| CAPÍTULO SETE

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⠀⠀⠀ ELISE, ENCOLHIDA NO SOFÁ DE ROBERTO,
era a imagem viva da fragilidade humana, uma alma que buscava refúgio em meio ao turbilhão interno. O que passava na televisão era quase irrelevante, um som distante que não alcançava a profundidade de sua inquietação. Seu corpo, encolhido e rígido, era uma metáfora de sua própria luta interna, um reflexo de medos que pareciam quase insuperáveis.

Enquanto permanecia ali, na quietude de um lar que não era o seu, Elise sabia que estava buscando mais do que apenas um espaço físico para repousar; estava à procura de um alento para sua alma desgastada, de um abrigo contra as tempestades emocionais que ameaçavam engolir sua paz interior.

A casa de Roberto, longe de ser um exemplo de luxo opulento, exibia uma beleza simples e acolhedora, marcada pela funcionalidade e pelo caráter pessoal do Capitão. A integração entre a sala e a cozinha criava um espaço amplo e harmonioso, onde cada detalhe parecia refletir a essência de seu proprietário.
Certificados do BOPE adornavam as paredes, como testemunhos silenciosos de conquistas e dedicação, enquanto quadros e fotos pessoais contavam histórias de uma vida vivida com propósito. A casa, embora bem organizada, revelava a ausência frequente de seu dono através de uma leve camada de poeira que se acumulava nos móveis. Essa poeira não era apenas um sinal de descuido, mas uma evidência da vida intensa e do comprometimento de Roberto com seu trabalho.

Os pensamentos de Elise estavam pesados, a incerteza e o desconforto dominando seu coração. Ficar na casa do Capitão do BOPE não fazia parte de seus planos. Sentia-se uma intrusa, trazendo sua carga de problemas para alguém já sobrecarregado. Lágrimas quentes desciam pelo seu rosto, queimando como brasas, enquanto suas memórias se reviravam, trazendo à tona toda a turbulência daquela noite.

── Amanhã eu posso ir buscar suas coisas... ── Roberto falou, emergindo do corredor da casa. Ao ver o estado de Elise, paralisou. ── Elise.

Nascimento se aproximou do sofá, seu rosto iluminado pela tela da televisão e pela fraca luz do ambiente. As pontas de seus dedos, frias como a noite, encontraram o rosto quente de Elise, provocando um arrepio que percorreu ambos os corpos. Os olhos dela, perdidos, buscavam qualquer canto da residência, tentando escapar do tormento interno.
Os dedos de Roberto deslizaram até a nuca de Elise, acariciando suavemente, enquanto seus polegares limpavam as lágrimas que caíam no rosto já avermelhado da médica. Aquele toque, cheio de ternura e compaixão, era uma tentativa de aliviar a dor que ela carregava, um gesto silencioso de cuidado e empatia.

── Tá' tudo bem. Não precisa chorar, eu tô' aqui pra' você, não tô'? ── As palavras de Roberto saíam como um sussurro carinhoso. Ele revelava uma faceta oculta, um lado que raramente mostrava.

Nascimento, sempre tão firme, se permitia ser vulnerável perto de Elise. Sua verdadeira compaixão, geralmente escondida por trás de uma expressão séria, braços cruzados e uma postura autoritária, emergia naquele momento. Perto dela, ele era apenas um homem despido de suas armaduras.
Inconscientemente, Elise encostou seu rosto no ombro de Nascimento, sentindo o perfume natural que emanava dele. Havia algo reconfortante e familiar naquele aroma, algo que falava de segurança e consolo. Embora não estivesse nos planos dela depender de alguém, naquele instante, nos braços de Roberto, ela encontrava uma sensação de proteção que parecia há muito perdida. Os braços fortes do homem a envolviam com uma empatia e ternura que quebravam todas as barreiras de seu coração.

PODER E A ℒEI | CAPITÃO NASCIMENTO Onde histórias criam vida. Descubra agora