Suposição - Lizago

10.

Thiago quis bater a cabeça na parede diante do caos que estava a Ordem e por um segundo, ele desejou estar na prisão junto com Liz, porque ele não teria que lidar com a situação de merda que estava acontecendo.

Cesar, Arthur e Mia estavam ao lado de Thiago e eles pareciam estar tendo os mesmos pensamentos que ele.

Kian tinha atacado os Leone. Atacar chega a ser eufemismo, ele tinha massacrado os Leone em busca de uma página que — para surpresa de ninguém em especial —, era de Arnaldo.

Impressionante como um homem morto há décadas ainda podia ser responsável por tantas situações no presente, o pai de Thiago era uma coisa mesmo.

Veríssimo também parecia a um ponto de bater a cabeça na parede.

Thiago se perguntava como Veríssimo se sentia sabendo que o marido não era tão bom quanto parecia ser e que grande parte das coisas que aconteciam — sejam elas boas ou ruins —, tinha um dedo de Arnaldo Fritz. Será que Verissimo tentava encontrar alguma desculpa para qualquer coisa que ele tivesse feito? Ou ele dizia a si mesmo que aquilo não era o marido que era um bom pai e que protegia as pessoas, e sim o Anfitrião? Será que Verissimo pensava que um dia Arnaldo voltaria?

Thiago às vezes pensava se Arnaldo voltaria, mas ele sabia a resposta. Arnaldo jamais voltaria. Se em algum momento da vida ocorresse um encontro com o Anfitrião, e que um dia foi Arnaldo Fritz, ele sabia que não encontraria nada do pai.

Arnaldo Fritz se foi há décadas.

— O que vamos fazer? — Cesar perguntou.

— Precisamos amparar Carina — Mia falou — e descobrir o que tinha nessa página ou em ir atrás de Kian.

Thiago suspirou.

— Amparar Carina sim e descobrir sobre a página, mas ir atrás de Kian? — ele perguntou. 

— Temos que saber sobre essa página e amparar Carina — Arthur falou, a voz baixa.  Ele era novo, mas era bom na Ordem. Era isso que acontecia quando se perdia tudo de um dia para o outro, você precisava ser bom para impedir que ninguém sofra como você. 

Pensar no quanto Arthur sofreu fazia o estômago de Thiago embrulhar. Ninguém deveria sofrer o que ele sofreu e Thiago achava impressionante que mesmo com tudo que ele passou, ele tinha continuado com sua gentileza e bom humor. 

Alguns não conseguiam isso. Veríssimo era um exemplo disso.

Ter se tornado chefe da Ordem e lidar com a perdas de agentes já era sofrimento o bastante, mas perder o marido tinha transformado Verissimo na pessoa fria e reservada que ele era hoje em dia.

E a pior parte dele ter perdido Arnaldo, é que ele ainda existia no mundo, mas jamais seria o Arnaldo dele. O Arnaldo de Verissimo se foi há anos.

Thiago percebeu, com certa dor no peito, que Carina e Arthur se tornaram parecidos.

Pobre Arthur.

Thiago não conheceu a italiana direito, mas ela tinha a idade de Arthur, Cesar e Joui. Carina tinha se dado bem com Joui e Arthur, mas com Cesar nem tanto.

Cesar, seu Cesinha, não gostava muito de conhecer pessoas. Ele sempre foi fechado desde criança e desde que a mãe dele morreu, as coisas pioraram. E também teve o relacionamento dele com Cris, que se tornou tão tenso que Cesar passava por muitos períodos sem falar com o pai.  Arthur foi uma das poucas pessoas que ele deixou entrar na vida dele.

Ivete também. 

Thiago se lembrava da criança tímida que adorava ele e Liz, que ficou desolado assim como Joui quando Thiago contou que ela foi embora.