Não foi nesta vida AINDA,
mas eu farei com que seja,
nós ainda temos muito tempo.
— Luciana, sete anos se passaram, e seu orgulho continua intacto. Mas eu não vou me estressar, eu quero saber o que vai fazer em relação a Torquato
— Eu já pedi o divórcio, mãe traição eu não aceito — Luciana é firme — Eu só tenho medo por Helena
— Ele não vai fazer nada, não pode fazer nada, temos bons advogados, e eu tenho uma carta na manga — A mulher não entende muito bem o que a mãe quer dizer, mas segue observando as primas brincando pela janelinha da sala que dá vista para a varanda, a mesma janela que Juliana se encolhera 10 anos atrás
O silêncio é quebrado pelo telefone fixo da casa, prontamente dona Lúcia vai atender enquanto Luciana volta a concentração ao seu projeto
— Alô? — Lúcia atende, imaginando quem poderia ser, era sempre a mesma história
— Oi, Torquato, Luciana está aqui — Luciana ao ouvir de quem se tratava revira os olhos
— Torquato, eu não vou passar para a Luciana pelo simples fato de que ela está trabalhando e não pode atender
— Rapaz, respeite a minha filha, não vou mais admitir que você a faça chorar
— Também não vou chamar a Helena, que está brincando com a prima dela, não vou atrapalhar a brincadeira dela
— Torquato, respeite o momento dela, ela não quer falar com você
— Bom, se o Júlio estiver aqui ou não, isso não é da sua conta, a casa é minha e não sua, passar bem.
E assim ela desliga a ligação, sem dar mais chances para o homem falar algo e direciona até Luciana, ainda tomada pela raiva de seu genro
— Resolva isso, eu não aguento mais esse senhor pendurando a minha linha atrás de você ou da Helena, coisa que ele nem tem direito — Lúcia esbraveja e senta-se ao lado da filha, esgotada — Minha filha como você se deixou influenciar por esse homem? Você foi atrás de uma ajuda acadêmica e ele acabou com o seu relacionamento
— Eu sei de tudo isso mãe — Ela fala ao pegar a cachorrinha Nina e apertá-la num abraço, o último presente que Júlio teria lhe dado foi Nina e ela amava com todas as forças aquela cachorrinha — Eu era nova, ingênua e muito idiota
— Você não é idiota, Luciana
— Sou sim, mãe. Sou muito idiota, você viu pelo que eu troquei o amor da minha vida? Esse ser só me deu a Helena de bom, não vê tudo o que tenho que resolver na terapia por causa dele? A discussão do terno foi só mais uma, ele já estava na minha cabeça, dizendo que o relacionamento estava gasto, que 7 anos era tempo demais de relacionamento era demais. E hoje estou aqui, casada e infeliz, podia estar completando 14 anos do melhor relacionamento que já tive. Era isso que queria ouvir?
— Era isso que estava preso no seu coração e na sua garganta? — Ela confirma num choro mudo — Então era, meu amor, era isso sim — Lúcia abraça a filha a acolhendo nos braços — Apenas corra atrás do tempo perdido
— Ele nunca vai me perdoar, mãe, eu o magoei muito
— Você não tem noção mesmo do que Júlio faria por você, meu amor
O abraço cessa quando Juliana entra por um dos janelões afirmando que vai buscar uma bola para as duas brincarem juntas
— Cuidado com os carros — Luciana adverte e escuta um tá bom da sobrinha
Luciana se atenta um pouco ao ouvir o barulho do portão de ferro de mexer, observa pela janela para ter certeza que Helena não desandou a sair só. Quando conseguiu visão necessária, apertando os olhos pois estava sem óculos, ela o viu, era ele quem chegara para brincar com Helena, entrou pelo portão de ferro como se já fosse costume e abaixou-se para brincar com a pequena, tirou os sapatos e, ao sentar no chão recebeu um abraço de Helena, abraço que ele apertou um pouco, ao que parece ele estava precisando. E assim ela ficou observando os dois, como se fossem pai e filha
— Não existe nenhuma possibilidade, filha?
— Infelizmente não, mãe, acredite, eu já me ajoelhei e rezei pedindo que por algum milagre ele fosse o pai dela — Ela lamenta
— É impressão minha ou? — Ela interrompe a própria fala
— Ou o que, filha?
— Ele está sem aliança? — Ela se questiona
— Posso descobrir pra você
— Por favor, mãe — Ela suplica — Mesmo achando que não tenho chances, eu preciso de uma esperança que seja
Lúcia riu, deixando um beijo no ombro da filha
No outro dia
Dona Lúcia estava regando seu jardim, Luciana havia passado rapidamente pela casa da mãe após deixar Helena e Juliana na escola, como era a mesma escola, a tia passava na casa da sobrinha e a buscava, todos os dias
— Dona Lúcia, como vai? — Era Júlio que estava saindo do apartamento de seus pais, e como sempre cumprimentara Lúcia
— Oi, meu filho, como vai? — Lúcia retribui o abraço do rapaz
— Muito bem, graças a Deus! Ah antes que eu esqueça, vim trazer a lembrancinha do mês da Helena — Ele lhe entrega um pequeno embrulho que parecia ser uma caixa de madeira — É um tabuleiro de xadrez, eu sei que ela gosta
— Mas e o de ontem? Não foi você? — Lúcia questiona confusa, o presente do dia anterior era exatamente como ele sempre mandava
— Sim, fui eu, mas aquele era o de aniversário, esse é o mensal
— Meu filho, uma hora ela vai descobrir
— E vai ter que vim falar comigo pra tirar satisfações — Ele solta uma piscadela para a senhora
— Entendi, você ainda gosta muito dela, não é? — Lúcia pergunta, empática
— Eu as amo, é diferente — Júlio afirma com segurança e Lúcia ri com a ironia da vida, Torquato conviveu com as duas e nunca demonstrou ou disse que as ama, Júlio conviveu com Luciana há sete anos, e vê esporadicamente a Helena, contanto, afirma com todas as letras que ama as duas
— E a sua noiva, lida bem com isso?
— Dona Lúcia, a senhora já deve imaginar que, como as outras, essa não deu certo, Adriana é uma ótima pessoa, não merece esse sofrimento, estar com alguém que não pensa nela, concorda? — Lúcia concorda silenciosamente
CHEGUEEEEIII
Perdão pela demora, eu estava assistindo o jogo do meu time!!
E então, me contem o que estão achando.
Boa leitura!!
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HELENA - O TEMPO NOS DEVOLVE TUDO O QUE A NÓS PERTENCE
RomanceQuando o orgulho fala mais alto que a razão, ou, quando uma briga idiota e imatura é capaz de acabar com um relacionamento que tinha um belo futuro escrito, mas.....por quanto tempo? E quando uma promessa é feita e quem prometeu não consegue cumprir...