Este conteúdo contém gatilhos
emocionais.⠀⠀⠀SEUS PASSOS ECOAVAM NO CHÃO DA NOVA sala que, a partir daquele momento, seria seu local de trabalho. Elise ainda estava se acostumando com o ambiente do prédio médico na unidade do BOPE, completamente diferente do Instituto Médico Legal onde trabalhara por anos. A atmosfera era mais austera e militarizada, refletindo o caráter da instituição.
As paredes brancas, as janelas com grades e o mobiliário utilitário contrastavam com o que ela estava habituada.A sala parecia mais uma estação de trabalho funcional do que um espaço acolhedor. A mesa de aço inoxidável e as prateleiras repletas de equipamentos médicos a lembravam de que aquele era um lugar onde a eficiência e a precisão eram priorizadas acima de tudo. Havia uma frieza ali, uma sensação de distanciamento que não havia no IML, onde a proximidade com os colegas e o ambiente mais pessoal a faziam sentir-se parte de uma equipe.
Elise sentiu um misto de desorientação e desconforto. Embora fosse uma profissional dedicada e capaz, a transição para o BOPE era mais do que uma simples mudança de cenário; era um deslocamento total de sua zona de conforto. Ela se sentia como uma estranha, inserida em um mundo que, apesar de próximo em termos de trabalho, era completamente distinto em termos de cultura e dinâmica.
A mente de Elise era um turbilhão de sentimentos conflitantes. Ela não sabia exatamente como se sentia em relação ao ferimento de Roberto Nascimento.
Sabia que ele havia passado por uma cirurgia para retirar a bala naquela mesma noite. Ao chegar, não o viu, e embora não tivesse ido procurá-lo ativamente, a presença dominante que ele costumava exercer no local estava ausente, criando uma estranha sensação de vazio.
A tensão habitual que ele trazia com sua presença parecia dissipar-se, mas isso não a confortava. Ao contrário, a deixava inquieta, refletindo sobre o impacto inesperado que ele exercia sobre ela.Seus pés batiam ansiosamente naquela sala silenciosa, abriu a porta, e não demorou muito para sair do prédio. Elise caminhava pelo pátio, seus passos ansiosos ecoando na manhã silenciosa. Alguns homens fardados passavam por ali, enquanto outros, vestindo camisetas pretas com o símbolo da caveira e facas cruzadas, a observavam de relance. Sentindo-se um pouco deslocada, ela suspirou fundo e seguiu em direção ao refeitório.
Ao entrar, seus olhos imediatamente encontraram Matias, que estava sentado entre outros homens. O olhar penetrante dele a fez hesitar por um momento. Do outro lado do refeitório, Renan estava em uma conversa animada ao telefone. Assim que a viu, ele interrompeu a ligação, murmurando algo rapidamente antes de guardar o aparelho no bolso.
— Ei! Doutora. — Renan chamou, com um tom amigável. Elise respondeu com um sorriso tímido, caminhando na direção dele. Embora ainda se sentisse deslocada naquele ambiente novo e cheio de rostos desconhecidos, a familiaridade e hospitalidade de Renan lhe trazia um mínimo de conforto. Ela sabia que precisava encontrar seu lugar ali, mesmo que ainda estivesse processando todas as mudanças e sentimentos que a cercavam.
── Bom dia, doutora. ── Desejou. Elise puxou a cadeira de frente do mesmo e se sentou, pousando suas mãos com tensão sobre a mesa.
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PODER E A ℒEI | CAPITÃO NASCIMENTO
Chick-LitPODER E A ℒEI | CAPITÃO NASCIMENTO 𝓝o coração tumultuado do Rio de Janeiro, onde a beleza das praias contrasta com a brutalidade das favelas, duas vidas colidem em meio ao caos e à violência. Roberto Nascimento, ou Capitão Nascimento, um dedicado...