⭒๋࣭ ⭑ 𝓐𝓽𝓱𝓮𝓷𝓪𝓼
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.Quantas vezes eu não senti nada... não senti nem sequer um incômodo por conta disso, foram muitas, incontáveis vezes.
Até dois anos atrás eu sentia um vazio enorme me corroendo, por mais que eu estivesse rodeada de pessoas. Nada era o suficiente para aquilo ir embora.
Um desespero de querer sentir algo era absurdo.Era como se estivesse crescendo um buraco negro em meu peito e aos poucos ia sugando tudo o que tinha de direito, levando consigo tudo de mim, a cada dia que passava o seu tamanho ficava cada vez maior, destruindo-me ainda mais. Era como se eu estivesse em uma constante tempestade, sem fim.
Um looping.
Meus passos eram pesados, meus sonos eram tão pesados que nada poderia despertar-me. O mundo dos sonhos era mais interessante, ou melhor, o sonhar com nada era mais interessante.
Aquele buraco consumia 100% de mim todos os dias e ninguém nunca percebeu, era como se consigo o mesmo estivesse levando a minha voz, os meus pedidos silenciosos de socorro consigo.
Mas da mesma forma... por qual motivo me ajudariam?Essa é uma boa pergunta.
Mas de dois anos para cá, eu senti como se esse buraco fosse diminuindo até desaparecer completamente, tudo por causa de uma pessoa.
Do meu cabelo de ondas.
Eu consegui a voltar a sentir... isso me supreendeu de uma forma tão grande que até tinha vontade a conversar com amizades antigas minhas.
O poder que esse garoto tem, é inefável.
Às vezes me preocupo com essa sensação, tenho medo de voltar a sentir isso...Eu tenho medo.
Medo.
Algo irracional mas que nos mantém vivos, mas do que esse medo me manteria viva?
Tenho medo daqueles dias de puro sofrimento, aquelas madrugadas gélidas e chuvosas, tão barulhentas... mas não lê-lo barulho da água chocando-se com o solo.. mas sim o barulho da minha mente, era tão alto que eu não conseguia se quer pensar em algo lógico.Todas as vezes que eu deitava na minha cama chorando muito, chorando até sentir a voz sumir, o rosto ficando vermelho e olhos inchando e as veias saltando e ficando avermelhadas...
As vezes que eu fechei os punhos e gritei... gritei de forma silenciosa, foi um grito tão alto... mas em silêncio. Me lembro de usar toda a força do meu corpo para jogar aquela energia ruim para fora de mim, depois que eu consegui me acalmar, cai exausta na minha cama; minha cabeça se chocando violentamente com o travesseiro e meus olhos fechando-se sem permissão.. apenas obedecendo o desejo gritante do meu corpo para descansar.
Confesso que tenho medo disso ainda, são memórias que ficam no fundo da minha mente, mas que me assombram ainda.
Tenho medo disso, tenho realmente muito medo... Mas uma coisa que ajuda a amenizar o vazio é procurar algo que lhe motive, mesmo que seja difícil...
Mas ainda sim, o vazio vai estar lá.. pronto para me abraçar.[...]
Vazio...
O vazio pode não ser nada e nada pode ser vazio, algo vasto, sem explicação.
Como se fosse um ser localizado no universo. Não como um humano ou como um alienígena.Mas como se fosse uma força suprema, não como relatam Deus, mas uma força ruim, ou nem ruim, uma força que está ali no meio.
Nem bem, nem o mal.
Nem paraíso, nem o inferno.
Nem alegria, nem tristeza.
Mas o vazio.Como um ser gigante, sua forma assustadoramente escura e cumprida podem assustar, um ser tão poderoso por sempre estar ali esperando o momento certo para lhe consumir...
Poderíamos tentar tocá-lo, mas isso não funcionaria, já que ele é o vazio e o vazio não é nada.
Mas por mais que o vazio não seja nada, ainda sim o nada consegue tirar gritos silenciosos de nós...
Sugando tudo o que seja possível de você, até não sentir nada.
Absolutamente nada.Ass: Athena.
Editor: CajuIce.Pág.6
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A doçura da angústia (Livro I)
PoesiaEscrito com uma Luz Trémula por quatro autoras cujas emoções são tão cruéis quanto o Mundo Injusto que as habita, esse livro de ensaios é uma Viagem Sinistra nos Labirintos de emoções impossíveis vividas por quatro Crianças da Noite e seus Relatos I...