Deixar ir

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A luz da manhã ilumina o quarto de Francesca pelas frestas da janela, humildes raios de sol refletem em sua cama, onde ela passava agora horas em claro pensando e repensando como teria coragem de olhar Michaela nos olhos a partir de agora, depois do que havia feito na noite passada.

Vários pensamentos desconexos habitavam sua mente, nenhum de fato a corroendo tanto quanto a lembrança de anos atrás que tivera com Michaela, quando seu casamento com John ainda estava bem no começo, sobre pecado. Se o que Francesca fizera não poderia ser considerado um, ela não saberia dizer o que de fato fosse um pecado.

E se era errado, por que não pareceu?

Sim, ela sentia culpa, mas no momento... Era só prazer o que ela sentia. Talvez por isso que se considerava pecado. A tentação tomou conta dela. Mas que tipo de Deus poderia definir aos seus filhos que algo tão bom poderia ser tão errado?

Bem, enquanto Francesca vivia uma crise espiritual, religiosa e sexual, Michaela também não havia saído de seus aposentos naquela manhã, no entanto, seu caso parecia diferente.

Um toque na porta do quarto de Francesca a assusta, como se Deus estivesse ali, ouvindo todos os seus pensamentos e se preparando para puni-la. Francesca é receosa em responder e agradece imediatamente, o alívio percorrendo todo o seu corpo, quando ouve a voz de uma das criadas e costumava acompanhar Michaela.

— Milady! A senhoria Stirling não me parece bem, se recusa a se levantar. — Ela diz quando Francesca finalmente se ajeita e abre a porta. Seu rosto tinha uma expressão preocupada, então Francesca não precisava ouvir mais nada. Ela passa imediatamente pelos corredores da mansão que separavam seu quarto do quarto de Michaela. Francesca se esquece de agir da forma mais educada que seria bater primeiro e pedir permissão para entrar, ela apenas escancara a porta.

Michaela estava deitada na cama, seus olhos inchados se arregalam de susto enquanto ela parecia cobrir sua boca com um pedaço de pano ali perto. Ela tosse algumas vezes antes de dizer:

— Por Deus, Frannie. Você me assustou!

Francesca olha para ela, em conflito se não deveria se sentir aliviada ou se deveria matá-la.

— Eu te assustei? Pensei que você estivesse morta!

— Bem, ainda não. — Ela sorri e tosse, mais uma vez.

Francesca se aproxima dela e imediatamente toca delicadamente sua mão na sua testa de Michaela e suas suspeitas se confirmam. Ela estava ardendo em febre. Aparentemente não era apenas uma simples dor de cabeça.

Ela começa a se mexer imediatamente, não espera um segundo para que chamem um médico, enquanto pedia para providenciarem alguns remédios que sequer o nome ela sabia e panos molhados para colocar na testa ardente de Michaela para que sua febre passasse.

Logo depois, Francesca se põe ao lado da cama de Michaela e não mexe um músculo sequer, apenas quando o médico chega e a examina é quando Francesca se levanta, para dar mais espaço a ele. Ele checa a temperatura de Michaela mais uma vez, analisa sua boca e o resto de seu corpo procurando por algo que Francesca nem sabia o que era, apenas esperava que não fosse nada grave de fato.

Quando o médico está examinando os reflexos de Michaela, uma das criadas aparece na porta do quarto, parecia perdida e incerta.

— O que houve?

Ela engole em seco.

— O Lorde Montgomery está aqui para cortejá-la, Milady. — Ela diz, por fim. Imediatamente os olhos de Michaela se fixam em Francesca, como se ela fosse um animal selvagem que esperava ansiosamente um novo movimento. Francesca, no entanto, teve dificuldade até para se lembrar de quem era Lorde Montgomery.

nem que o mundo nos separeOnde histórias criam vida. Descubra agora