nem que o mundo nos separe

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O desejo de Francesca de ser mãe e o plano de se casar novamente se tornam mais concretos quando esse é o único assunto durante um chá da tarde na residência Kilmartin. Eloise e Cressida passavam algumas semanas agora no castelo, o que fora bastante útil para a rápida passagem de tempo, uma vez que a temporada estava prestes a começar. Francesca já havia avisado sua mãe e sua família, a sociedade britânica com certeza estaria ciente alguns segundos depois que a notícia chegasse à sua mãe e viajasse por todas as mamães de Londres. Não haveria mais como voltar atrás.

— Uma vida como a sua, Francesca, sinceramente não consigo compreender o desejo de se casar novamente. Homens são um fardo que, infelizmente, temos que carregar. — Cressida beberica seu chá enquanto recebe olhares de aprovação tanto de Eloise quanto de Michaela. Bom, claro que Eloise concordaria e ela esperaria que Michaela também se sentisse desta forma.

— Não é sobre um marido. — Francesca se sente como que em estado defensivo, mesmo que logicamente não tenha um motivo para tal. Não é proibido se casar novamente, ainda mais uma viúva tão jovem como ela, no entanto a sensação de que estava fazendo algo de errado crescia a cada dia, mas era um sentimento que ela procurava esconder dentro de si e que não contava para ninguém, nem para Eloise nem para Michaela. — Apenas desejo um filho, o marido seria apenas o meio. — Ela come um pedaço de bolo na frente de si, seu rosto enrubesce, Francesca sente que havia sido muito dura, mas agora não havia como retirar suas palavras. — Se houvesse outra forma de ser mãe, acredite eu o faria.

— Não planeja se casar por amor? — Michaela é quem pergunta desta vez, e Francesca quase engasga em seu pedaço de bolo, diante da natureza de uma indagação tão direta e inesperada.

— Planejo me casar por conveniência, assim como desejava em meu primeiro casamento. John foi uma surpresa, amor foi um bônus. — Ela engole em seco, desviando seu olhar dos olhos escuros e penetrantes de Michaela que a estudavam cuidadosamente. — Não creio que seria tão sortuda de sentir o que senti com John duas vezes em uma mesma vida.

— Bom, se tem algo que conheço é se casar por conveniência. — Cressida sorri e o clima que parece um pouco pesado se suaviza novamente.

— Creio que terei que fazer o mesmo quando chegar minha hora. — Eloise reflete, suas palavras pareciam mais de uma mulher que estava caminhando para a forca do que uma que falava sobre casamento.

— Também não deseja se casar, Michaela? — Cressida pergunta, inocentemente, mas, mesmo assim, Francesca se sente ansiosa por Michaela. Ela, no entanto, não se abala por um milésimo sequer, pelo contrário, parece satisfeita em ser indagada. Era algo que ela, infelizmente, já estava acostumada e não a abala mais.

— Oh não, depositarei todas minhas energias em ajudar Lady Francesca a encontrar um novo marido. Preciso me certificar de que cuidarão bem dela.

Michaela e Francesca sustentam um olhar prolongado entre elas e Eloise parece perceber, diferentemente de Cressida, que continua o assunto naturalmente.

— Confesso que esperar um homem para me proteger seria totalmente inútil visto que o meu pouco fica em casa. Creio que desde o nosso casamento apenas o vi cinco vezes.

— Sinto muito, Cressida, nem imagino como deve ser. — Francesca toca seu braço de forma solidária, mas imediatamente Cressida começa a rir.

— É incrível, acho ótimo quando ele não está em casa, para ser sincera. Tenho mais tempo para mim e é mais fácil para Eloise vir me visitar.

Michaela olha para a interação de forma curiosa, principalmente para Eloise que, pela primeira vez em sua vida, parecia não saber o que dizer diante do assunto.