-se sufocado com o pouco espaço que tinha e apertou a mão de seus irmãos, buscando conforto. Sentiu um gosto horrível de torta de amora na boca, mesmo que nunca tivesse provado uma torta com recheio de amora. Os garotos mais velhos sentiram as mãos do menor tremer violentamente, e seus dedos começaram a ficar brancos.

— Luffy, você está bem? — Sabo perguntou, ajoelhando-se à frente do mais novo. Ace encarava os adultos e posicionou-se à frente dos irmãos numa postura protetora, como se ameaçasse qualquer um que tentasse se aproximar.

Os oficiais pareciam estar olhando para algo no mar não parecendo focar no pequeno Monkey. Ace virou o rosto, tentando ver a mesma coisa que os três, mas não avistou nada.

No entanto, ele sentiu uma onda de calor passar por ele, e um desespero de que Luffy pudesse morrer se instalou. Ele olhou para o irmão, que estava vivo na sua frente, mas estranhou a sensação que só aumentava.

Mellie e Rosante foram para fora, preocupados com alguma coisa. Ace os deixou passar por puro instinto. Bogard colocou as mãos na katana e ficou em guarda, o que assustou Ace e Sabo. Eles estavam sérios demais.

Desde que Ace e Sabo os conheceram, não tinham passado uma boa impressão; na verdade, eles lembravam palhaços, e, tirando Bogard, os outros não pareciam lutadores.

Essa visão de atrapalhados sumiu da mente dos meninos; seus instintos os avisavam de que eles eram um perigo maior que Bluejam.

Repentinamente, o céu se fechou e um ar gelado passou pelo barco, fazendo as crianças tremerem. Passos rápidos e impacientes foram ouvidos do lado de fora. Os ventos aumentaram e as ondas começaram a balançar o barco.

— Sabo, Ace, estou me sentindo estranho — Luffy queria muito explicar o sentimento que crescia em seu peito, mas não sabia colocar em palavras. Também não estava entendendo a mudança de clima e queria apenas ficar perto de seus irmãos. Parecia quase uma necessidade.

Tinha algo vindo e queria seus irmãos.

Vendo o menor se curvando, os irmãos ficaram cada vez mais preocupados. Luffy estava bem até uns minutos atrás e nunca tinha visto o moreno doente.

Um sono enorme surgiu no corpo do menor, que começou a fechar os olhos, bocejando.

Sabo viu isso como uma oportunidade e o deitou na cama que estava perto. — Luffy, dorme um pouquinho que logo essa sensação passa. — O garoto tentava manter os olhos abertos, mas assim que Ace fez cafuné e Sabo cantarolou para ele, sua consciência desapareceu.

Os garotos mais velhos esperaram o menor relaxar, e, assim que um sorriso surgiu, puderam relaxar também, levando isso como um sinal para saírem de perto sem que Luffy acordasse.

— O que está acontecendo? — Ace perguntou a Bogard, que continuava de olhos fechados em guarda. O marinheiro não se mexeu ou respondeu, deixando um moreno muito irritado.

Ace só não socou o maior porque sentia que, se andasse, teria seus braços amputados. E ele odiava esse sentimento. Sentimento de fraqueza e medo.

Sabo socou seu irmão. — Não é hora de se distrair, vamos lá fora. — Os dois correram e viram uma cena caótica se desenrolando. Mellie estava amarrando a vela enquanto uma corda segurava Rosante para que não caísse no mar. As ondas estavam enormes, quase engolindo o barco. O barulho de trovões era alto e vários raios caíam ao redor, fazendo o mar brilhar.

Nenhum dos adultos parecia desesperado; até Rosante estava calmo. Sabo notou que eles esperavam por algo mais. Esse clima esquisito não era a ameaça, talvez fosse o que a causou.

O Começo Da FraternidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora