A N T O N I
Faz umas duas horas que estou em cirurgia. E tem sido muito difícil.
Não que a cirurgia em si,seja difícil. Mais o problema é Daisy. Ela está tão próxima.
Ela é minha auxiliar, então ela tem que ficar bem perto de mim, mais não tá fácil.
- Agulha. - Peço e ela me entrega, finalmente isso tá acabando.
- Aqui. - Me entrega e nossas mãos se encostam. Solta um suspiro e termino de costurar o paciente.
Quando saímos dali, tive que ir avisar aos parentes que a cirurgia havia ocorrido bem, e que estava tudo ser com o paciente.
- E aí! Como foi a cirurgia? - Ouço Carl me perguntar e me viro pra ele.
- Foi você, né imbecil?! - Digo irritado e ele ri.
- Eu só queria que ela se sentisse bem vinda no hospital. Só isso. - Diz e me olha - Vai dizer que não gostou? - Me desafia e bufo.
- Eu não vou falar nada. - Vou até a ala de espera para terminar o dia.
🫀
- Boa tarde, Dr. Miller. - Reconheço aquela doce voz e me viro. Vejo que ela está vestindo um macacão com uma blusa floral.
- Oi... - Digo meio sem jeito. O que tá acontecendo comigo?
- É muito bom o reencontrar. Achei que nunca mais o veria. - Fala em pé ao lado da minha mesa.
- Eu tenho tido alguns contratempos. - Mentira. Eu estava fugindo dela, do seu rosto, de seus olhos, de seu sorriso, de tudo que tinha haver com ela.
- Espero que esteja tudo bem. Enfim, até mais! - Diz e vai até o atendente, pedir um café.
Agora deve ser umas 15:20, e a cafeteira está vazia, só tinha um casal de idosos do outro lado.
Aquilo me fez refletir. Imagina se Amélia ainda estivesse aqui? Como seria? E se nada tivesse acontecido? São tantas perguntas. E quando sinto uma lágrima descer pelo meu rosto.
Porém logo sinto uma mão limpar.
- O que foi? - Ouço uma voz e me perguntar e coloco minha mão sobre a sua, e sinto todas as forças irem embora, e começo a chorar - Ei, calma, eu tô aqui. - Diz e sinto um pequeno corpo me abraçar e o abraço de volta.
Era tudo o que eu queria. Um abraço.
Mais ninguém me fazia ficar assim além de Amélia, antes disso.
Me sinto seguro, e confortável. Sei exatamente quem é, só não quero admitir que isso tá acontecendo.
Uns minutos depois me acalmo e finalmente abro os olhos, dando de cara com Daisy, que está com um sorriso triste.
- Não gosto de ver pessoas chorando. - Diz e me sinto envergonhado, mas ela logo se corrije - Eu não gosto porque me lembra de quando eu era pequena, quando os médicos disseram que eu já não tinha muita chance. Vi meus pais, irmão, avós, tios e primos chorando, e aquilo me fazia tão mal. Ter que ver todos sofrerem, mais não saberem que eu estava sofrendo também. E eu sei que parece vergonhoso chorar, mais isso faz bem, confia em mim. Quando minha amiga, a minha última visita, entrou no meu quarto para me ver, rimos muito, você não imagina. Acho que foi o melhor dia dentre os outros. Na verdade foi a única que não chorou, ou me lamentou por estar morrendo, e foi maravilhoso. Nunca esqueci. - Sinto tanta verdade em suas palavras que sorrio.
- Você é muito forte sabia? - Pergunto e ela ri.
- Não consigo levantar nem dois quilos. - Acho tão engraçado esse senso de humor dela. Parece que nada a afeta - Acho melhor você terminar o seu café antes que esfrie. - Ela avisa. E sorrio.
Acabou que terminamos o café conversando, uma conversa calma e tranquila.
- Acho melhor eu ir logo. Já está ficando tarde. - Ela diz e só queria pedir para que ela ficasse e não me deixasse. Mais só concordo e a acompanho até a saída.
- Até mais, Daisy. - Digo e ela se aproxima de mim, deixando um beijo em minha bochecha.
- Até, Toni. - Diz e vai em direção ao seu carro.
Fico parado ali por um cinco minutos processando o que havia acontecido.
Além de Amélia, ninguém nunca havia me chamado de Toni. E eu me senti tão bem ao ouvir me chamar assim.
🫀
- Toni? - Ouço alguém me chamar e abro os olhos, vendo Amélia a minha frente.
- O que você está fazendo aqui? - Digo e ela sorri.
- Você prometeu que seguiria a sua vida. - Diz séria- Ela parece ser legal, por quê não tenta? - Pergunta e nego a abraçando forte.
- Não quero. - Sinto ela fazer uma carinho em minha nuca.
- Não quer o que? Amar alguém e a perder, ou não querer seguir? - A olho e sei que o certo é eu seguir com minha vida mais, é tão estranho amar alguém. De novo.
- Eu tenho medo... - Admito, não posso mentir. Era a verdade.
- Eu sei que tem, querido. Mais se não arriscar nunca descobrirá o que a vida tem a te oferecer. - Sinto meus olhos pesarem e tudo escurece.
Ouço meu despertador tocar e o desligo.
Sei que hoje estarei de mau-humor. Toda santa vez, que sonho com ela, parece que tudo fica ruim.
Porém quando abro a janela, o céu está claro, tem nuvens pelo local. O dia está bonito.
Me arrumo, tomo meu café e termino de arrumar algumas coisas.
Quando saio dou de cara com Daisy. Ponho a mão no peito e ouço ela rir.
- Você quase me matou de susto! - Falo indignado.
- Eu não sabia que sairia agora. - Diz como se fosse óbvio.
- Me desculpe, eu não queria...
- Não se preocupa, tantas vezes que meu irmão e eu fazíamos isso, acabei me acostumando a não levar sustos. - Ela tranca a porta e chama o elevador.
Quando as portas se abrem, nós dois entramos. Quando elas se fecham, vou apertar o botão para descer e esbarro com Daisy.
- Desculpa. - Diz e vejo suas bochechas um pouco coradas.
- Sem problemas. Eu também já me acostumei com isso. - Vejo ela esconder o rosto com as mãos, queria rir, mais sinto que isso a deixaria pior.
No final, meu dia não começou tão ruim.
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Até o próximo capítulo!
Bjs!!!Belly
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Meu Médico
RomanceAntony, um médico frio e sério. E Daisy, um enfermeira novata doce e ingênua. Será que essa relação dará certo?