Capítulo 14 - Lembranças

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Karolyne é uma moça alta, tendo assim facilidade para enxergar a mesa de Júlio, ainda mais com os saltos altos que utilizava — A senhora não sabe não, o que, ou quem poderia ser, dona Karol?

— Bom, o Júlio tem um amor de adolescência que ele nunca esqueceu e parece que voltou a morar na casa da mãe, que é em frente a casa dele — Karolyne fala refletindo o que poderia ter deixado diretor administrativo dessa forma — Acho que só essa moça é capaz de deixar o Júlio assim

— E por que que eles terminaram, dona Karol? — Paulo pergunta

— Isso eu não sei, e nem pergunto né — Karol se esquiva da pergunta, a moça é a confidente de Júlio, óbvio que sabia tudo sobre Luciana — Mas pelo que eu sei a moça é muito bonita

O relógio correu umas duas horas e Luciana se dirigia ao mesmo prédio que por anos se acostumou a subir sem cerimônia, buscou o ar uma, duas, cinco vezes, o apartamento era diferente, claro. Mas a família era a mesma, a sensação era a mesma, subir àquelas escadas era como voltar a ser adolescente, como voltar a ser a Luciana que subia correndo, na ansiedade de ver o namorado. Era engraçado, uma vez ela jurou a si mesma que só subiria mais uma vez essas escadas se e quando resolvesse ir atrás de Júlio pedir desculpas, e olha como a vida é. Luciana aceitou o projeto do quartinho do filho da professora de sua filha, na primeira visita descobriu que, além de filho da professora de Helena, Murillo era filho também de seu ex-cunhado, Santiago, a mulher entrou em choque quando viu, não podia acreditar no que via

FLASHBACK

Luciana esperava Samantha abrir a porta, foi duro subir as escadas e não parar no primeiro andar, torcia para que a porta se abrisse logo, não queria pensar muito, queria fazer as medidas e sair logo, aquele prédio lhe traziam lembranças, muitas lembranças

Lú! — Samantha abriu a porta, vendo a moça perdida em pensamentos — Está longe?

— Oi, Samantha! — Luciana a cumprimenta — Um pouco, talvez! Algumas lembranças — Ela fala mais para si do que para a moça — Enfim, vamos conhecer onde vai ser o quartinho do Murillo? — Luciana tenta fugir do assunto

— Vamos sim, bom que cê aproveita e conhece meu marido — A professora, que já tinha uma barriga um tanto avantajada — Santiago está na cozinha

— Santiago? — Luciana para onde estava com o choque — Seu marido se chama Santiago?

— Sim, por que? — Samantha pergunta, confusa

— Lú? Você aqui? Quantos anos que eu não te vejo? 10? — Santiago sai da cozinha com uma maçã nas mãos, com um sorriso no rosto, tentando brincar com a ex-cunhada

— Sete — Luciana responde rápido — Então, você é o pai do Murillo?

— Sou eu, e você? Decidiu tirar meu irmão do sofrimento eterno que ele se enfiou?

— Você é cheio de graças não é? — Luciana tenta entrar na brincadeira de Santiago, mas, ainda tinha um sorriso tristonho nos lábios

— Sempre — Santiago continua rindo

— Vocês já se conheciam? — Samantha pergunta depois de, em vão tentar entender o que acontecia

— Foi ela que partiu o coração do meu irmão, amor — Santiago sempre fora piadista, mas as vezes pegava pesado

— Opa, eu não parti o coração de ninguém — Luciana se explica — Além do meu próprio — Ela murmura inaudível — Eu sou ex-namorada do Júlio, irmão do Santiago

— Ah, então é você? Eu nem imaginava, Lu

— Imagina eu

FIM DO FLASHBACK

De inicio, Luciana pensou em terceirizar o serviço, mas quando viu já estava enrolada até o pescoço nessa história, e agora aí estava, subindo mais uma vez aquelas escadas, o que não contava era encontrar sua ex-sogra no meio do caminho

— Luciana, minha filha — Dalva exclama — Deixa que eu te ajudo, meu amor, está indo no apartamento de Santiago?

— Dona Dalva?

— Menina, você sabe que não existe dona entre nós duas, não sabe? No máximo, Dalva — Ela repreende a arquiteta — Agora vem, me deixe te ajudar com isso que deve estar pesado

As duas sobem o que faltava das escadas conversando animadamente, Dalva queria saber sobre o projeto do quarto do neto, e Luciana contava tudo, estava animada para termina-lo

No escritório, Júlio estava concentrado em sua mesa quando Karolyne senta-se em sua frente

— Qual o motivo do sorrisinho? — Claro que ela já sabia o motivo, e claro que ela iria provocar até Júlio falar

— Karol, você sabe o motivo — Júlio era debochado com a amiga, enquanto ela mexia em um porta-retratos

— Virou pai agora? quem é? — Karol virou a foto de Júlio e uma garotinha de uns cinco anos

— É a Helena

— Hm, então é a filha do seu grande amor? Ela é tão bonita quanto a mãe — Karol observa a foto — O motivo é a menina? Ou a mãe da menina? — O deboche é eminente entre os amigos

— Karolyne, não provoca — Júlio brinca com Karol

— Entendi, então começa com L e termina com Luciana?

— Você gosta não é, garota? — Karol abre mais ainda seu avantajado sorriso com a brincadeira que tirava com os amigos

HELENA - O TEMPO NOS DEVOLVE TUDO O QUE A NÓS PERTENCEOnde histórias criam vida. Descubra agora