Capítulo 40 - O Convés

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 Após anos sendo corroído pela água do mar, o convés não era mais resistente e rangia como se estivesse prestes a quebrar quando eu apoiava todos os oitenta quilos do meu peso corporal nele. Mas eu não tinha tempo para me preocupar com isso, pois estava ocupado verificando a condição daquela mulher.

Me tornei ansioso quando vi que metade de seu corpo já havia sido arrastado para dentro da cabine do navio. Primeiro, eu não tinha nenhum tipo de luz comigo. Segundo, eu não tinha nenhuma arma afiada que pudesse usar. Uma vez que ela fosse arrastada para lá, a vida dela ou sua morte ficariam no ar.

Eu rolei, agarrei suas pernas e as puxei com todo meu peso, mas descobri que ela não podia ser movida. Além disso, ela estava usando um traje de mergulho colante, então não só era impossível segurá-lo, mas também estava extremamente escorregadio pela água do mar. Como resultado, eu só conseguia usar cerca de oitenta por cento da minha força.

Quando vi essa situação, eu sabia que essa mulher estava definitivamente perdida. Sem conseguir encontrar uma boa solução, eu entrei em pânico e pulei até ela, enrolando meus braços ao redor de sua cintura. Eu imaginei que com nosso peso combinado de pelo menos mais de cento e trinta quilos, aquelas duas mãos parecidas com palitos seriam incapazes de puxar mais.

Porém, o convés alcançou seu limite. Assim que pressionei meu peso para baixo, todo o convés desabou com um baque alto. Em questão de segundos, nós — junto de uma quantidade abundante de tábuas podres de madeiras— caímos no porão do navio. Felizmente, o fundo do navio ainda estava resistente, caso contrário teríamos caído diretamente no mar.

Aterrissei com um solavanco tão forte que fiquei balançando enquanto me sentava, e um sorriso amargo involuntariamente apareceu em meus lábios — eu tinha tentado tanto não entrar nas entranhas do navio, mas tinha entrado tão facilmente agora.

Nesse momento, ouvi a mulher gritando lá de baixo: "Saia! Você está me esmagando até a morte!"

Percebi que estava sentado na bunda dela e me afastei rapidamente enquanto pensava comigo mesmo, isso é ótimo. Quando assistia a dramas de ídolos no passado, eram sempre as mulheres pousando nos homens. Mas agora é o contrário.

Enquanto eu observava a mulher lutar para se sentar enquanto segurava sua cintura, fiquei surpreso ao descobrir que aquelas mãos murchas tinham desaparecido de seus ombros. "Onde estão aquelas duas mãos fantasmas?", perguntei.

Ela tocou os ombros e disse com uma voz surpresa: "Eu também não sei. Assim que fui puxada para o barco, fiquei atordoada. Não sei quando eles desapareceram. Você não viu nada?"

Eu neguei com a cabeça, ''A situação estava tão caótica quando nos caímos que não estava prestando atenção. Mas aquelas duas mãos foram capazes de arrastar o corpo desenvolvido de um adulto. Eles definitivamente não são ilusões, o que significa que devem ser reais. E se são reais, não podem apenas desaparecer em pleno ar. Elas devem ter sido derrubadas quando caímos. Veja se tem algo abaixo de você.''

Assim que disse isso, o rosto da mulher ficou pálido com medo e ela rapidamente ergueu sua bunda para olhar. Infelizmente, não havia nada mais exceto algumas tábuas de madeira quebradas. ''Talvez elas fugiram quando nós caímos,'' Eu disse. ''Eles ainda estavam segurando os degraus quando você caiu de repente, então aposto que não tiveram tempo de soltar os degraus e se agarrar de volta em você. Eles ainda podem estar lá em cima."

Ela deve ter pensado que era uma explicação razoável porque assentiu antes de dizer: "Não sei por que ele estava tentando me puxar para cá, mas acho que devemos ter cuidado."

Nós dois olhamos ao redor, usando a luz fraca que passava pelo buraco gigante no convés para ter uma ideia melhor do que nos cercava. As paredes internas estavam cobertas com a mesma camada espessa de ferrugem branca, com quase tudo dentro do porão. Raspamos algumas das camadas e vimos alguns equipamentos gerais de navegação, mas eles estavam tão podres que basicamente se desintegrariam com apenas um toque.

Olhando para a escala e a estrutura deste casco de ferro, imaginei que deveria ser um barco de pesca de médio porte dos anos 1970 ou 1980. O casco tinha um grande espaço, que era dividido em áreas menores por tábuas de madeira. Essas áreas pareciam consistir no salão da tripulação, nos aposentos do capitão e no porão de carga, que provavelmente era onde estávamos agora. Mas olhando para a área que havíamos limpado da ferrugem, este navio definitivamente não afundou enquanto transportava carga.

A quilha do navio provavelmente ainda não estava corroída, então ele ainda era capaz de suportar depois de todo esse tempo. Caso contrário, ele teria se despedaçado há muito tempo após ser atingido por ondas tão grandes.

A mulher balançou a cabeça após olhar em volta, ''Eu, na verdade, sei muito sobre navios, mas esse a situação desse não faz o menor sentido— com uma camada tão grossa de poeira, deve ter ficado no fundo do mar por, pelo menos, dez anos.''

''É possível que uma grande tempestade o trouxe do fundo do mar?'' Eu perguntei.

''É muito improvável,'' ela respondeu. ''Um navio que afundou há uma década deveria estar afundado fundo na areia há muito tempo. Mesmo se você usar um guindaste para o levantar, ainda seria algo difícil de fazer. Além disso, o casco é muito frágil e pode se despedaçar se você não tomar cuidado."

Eu também pensei nisso, mas ainda não conseguia entender. Desde que o navio havia afundado há muito tempo, como poderia flutuar na água agora? Mesmo se alguém pescasse ele de volta, ainda deve haver um buraco no casco de quando ele afundou inicialmente. Seria possível que esse buraco tenha fechado sozinho?

Não consegui ver nada que me desse uma resposta, mas fiquei aliviado que as duas mãos tinham desaparecido. Dei um tapinha nos fragmentos de madeira do meu corpo, levantei-me e gesticulei para que a mulher se juntasse a mim para andar ao redor do compartimento de carga. Havia tábuas de madeira nos separando do próximo compartimento. Quando vi que estavam basicamente podres e cheias de buracos, me movi para chutá-las para baixo, mas a mulher me impediu: "Essas tábuas estão presas ao convés. Se você as chutar para baixo, o convés inteiro vai desabar."

Seria bom se todo o convés desabasse, eu pensei comigo. Pelo menos desse jeito a luz entraria e eu não me sentiria tão apavorado.

Havia uma porta no meio dessa tábua de madeira, mas eu não sabia se empurrava ou puxava. Tentei puxá-la primeiro, mas a maçaneta saiu, com metade do painel da porta. Olhei para a mulher e disse: "Isso não é basicamente o mesmo que chutar as tábuas?"

Ela me ignorou e olhou para dentro da abertura escura. Essa mulher parecia bem corajosa, mas eu imaginei que ela não ousava se apressar após o que aconteceu há pouco. ''Não há luz suficiente dentro,'' eu disse para ela. ''Se você quer entrar, é melhor fazer outro buraco no convés para que alguma luz ilumine através. Dessa maneira, você pode evitar ser pega por algo se você entrar.''

Eu sabia que essa frase funcionaria definitivamente com ela, e com certeza, ela hesitou. Eu ri para mim mesmo antes de seguir em frente para quebrar mais algumas tábuas, a divisória inteira quase desabando como resultado. Dentro do compartimento, podíamos ver uma grande estrutura de cama de plataforma de ferro, que ainda estava intacta. A cama de plataforma em si, no entanto, tinha apodrecido completamente. Olhei ao redor para os móveis e decidi que este deveria ser o alojamento da tripulação. Também vi um armário de metal no canto, que parecia estar lacrado. Fui até ele e puxei a maçaneta, apenas para descobrir que estava frouxo o suficiente para abrir.

Era difícil encontrar registros escritos nesse tipo de navio. Hoje em dia, os capitães tinham que escrever no diário de bordo do navio todos os dias, mas naquela época não havia muitas pessoas alfabetizadas, então eu não esperava encontrar nada útil. Quando abri o armário de metal, no entanto, fiquei surpreso ao encontrar uma velha bolsa impermeável dentro. Quando abri a bolsa, vi que continha um caderno que estava praticamente caindo aos pedaços. Algumas palavras haviam sido escritas na capa: "Registro Arqueológico do Recife Xisha Bowl".

Abri cuidadosamente o caderno na página de título e vi as seguintes palavras escritas em uma caligrafia elegante: "Julho de 1984 — para Chen Wen-Jin, de Wu Sanxing".

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⏰ Última atualização: Sep 08 ⏰

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