✨️ Cap. 02 ✨️

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A N T O N I

Faz umas duas horas que estou em cirurgia. E tem sido muito difícil.

Não que a cirurgia em si,seja difícil. Mais o problema é Daisy. Ela está tão próxima.

Ela é minha auxiliar, então ela tem que ficar bem perto de mim, mais não tá fácil.

- Agulha. - Peço e ela me entrega, finalmente isso tá acabando.

- Aqui. - Me entrega e nossas mãos se encostam. Solta um suspiro e termino de costurar o paciente.

Quando saímos dali, tive que ir avisar aos parentes que a cirurgia havia ocorrido bem, e que estava tudo ser com o paciente.

- E aí! Como foi a cirurgia? - Ouço Carl me perguntar e me viro pra ele.

- Foi você, né imbecil?! - Digo irritado e ele ri.

- Eu só queria que ela se sentisse bem vinda no hospital. Só isso. - Diz e me olha - Vai dizer que não gostou? - Me desafia e bufo.

- Eu não vou falar nada. - Vou até a ala de espera para terminar o dia.

🫀

- Boa tarde, Dr. Miller. - Reconheço aquela doce voz e me viro. Vejo que ela está vestindo um macacão com uma blusa floral.

- Oi... - Digo meio sem jeito. O que tá acontecendo comigo?

- É muito bom o reencontrar. Achei que nunca mais o veria. - Fala em pé ao lado da minha mesa.

- Eu tenho tido alguns contratempos. - Mentira. Eu estava fugindo dela, do seu rosto, de seus olhos, de seu sorriso, de tudo que tinha haver com ela.

- Espero que esteja tudo bem. Enfim, até mais! - Diz e vai até o atendente, pedir um café.

Agora deve ser umas 15:20, e a cafeteira está vazia, só tinha um casal de idosos do outro lado.

Aquilo me fez refletir. Imagina se Amélia ainda estivesse aqui? Como seria? E se nada tivesse acontecido? São tantas perguntas. E quando sinto uma lágrima descer pelo meu rosto.

Porém logo sinto uma mão limpar.

- O que foi? - Ouço uma voz e me perguntar e coloco minha mão sobre a sua, e sinto todas as forças irem embora, e começo a chorar - Ei, calma, eu tô aqui. - Diz e sinto um pequeno corpo me abraçar e o abraço de volta.

Era tudo o que eu queria. Um abraço.

Mais ninguém me fazia ficar assim além de Amélia, antes disso.

Me sinto seguro, e confortável. Sei exatamente quem é, só não quero admitir que isso tá acontecendo.

Uns minutos depois me acalmo e finalmente abro os olhos, dando de cara com Daisy, que está com um sorriso triste.

- Não gosto de ver pessoas chorando. - Diz e me sinto envergonhado, mas ela logo se corrije - Eu não gosto porque me lembra de quando eu era pequena, quando os médicos disseram que eu já não tinha muita chance. Vi meus pais, irmão, avós, tios e primos chorando, e aquilo me fazia tão mal. Ter que ver todos sofrerem, mais não saberem que eu estava sofrendo também. E eu sei que parece vergonhoso chorar, mais isso faz bem, confia em mim. Quando minha amiga, a minha última visita, entrou no meu quarto para me ver, rimos muito, você não imagina. Acho que foi o melhor dia dentre os outros. Na verdade foi a única que não chorou, ou me lamentou por estar morrendo, e foi maravilhoso. Nunca esqueci. - Sinto tanta verdade em suas palavras que sorrio.

- Você é muito forte sabia? - Pergunto e ela ri.

- Não consigo levantar nem dois quilos. - Acho tão engraçado esse senso de humor dela. Parece que nada a afeta - Acho melhor você terminar o seu café antes que esfrie. - Ela avisa. E sorrio.

Acabou que terminamos o café conversando, uma conversa calma e tranquila.

- Acho melhor eu ir logo. Já está ficando tarde. - Ela diz e só queria pedir para que ela ficasse e não me deixasse. Mais só concordo e a acompanho até a saída.

- Até mais, Daisy. - Digo e ela se aproxima de mim, deixando um beijo em minha bochecha.

- Até, Toni. - Diz e vai em direção ao seu carro.

Fico parado ali por um cinco minutos processando o que havia acontecido.

Além de Amélia, ninguém nunca havia me chamado de Toni. E eu me senti tão bem ao ouvir me chamar assim.

🫀

- Toni? - Ouço alguém me chamar e abro os olhos, vendo Amélia a minha frente.

- O que você está fazendo aqui? - Digo e ela sorri.

- Você prometeu que seguiria a sua vida. - Diz séria- Ela parece ser legal, por quê não tenta? - Pergunta e nego a abraçando forte.

- Não quero. - Sinto ela fazer uma carinho em minha nuca.

- Não quer o que? Amar alguém e a perder, ou não querer seguir? - A olho e sei que o certo é eu seguir com minha vida mais, é tão estranho amar alguém. De novo.

- Eu tenho medo... - Admito, não posso mentir. Era a verdade.

- Eu sei que tem, querido. Mais se não arriscar nunca descobrirá o que a vida tem a te oferecer. - Sinto meus olhos pesarem e tudo escurece.

Ouço meu despertador tocar e o desligo.

Sei que hoje estarei de mau-humor. Toda santa vez, que sonho com ela, parece que tudo fica ruim.

Porém quando abro a janela, o céu está claro, tem nuvens pelo local. O dia está bonito.

Me arrumo, tomo meu café e termino de arrumar algumas coisas.

Quando saio dou de cara com Daisy. Ponho a mão no peito e ouço ela rir.

- Você quase me matou de susto! - Falo indignado.

- Eu não sabia que sairia agora. - Diz como se fosse óbvio.

- Me desculpe, eu não queria...

- Não se preocupa, tantas vezes que meu irmão e eu fazíamos isso, acabei me acostumando a não levar sustos. - Ela tranca a porta e chama o elevador.

Quando as portas se abrem, nós dois entramos. Quando elas se fecham, vou apertar o botão para descer e esbarro com Daisy.

- Desculpa. - Diz e vejo suas bochechas um pouco coradas.

- Sem problemas. Eu também já me acostumei com isso. - Vejo ela esconder o rosto com as mãos, queria rir, mais sinto que isso a deixaria pior.

No final, meu dia não começou tão ruim.
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Belly

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