| CAPÍTULO TRÊS

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⠀⠀⠀MAIS UMA VEZ, A SALA DE REUNIÕES SE TRANSFORMAVA em um espaço frio e impessoal. Elise se encontrava novamente na unidade do BOPE, um local onde preferia não estar. Jorge Carrilho insistia em sua presença ali, mesmo que ela claramente não se sentisse à vontade. Talvez fosse a forma como os policiais a intimidavam ou a raiva persistente que sentia pelos homens que a haviam abordado. Certo era que ela não se sentia confortável naquele ambiente.

Sentada diante de uma mesa de carvalho escura, Elise olhava para os papéis à sua frente, mas as palavras pareciam vagas e dispersas em sua mente, sobrecarregada de pensamentos. Ela suspirou profundamente, deixando os envelopes de lado enquanto o ar-condicionado lhe provocava um arrepio na pele.

── Cansada, doutora? ── A voz grave ecoou em sua mente, fazendo-a se virar em direção ao homem. Era Nascimento, ou como deveria chamá-lo, "Capitão". Talvez ele estivesse tentando uma aproximação que nunca existiria, pois conhecia bem o olhar vazio que Elise lhe lançava desde o dia anterior. Nascimento sabia que não seria uma tarefa fácil, especialmente quando via seus colegas olharem para Elise como se ela fosse apenas um objeto. Ele compreendia a importância da colaboração dela, mas também reconhecia que a atenção de seu batalhão estava frequentemente desviada para outra direção.
Por mais que uma parte de si quisesse pedir desculpas, a outra parte, o seu ego, falava mais alto.

Elise permaneceu em silêncio, coçando a garganta e desviando o olhar daquele homem que lhe provocava um turbilhão de sentimentos, com a raiva sendo o mais dominante. Vestido de preto e com os cabelos ligeiramente desarrumados, Nascimento se aproximou da mesa, observando os papéis antes de olhar para ela. O seu perfume forte, e masculino invadiu as narinas de Elise, como um lança-perfume, que a fazia questionar seus próprios princípios. O olhou, com aquele seu sorriso de canto, nos lábios, como quem tentasse apaziguar a situação.

── Não precisamos que isso seja assim, doutora.

As palavras de Nascimento foram interrompidas pelo som das vozes de seus colegas entrando na sala. Renan e Coronel. Elise confiava mais nas palavras deles do que nas de Nascimento. Renan, em particular, havia se mostrado um homem diferente, alguém que talvez entendesse as nuances da situação de maneira que o Capitão não parecia captar.

── Boa tarde, doutora. ── Renan cumprimentou-a assim que seus olhos encontraram os dela, ele a respeitava. Elise se levantou, oferecendo um sorriso fraco enquanto cumprimentava Renan e o Coronel ao seu lado. Nascimento observava a cena com um sorriso irônico no canto dos lábios, sentindo-se talvez o verdadeiro problema. Ele puxou uma cadeira enquanto Elise pegava alguns papéis e se posicionava diante dos presentes.

O ambiente começou a parecer menos denso, enquanto Elise expunha termos médicos de interesse mútuo. No entanto, cada vez que seus olhos cruzavam os de Nascimento, ela sentia como se estivesse batendo contra uma parede de indiferença.

PODER E A ℒEI | CAPITÃO NASCIMENTO Onde histórias criam vida. Descubra agora